quarta-feira, 14 de outubro de 2015


Alta do dólar será novo vilão das contas de luz
Impacto do aumento da moeda americana na energia da usina de Itaipu pode representar reajustes entre 3,7% e 9,5% na tarifas

A escalada do dólar deve ser o novo vilão da conta de luz dos brasileiros. Além dos efeitos da estiagem, que neste ano representaram aumentos superiores a 50%, agora é a moeda americana que vai pressionar os próximos reajustes tarifários das distribuidoras do Sul, Sudeste e Centro-Oeste. A explicação está na cota que cada empresa tem de energia da Hidrelétrica de Itaipu, calculada em dólar.
Cálculos feitos pela comercializadora Comerc mostram que apenas o impacto da moeda americana na fatia de energia da usina binacional pode representar aumentos entre 3,7% e 9,5% na conta de luz. As maiores altas, segundo a Comerc, devem ocorrer naquelas distribuidoras que ainda não tiveram reajuste neste ano, como é o caso de Bandeirante (o dólar poderá representar 8,8% do reajuste), CPFL Piratininga (a parcela do reajuste devido a alta do dólar poderá chegar a 9,5%)  e Light (o reflexo no aumento poderá chegar a 8,4%) — os valores ainda estão em fase de avaliação pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). No reajuste extraordinário, ocorrido em janeiro, quando o governo repassou para a tarifa parte das oscilações do câmbio, o dólar estava na casa de R$ 2,80. Nas últimas semanas oscilou entre R$ 3,70 e R$ 4,22.
“Essa é a previsão de aumento fora a inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo)”, diz o presidente da Comerc, Cristopher Vlavianos.



O presidente da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee), Nelson Fonseca, explica que as empresas sentem o impacto do aumento do dólar simultaneamente, mas só podem repassar para o consumidor na data dos reajustes. Segundo ele, se não tiver alteração no cenário energético, o câmbio deve ser o item que mais vai contribuir para o aumento das tarifas em 2016. “Mas não podemos prever em que nível os reajustes ficarão. Há uma série de incertezas que não permite previsões.” Uma delas é a questão da hidrologia. Se não chover o suficiente, o País terá novamente de acionar as térmicas, mais caras.
Outro fator que pode representar pressão sobre a tarifa são os leilões que vão ocorrer nos próximos meses. Se o valor ficar acima do praticado hoje, a diferença será repassada para a tarifa do consumidor.
A lista de incertezas inclui liminares que algumas empresas conseguiram na Justiça. Uma delas requer pagamento de R$ 3,7 bilhões pelas distribuidoras — leia-se consumidor. A Abradee conseguiu decisão judicial favorável às associadas. Mas, se a liminar cair, os valores seriam repassados para as tarifas.


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