Alta do dólar será novo vilão das contas de luz
Impacto do aumento da moeda americana na energia da usina de Itaipu pode representar reajustes entre 3,7% e 9,5% na tarifas
A escalada do dólar deve ser o novo vilão da conta de luz dos
brasileiros. Além dos efeitos da estiagem, que neste ano representaram
aumentos superiores a 50%, agora é a moeda americana que vai pressionar
os próximos reajustes tarifários das distribuidoras do Sul, Sudeste e
Centro-Oeste. A explicação está na cota que cada empresa tem de energia
da Hidrelétrica de Itaipu, calculada em dólar.
Cálculos feitos pela comercializadora Comerc mostram que apenas o
impacto da moeda americana na fatia de energia da usina binacional pode
representar aumentos entre 3,7% e 9,5% na conta de luz. As maiores
altas, segundo a Comerc, devem ocorrer naquelas distribuidoras que ainda
não tiveram reajuste neste ano, como é o caso de Bandeirante (o dólar
poderá representar 8,8% do reajuste), CPFL Piratininga (a parcela do
reajuste devido a alta do dólar poderá chegar a 9,5%) e Light (o
reflexo no aumento poderá chegar a 8,4%) — os valores ainda estão em
fase de avaliação pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). No
reajuste extraordinário, ocorrido em janeiro, quando o governo repassou
para a tarifa parte das oscilações do câmbio, o dólar estava na casa de
R$ 2,80. Nas últimas semanas oscilou entre R$ 3,70 e R$ 4,22.
“Essa é a previsão de aumento fora a inflação medida pelo IPCA (Índice
de Preços ao Consumidor Amplo)”, diz o presidente da Comerc, Cristopher
Vlavianos.
O presidente da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia
Elétrica (Abradee), Nelson Fonseca, explica que as empresas sentem o
impacto do aumento do dólar simultaneamente, mas só podem repassar para o
consumidor na data dos reajustes. Segundo ele, se não tiver alteração
no cenário energético, o câmbio deve ser o item que mais vai contribuir
para o aumento das tarifas em 2016. “Mas não podemos prever em que nível
os reajustes ficarão. Há uma série de incertezas que não permite
previsões.” Uma delas é a questão da hidrologia. Se não chover o
suficiente, o País terá novamente de acionar as térmicas, mais caras.
Outro fator que pode representar pressão sobre a tarifa são os leilões
que vão ocorrer nos próximos meses. Se o valor ficar acima do praticado
hoje, a diferença será repassada para a tarifa do consumidor.
A lista de incertezas inclui liminares que algumas empresas conseguiram
na Justiça. Uma delas requer pagamento de R$ 3,7 bilhões pelas
distribuidoras — leia-se consumidor. A Abradee conseguiu decisão
judicial favorável às associadas. Mas, se a liminar cair, os valores
seriam repassados para as tarifas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário