sexta-feira, 10 de julho de 2015


Para biógrafo, fala do Papa é a mais dura em teor social

O papa (de capacete) e Evo Morales cumprimentam representantes indígenas 
no evento em Santa Cruz de la Sierra

Biógrafo do papa, o jornalista argentino Sergio Rubin disse que o discurso proferido por Francisco em Santa Cruz de la Sierra "foi o mais duro socialmente do seu pontificado".
"Ele expressou o seu pensamento com muita crueza", declarou Rubin.
O autor do livro "O Jesuíta", publicado quando Jorge Mario Bergoglio ainda era arcebispo de Buenos Aires, ressalvou, no entanto, que a sua linha de pensamento não mudou desde sua época trabalhando na capital uruguaia.
"Ele trabalhou muito nas favelas, com os catadores de papel. Todo ano fazia uma missa menos favorecida. Claro que, como papa, o que faz agora adquire outra dimensão", afirmou. Os catadores receberam menção especial no discurso aos movimentos sociais na quinta-feira (09.jul.2015).
"[O papa] não mudou nada de seu pensamento. A novidade é que se tornou muito mais minucioso, articulado", afirmou o biógrafo.
O pronunciamento do papa a uma plateia de movimentos sociais, que durou uma hora, foi antecedido por um discurso de 55 minutos do presidente Evo Morales.
Representante da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil que acompanhou a visita do papa à Bolívia, dom Guilherme Werlang considerou o discurso um dos mais fortes do pontificado de Francisco, mas condizente com o que ele defende desde a época de Buenos Aires.
"Ele é enfático, tem convicções profundas e sabe o peso da palavra", afirmou.
Questionado sobre eventuais discordâncias entre os bispos brasileiros sobre o papa, Werlang, que é presidente da Comissão de Caridade, Justiça e Paz da CNBB, afirmou: "Evidentemente, nem todo mundo gosta de posições muito claras. Mas ele deve dizer a verdade – afinal, Jesus Cristo já disse: 'Só a verdade vos libertará'."
Para o líder do Movimento Sem Terra e um dos coordenadores do encontro, João Pedro Stedile, o discurso foi "irretocável". "Ele fez uma análise dos problemas que a humanidade enfrenta, as suas causas, fez uma denúncia contundente do capital financeiro e das grandes multinacionais, que só organizam a vida econômica para o lucro, e apontou saídas."


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