segunda-feira, 12 de outubro de 2015


Chute na imagem da padroeira do Brasil choca país e é reprovado por religiosos
Em 1995, agressão de Sérgio Von Helde à Nossa Senhora Aparecida foi condenada até pelo ‘bispo’ Edir Macedo. Pastor rompeu com Igreja Universal e aderiu a outra denominação

No dia 12 de outubro de 1995, dia consagrado à Nossa Senhora Aparecida, o pastor Sérgio Von Helde, da Igreja Universal do Reino de Deus, chocou o país ao chutar uma imagem da padroeira do Brasil no programa “Despertar da fé”, na TV Record. Von Helde dizia que “era um erro o povo brasileiro depositar suas esperanças em santos, ídolos ou imagens, porque, segundo a Bíblia, tais ídolos não têm poder algum”. Em seguida, passou a dar chutes na imagem afirmando que se tratava de um “pedaço de gesso”.

Agressão. Pastor evangélico Sérgio Von Helde chuta imagem de Nossa Senhora Aparecida
em programa de TV

A repercussão foi imensa. A cena foi retransmitida por outras emissoras, e líderes de várias religiões condenaram a atitude de Von Helde. Na época, o presidente Fernando Henrique Cardoso criticou o ato. “O Brasil é um país democrático, conhecido pela tolerância religiosa, e sua força está exatamente na capacidade de convivência com a diversidade. Qualquer manifestação de intolerância fere esse espírito de convivência e, também, o espírito cristão”, afirmou.
Inicialmente, Von Helde teve o apoio da Igreja Universal, mas as manifestações contrárias, os ataques da população a templos da igreja e a abertura de um processo criminal por desrespeito a objeto de culto religioso levaram Edir Macedo, líder da Universal, a se desculpar com os católicos. Em pronunciamento de cinco minutos na Rede Record, falando do exterior por telefone e com uma fotografia exibida na tela, Macedo pediu desculpas aos católicos e censurou duramente a atitude de Von Helde.
A repercussão negativa fez com que Sérgio Von Helde deixasse o país, levando-o a viver na África do Sul, no México, na Colômbia, na Venezuela e nos Estados Unidos. O pastor foi condenado em 1997 a dois anos e dois meses de prisão, por discriminação e vilipêndio à imagem. Foi a primeira condenação no Brasil por discriminação religiosa. Na época, ele morava nos Estados Unidos e recorreu da sentença, afirmando que não havia chutado a santa, apenas teria colocado o pé na imagem para provar que era de gesso.. Em 1999, o Tribunal de Justiça de São Paulo confirmou a sentença e condenou Von Helde a dois anos de prisão por incitação à discriminação e ao preconceito religioso. No entanto, concordou em suspender por dois anos a aplicação da pena e anulou a condenação por vilipêndio de imagem religiosa. Segundo os juízes, o prazo para a condenação por vilipêndio tinha acabado.
Durante o período no exterior, o pastor rompeu com a Igreja Universal e tornou-se membro da Igreja da Restauração, fundada nos EUA. Von Helde retornou em 2014, com a missão de ser o líder da nova igreja no Brasil. No mesmo ano lançou o livro “Um chute na idolatria”, no qual faz duras críticas à Igreja Católica e contesta dogmas como a existência do purgatório, a ideia de que todos são filhos de Deus, o descanso após a morte e a salvação dos hereges.


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