Juiz torna Marcelo Odebrecht réu por corrupção e lavagem de dinheiro
Marcelo Bahia Odebrecht |
O juiz da 13ª Vara da Justiça Federal do Paraná, Sergio Moro, acolheu a
denúncia contra o presidente da Odebrecht, Marcelo Bahia Odebrecht, e
ex-executivos do grupo por participação em um esquema de corrupção em
grandes obras da Petrobras mediante pagamento de suborno a dirigentes da
estatal.
Ao todo, todas as 13 pessoas denunciadas pelo Ministério Público Federal
passam a responder criminalmente por corrupção e lavagem de dinheiro.
Segundo a denúncia, os crimes envolveram contratos de R$ 13,1 bilhões em
obras de refinarias no Paraná e Pernambuco, no Complexo Petroquímico do
Rio (Comperj), na sede da estatal em Vitória (ES).
Outro foco de corrupção, segundo a Procuradoria, foi o contrato firmado
pela Petrobras para vender, a preços abaixo do valor de mercado, nafta
(principal matéria-prima para a indústria de plástico) à Braskem,
petroquímica do grupo Odebrecht.
Marcelo Odebrecht e os executivos Rogério Araújo, Márcio Faria, César
Rocha e Alexandrino Alencar estão presos desde o dia 19 de junho. Na
semana passada, Sergio Moro deferiu um novo pedido de prisão preventiva
contra o presidente do grupo.
Embora a denúncia afirme que licitações foram supostamente montadas e
dirigidas para favorecer o conglomerado, a ação penal vai discutir
unicamente acusações de pagamentos ilegais a servidores da estatal e em
atos de lavagem de dinheiro. Formação de cartel e fraude em licitações
devem ser objeto de outra denúncia.
Segundo a denúncia, a Odebrecht realizou pagamentos, por meio de
empresas offshores, em contas secretas dos ex-diretores Paulo Roberto
Costa e Renato Duque e do ex-gerente de Serviços Pedro Barusco na Suíça.
As provas da ligação da Odebrecht com os depósitos no exterior, segundo a
Procuradoria, vieram de uma investigação das autoridades suíças que
quebrou os sigilos bancários das contas e identificou ao menos oito
offshores – cinco delas tendo a própria Odebrecht como controladora -
por onde circularam US$ 316 milhões (R$ 1,05 bilhão) entre os anos de
2006 e 2014.
Deste volume, US$ 16,4 milhões (R$ 55,1 milhões) foram parar nas contas
de Costa, Duque e Barusco na Suíça. A documentação suíça, que aponta o
caminho do dinheiro, foi considerada "muito significativa" pelo juiz
Moro.
"Em especial, a documentação vinda da Suíça, com, em cognição sumária, a
prova material do fluxo de contas controladas pela Odebrecht a
dirigentes da Petrobrás, é um elemento probatório muito significativo",
escreveu o juiz Moro, no despacho de aceitação da denúncia.
Também houve pagamentos no Brasil, segundo a acusação, por meio do
doleiro Alberto Youssef. No caso da sede da Petrobras em Vitória,
erguida pela Odebrecht, propina foi paga ao gerente da Petrobras Celso
Araripe através da contratação de empresas de fachada pela empreiteira.
DEVOLUÇÃO
A 3ª Vara Federal do Rio de Janeiro aceitou pedido do Ministério Público
Federal para devolver à Petrobras R$ 69,5 milhões repatriados das
contas do ex-gerente Pedro Barusco na Suíça. Isso equivale a 80% do
total do dinheiro bloqueado em suas contas no exterior e cuja devolução
foi acertada no acordo de delação premiada.
A entrega do dinheiro será realizada na próxima sexta-feira (31.jul.2015) em cerimônia na sede da Petrobras, no Rio.
OUTRO LADO
Por meio de nota, a defesa de Marcelo Odebrecht e de ex-executivos da
companhia disse que vai discutir os termos da acusação do Ministério
Público Federal na Justiça.
"O recebimento da denúncia pela Justiça representa o marco zero do
trabalho das defesas. Com isso, as manifestações das defesas se darão
nos autos dos processos", diz a nota.
Na semana passada, quando a denúncia foi formulada, a Odebrecht havia
dito que os executivos ligado ao grupo vêm sendo prejulgados.
De acordo com a empreiteira, as provas colhidas não demonstram o vínculo
entre os diretores e contas que teriam sido usadas para o pagamento de
propina.
A advogada Fernanda Telles, que defende Bernardo Freiburghaus, disse que
ele jamais atuou como intermediador de propinas e nunca teve poderes
para abrir contas no exterior, aceitar depósitos ou fazer
transferências.
Sobre a obra da sede da estatal em Vitória, a reportagem não conseguiu
localizar e falar com o defensor de Celso Araripe, gerente da Petrobras
acusado de receber suborno. Já a defesa de Eduardo de Oliveira Freitas
Filho, apontado como intermediário do pagamento da propina, afirmou que
ele vai demonstrar, no curso do processo, que ele é inocente.
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