sexta-feira, 2 de outubro de 2015


Troca de e-mails sugere que Andrade Gutierrez buscou apoio de Lula para atuar na Venezuela
E-mails de executivos da cúpula da Andrade Gutierrez revelam que grupo buscou apoio do petista para intervir em negócios na Venezuela — executivo diz que 'nosso ponto focal de apoio tem que ser o ex-presidente Lula'

E-mails de executivos da cúpula da Andrade Gutierrez, apreendidos na sede da empresa, agora juntados aos autos da Operação Lava Jato, revelam que o grupo buscou apoio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para intervir em negócios na Venezuela.
Às 12 horas e 13 minutos do dia 20 de março de 2014, Sérgio Lins Andrade, dono da Andrade Gutierrez, escreveu para Otávio Marques de Azevedo, presidente da companhia, e a outros executivos da AG. “Isto pode complicar a situação dos contratos lá. Abs”, referindo-se a uma reportagem de jornal que indicava disposição da presidente Dilma Rousseff (PT) em se ‘distanciar’ da Venezuela.
Em resposta, ao e-mail de Sérgio Andrade, o executivo Flávio Gomes Machado Filho escreveu às 12 horas e 24 minutos, citando o presidente da Venezuela Nicolás Maduro. “Temos que tomar todos os cuidados. O Presidente Maduro já está incomodado com essa postura dela há algum tempo. O nosso ponto focal de apoio tem que ser o ex-presidente Lula. O Presidente Maduro reconhece como um grande amigo pessoal e um grande amigo da Venezuela.”
Quatro minutos depois, Flávio Gomes Machado Filho acrescentou. “Estou marcando um encontro com o Presidente Lula na próxima semana em São Paulo para discutir com ele a situação da Venezuela e uma estratégia de apoio. Abs, Flavio.”


Segundo Otávio Marques de Azevedo, em depoimento à Polícia Federal, em 19 de maio deste ano, Flávio Gomes Machado Filho foi diretor de Relações Institucionais da Andrade Gutierrez entre 2004 a 2012.
O presidente do grupo, Otávio Marques de Azevedo, está preso desde 19 de junho, quando foi deflagrada a Operação Erga Omnes, 14ª etapa da Lava Jato.

COM A PALAVRA
— A ANDRADE GUTIERREZ — informou que não vai comentar.
— O INSTITUTO LULA:
O ex-presidente Lula sempre atuou legitimamente em defesa do Brasil e das empresas brasileiras nos mercados internacionais, e continuará exercendo esse papel, sempre que possível, como fazem ex-governantes responsáveis de diversos países. O ex-presidente não faz e nunca fez lobby ou consultoria. A lista das empresas que contrataram palestras do ex-presidente, por meio da empresa LILS, está publicada pelo Instituto Lula neste endereço: http://www.institutolula.org/as-palestras-de-lula-a-violacao-de-sigilo-bancario-do-ex-presidente-foi-um-ato-criminoso. Outras informações sobre as palestras foram prestadas espontaneamente ao Ministério Público, para esclarecer os fatos e desafazer ilações indevidas em Notícia de Fato protocolada na Procuradoria da República no Distrito Federal. O Instituto Lula não comenta vazamentos seletivos de procedimentos judiciais nem documentos supostamente oficiais extraídos de seu contexto.

Assessoria de Imprensa do Instituto Lula


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