Brasil fecha 345,4 mil vagas com carteira assinada no 1º semestre
Mercado de trabalho formal fechou 111
mil vagas em junho, o pior resultado para o mês desde o início da série
histórica, em 1992.
Segundo especialistas, a situação deve piorar e o País pode registrar perda de 1 milhão de empregos em 2015.
Segundo especialistas, a situação deve piorar e o País pode registrar perda de 1 milhão de empregos em 2015.
O mercado de trabalho formal no Brasil fechou 111 mil vagas no mês de
junho, informou o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). O resultado do
Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) é o pior para o
mês da série histórica, iniciada em 1992. No semestre, o País fechou 345
mil vagas, o pior resultado desde 2002.
A última vez que o mês de junho apresentou saldo negativo foi também em
1992, há 23 anos, quando foram fechados 3,7 mil postos. Desde então, o
mês é tradicionalmente marcado por um número maior de contratações do
que de demissões. No mesmo mês do ano passado, por exemplo, o saldo foi a
abertura de 25 mil vagas.
O número ruim de junho teve forte influência da indústria de
transformação, que apresentou saldo negativo de 64 mil postos de
trabalho. O setor teve retração no emprego em todas as áreas, sem
exceção, com destaque para as indústrias metalúrgica, mecânica, de
materiais, de transporte e têxtil.
O setor de serviços foi o segundo que mais fechou vagas no mês passado,
com menos 39 mil empregos, seguido pelo comércio, que fechou 25,6 mil
vagas, e pela construção civil, que teve resultado negativo em 24 mil
postos formais de trabalho. O resultado para o mês só não foi pior,
porque a agricultura registrou um saldo positivo de 44,6 mil novas
vagas.
Deterioração
Na avaliação do economista-chefe da Sulamérica Investimentos, Newton
Camargo Rosa, a deterioração progressiva do mercado de trabalho vai se
prolongar. “A economia está passando por um ajuste significativo, fruto
dos erros cometidos na política econômica num passado recente”, afirmou.
“Não vejo o mercado de trabalho se recuperando tão rápido”, completou.
O professor da Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP) e sócio da
Macrosector Consultores, Antônio Correia de Lacerda, prevê que o número
de trabalhadores sem emprego em 2015 deverá atingir a marca de 1 milhão
de pessoas. Para ele, o quadro de desemprego em aceleração só deverá
começar a se reverter no fim de 2016. O emprego e a renda estão ligados à
atividade econômica, disse Lacerda, e o Produto Interno Bruto (PIB)
deverá cair 2% neste ano.
Os dados divulgados pelo Ministério do Trabalho também mostram que, pela
primeira vez desde 2003, quando se iniciou o governo do PT, os salários
médios dos trabalhadores no momento da admissão apresentaram queda real
no primeiro semestre. A média para os primeiros seis meses do ano caiu
de R$ 1.271,10 por trabalhador em 2014 para R$ 1.250,39 neste ano.
São Paulo
No mês passado, o Estado de São Paulo fechou 52,3 mil postos de trabalho
com carteira assinada. O número é quase quatro vezes maior que o
apresentado pelo Rio Grande do Sul, que encerrou 14 mil vagas,
respondendo pelo segundo pior dado do País.
No mês passado, apenas seis Estados contrataram mais do que demitiram. O
destaque positivo ficou com Minas Gerais, que criou 9,7 mil novas
vagas.
Juros
A aposta da economista-chefe da ARX Investimentos, Solange Srour, é a de
que, com o aumento do desemprego no País, o Banco Central pode ficar
“mais propenso” a encerrar o atual ciclo de alta de juros.
Segundo ela, essa probabilidade aumentou porque o resultado do Caged do
mês passado reforça a indicação que a autoridade monetária tem dado de
que a deterioração do mercado de trabalho está antecipada e maior do que
o esperado.
A taxa básica de juros está em 13,75% ao ano, após uma alta de 0,5 ponto
porcentual na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).
“O BC está mais propenso a elevar mais um vez os juros em 0,25 ponto
porcentual em julho e, muito provavelmente, parar”, disse Solange. “A
não ser que tenhamos uma surpresa muito negativa na inflação”, ponderou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário