quinta-feira, 30 de julho de 2015


Dilma cogitou pôr Almirante — preso na Operação Radioatividade — na Casa Civil

Responsável pela escolha do almirante Othon Pereira da Silva para presidir a Eletronuclear, em 2005, quando era ministra de Minas e Energia do governo Lula, a presidente Dilma cogitou fortemente nomeá-lo para o cargo de ministro-chefe da Casa Civil quando a titular, Gleisi Hoffmann, pediu demissão para se candidatar ao governo do Paraná. Na último momento, ela trocou Othon por Aloizio Mercadante.
Dilma e o almirante Othon se admiram. Têm em comum a forma rude de tratar subordinados. Essa característica os aproximou ainda mais.
Othon foi preso na 16ª fase da Operação Lava Jato, batizada de Radioatividade, por receber R$ 4,5 milhões em propina de empreiteiras das obras da usina de Angra 3.
A Lava Jato avança definitivamente na corrupção da área de energia elétrica do governo, a favorita de Dilma, daí a alta a tensão no Planalto.
O almirante Othon tinha outro admirador: o ex-presidente Itamar Franco o condecorou com a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico.

O diretor-presidente afastado da Eletronuclear, Othon Luiz Pinheiro Silva

CARREIRA
Othon fez sua carreira na Marinha, onde se formou como oficial em 1960. Quando se aposentou, em 1994, era vice-almirante do Corpo de Engenheiros e Técnicos Navais, o mais alto posto da carreira naval para oficiais engenheiros.
Dirigiu o Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo até 1994, quando se aposentou e abriu uma empresa de consultoria para trabalhar em projetos na área de energia.
Assumiu em 2005 o comando da Eletronuclear, subsidiária da Eletrobras, durante o primeiro governo Lula. Conduziu as negociações que permitiram retomar as obras da usina de Angra 3 em 2009.
Pediu o afastamento da estatal em abril deste ano, após virem à tona notícias de que teria recebido propina nas obras da usina nuclear — ele foi acusado pelo ex-presidente da Camargo Corrêa Dalton Avancini no acordo de delação premiada firmado pelo empreiteiro no âmbito da Lava Jato.
Othon nega ter recebido pagamentos indevidos.

CONTA SECRETA
Presidente da Eletronuclear controlou conta secreta de programa nos anos 80
Em 1986, reportagem revelou que a CNEN (Comissão Nacional de Energia Nuclear), autarquia subordinada à Presidência da República, mantinha contas secretas pelas quais circulava verba que era aplicada em programas nucleares paralelos.
Uma dessas contas era a "Delta Quatro", aberta em 1983 e controlada pelo presidente licenciado da Eletronuclear Othon Luiz Pinheiro da Silva, preso na terça-feira (28.jul.2015) pela Operação Lava Jato sob suspeita de ter recebido R$ 4,5 milhões em propina entre 2009 e 2014.
À época da abertura da conta, Othon era presidente da Comissão de Projetos Especiais da Marinha, encarregada da pesquisa e construção de um reator nuclear para o primeiro submarino atômico brasileiro. Além dele, também controlava a "Delta Quatro" o então diretor do CNEN Marcos Honaiser.
Othon é considerado personagem-chave da história do programa nuclear brasileiro. O programa secreto da Marinha que ele liderou nas décadas de 70 e 80 levou ao desenvolvimento das centrífugas de enriquecimento de urânio que hoje produzem parte do combustível das usinas nucleares de Angra dos Reis.
O projeto foi tratado como segredo de Estado durante a ditadura militar (1964-1985) e seus detalhes só começaram a vir a público após a redemocratização do país, em 1985.
O inquérito para apurar irregularidades nas contas secretas foi arquivado pelo Supremo Tribunal Federal em 1988, a pedido do então procurador-geral da República, Sepúlveda Pertence.

Almirante Othon Pinheiro da Silva (de boné) é conduzido pela Polícia Federal


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