Dilma cogitou pôr Almirante — preso na Operação Radioatividade — na Casa Civil
Responsável pela escolha do almirante Othon Pereira da Silva para
presidir a Eletronuclear, em 2005, quando era ministra de Minas e
Energia do governo Lula, a presidente Dilma cogitou fortemente nomeá-lo
para o cargo de ministro-chefe da Casa Civil quando a titular, Gleisi
Hoffmann, pediu demissão para se candidatar ao governo do Paraná. Na
último momento, ela trocou Othon por Aloizio Mercadante.
Dilma e o almirante Othon se admiram. Têm em comum a forma rude de
tratar subordinados. Essa característica os aproximou ainda mais.
Othon foi preso na 16ª fase da Operação Lava Jato, batizada de
Radioatividade, por receber R$ 4,5 milhões em propina de empreiteiras
das obras da usina de Angra 3.
A Lava Jato avança definitivamente na corrupção da área de energia
elétrica do governo, a favorita de Dilma, daí a alta a tensão no
Planalto.
O almirante Othon tinha outro admirador: o ex-presidente Itamar Franco o
condecorou com a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico.
O diretor-presidente afastado da Eletronuclear, Othon Luiz Pinheiro Silva |
CARREIRA
Othon fez sua carreira na Marinha, onde se formou como oficial em 1960.
Quando se aposentou, em 1994, era vice-almirante do Corpo de Engenheiros
e Técnicos Navais, o mais alto posto da carreira naval para oficiais
engenheiros.
Dirigiu o Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo até 1994, quando se
aposentou e abriu uma empresa de consultoria para trabalhar em projetos
na área de energia.
Assumiu em 2005 o comando da Eletronuclear, subsidiária da Eletrobras,
durante o primeiro governo Lula. Conduziu as negociações que permitiram
retomar as obras da usina de Angra 3 em 2009.
Pediu o afastamento da estatal em abril deste ano, após virem à tona
notícias de que teria recebido propina nas obras da usina nuclear — ele
foi acusado pelo ex-presidente da Camargo Corrêa Dalton Avancini no
acordo de delação premiada firmado pelo empreiteiro no âmbito da Lava
Jato.
Othon nega ter recebido pagamentos indevidos.
CONTA SECRETA
Presidente da Eletronuclear controlou conta secreta de programa nos anos 80
Em 1986, reportagem revelou que a CNEN (Comissão Nacional de Energia
Nuclear), autarquia subordinada à Presidência da República, mantinha
contas secretas pelas quais circulava verba que era aplicada em
programas nucleares paralelos.
Uma dessas contas era a "Delta Quatro", aberta em 1983 e controlada pelo
presidente licenciado da Eletronuclear Othon Luiz Pinheiro da Silva,
preso na terça-feira (28.jul.2015) pela Operação Lava Jato sob suspeita
de ter recebido R$ 4,5 milhões em propina entre 2009 e 2014.
À época da abertura da conta, Othon era presidente da Comissão de
Projetos Especiais da Marinha, encarregada da pesquisa e construção de
um reator nuclear para o primeiro submarino atômico brasileiro. Além
dele, também controlava a "Delta Quatro" o então diretor do CNEN Marcos
Honaiser.
Othon é considerado personagem-chave da história do programa nuclear
brasileiro. O programa secreto da Marinha que ele liderou nas décadas de
70 e 80 levou ao desenvolvimento das centrífugas de enriquecimento de
urânio que hoje produzem parte do combustível das usinas nucleares de
Angra dos Reis.
O projeto foi tratado como segredo de Estado durante a ditadura militar
(1964-1985) e seus detalhes só começaram a vir a público após a
redemocratização do país, em 1985.
O inquérito para apurar irregularidades nas contas secretas foi
arquivado pelo Supremo Tribunal Federal em 1988, a pedido do então
procurador-geral da República, Sepúlveda Pertence.
Almirante Othon Pinheiro da Silva (de boné) é conduzido pela Polícia Federal |
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