Petrobras confirma irregularidades em contrato com a Braskem
A Petrobras confirmou, em nota enviada à Comissão de Valores Mobiliários
(CVM), irregularidades nas negociações do contrato de fornecimento de
nafta à Braskem, assinado em 2009. Segundo a companhia, a aprovação do
documento não seguiu os procedimentos internos necessários.
O contrato foi assinado pelo ex-diretor de abastecimento da estatal,
Paulo Roberto Costa, que admitiu aos investigadores da Operação Lava
Jato ter recebido pagamentos indevidos da construtora Odebrecht,
controladora da petroquímica.
Segundo o comunicado da Petrobras, uma comissão interna de apuração,
instalada após as delações premiadas de Costa e do doleiro Alberto
Youssef, "identificou não-conformidades em relação aos procedimentos
internos de aprovação do contrato de fornecimento de nafta petroquímica à
Braskem".
A empresa não detalhou que tipo de irregularidades foram constatadas. O
contrato previa o fornecimento de nafta com desconto sobre a cotação ARA
(Amsterda-Roterda-Antuérpia), usada como referência de preços na
Europa.
A nafta é usada como matéria-prima na produção de plásticos. Em nota, a
Braskem negou que tenha sido favorecida pelo contrato, alegando que a
cotação ARA é uma das mais caras do mundo.
A Petrobras afirmou que "adotou as medidas administrativas cabíveis e
enviou o relatório final da Comissão Interna para o Ministério Público
Federal e Departamento de Polícia Federal da Superintendência Regional
do Paraná, a fim de que sejam aprofundadas as investigações pelas
autoridades responsáveis".
A empresa reforçou que está tomando outras providências com relação ao
caso e que vem colaborando com as investigações, fornecendo documentos e
esclarecimentos necessários.
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BRASKEM QUESTIONA INFORMAÇÕES
Segundo a Braskem, em fato relevante à CVM, a notícia (sobre a
irregularidade no contrato) "foi feita com base num relatório interno da
Petrobras, elaborado por uma comissão formada exclusivamente por
funcionários da própria Petrobras, e no qual a Braskem não teve qualquer
participação".
Além disso, a petroquímica diz acreditar que a divulgação do relatório
interno da Petrobras "não produz os efeitos previstos no artigo 2º da
Instrução CVM 358/02, razão pela qual tal notícia não foi objeto de
outro Fato Relevante".
Já em comunicado à imprensa, a Braskem destacou que a comissão interna
da Petrobras concluiu, literalmente, que “não foi possível, a esta
comissão, identificar o prejuízo financeiro causado à Petrobras”, o que,
na visão da petroquímica, significa dizer que a estatal não sabe se
houve prejuízo. A Braskem destaca, por fim, que não pode "opinar sobre
eventuais falhas de governança" da Petrobras.
Ao mesmo tempo, a Braskem informa que sempre conduziu suas negociações
com fornecedores de forma transparente. E reafirma que os preços da
nafta cobrados pela Petrobras nunca a favoreceram, estando atrelados às
referências internacionais "mais caras do mundo com efeito negativo para
a Braskem e para a competitividade de toda a indústria petroquímica
brasileira, como confirmam os dados do setor."
PS: Segundo uma
fonte próxima à estatal, no contrato foi fixada uma fórmula de reajuste
de preços para a nafta. Entretanto, a cada período de negociação entre
as partes, a Braskem não aceitava os valores propostos. O assunto
acabava sendo encaminhado até a esfera do governo federal e prevalecia a
posição defendida pela petroquímica.
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