terça-feira, 20 de outubro de 2015


O General do Exército Antônio Hamilton Martins Mourão, comandante Militar do Sul criticou políticos em palestra e pediu 'despertar para a luta patriótica'





O general Antonio Hamilton Martins Mourão

O general Antonio Hamilton Martins Mourão, que comanda o Exército na região Sul do país, fez críticas à classe política em uma palestra recente e disse que a eventual substituição da presidente da República não altera de fato o "status quo".
"A maioria dos políticos de hoje parecem privados de atributos intelectuais próprios e de ideologias, enquanto dominam a técnica de apresentar grandes ilusões que levam os eleitores a achar que aquelas são as reais necessidades da sociedade", afirma um dos slides da palestra do militar.
A conferência foi realizada no último dia 17 de setembro no CPOR (Centro de Preparação de Oficiais da Reserva) de Porto Alegre.
A reportagem teve acesso a fotografias que mostram Mourão realizando uma apresentação em slides. Em um deles, já nas considerações finais, o general afirma que "mudar é preciso".
"Neste momento de crise, toda consciência autônoma, livre e de bons costumes precisa despertar para a luta patriótica, contribuindo para o retorno da autoestima nacional, do orgulho de ser brasileiro e da esperança no futuro", afirma o texto.
A apresentação do general Mourão afirma que "a mera substituição da PR [presidente da República] não trará uma mudança significativa no 'status quo'", acrescentando em seguida que "a vantagem da mudança seria o descarte da incompetência, má gestão e corrupção".
O slide em questão é concluído com a frase "É nosso dever esclarecer a opinião pública, notadamente a juventude".
Em um outro slide, o militar enumera quatro "cenários", que são "sobrevida", "queda controlada", "renovação" e caos".
O Comando Militar do Sul, liderado pelo general Antonio Mourão, reúne Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Sob o comando do general, está o maior efetivo do país — 48 mil dos 217 mil militares do Exército brasileiro.
O CENÁRIO — Diante de uma plateia composta por civis e militares o comandante militar do Sul, general Antônio Mourão, expôs suas visões sobre o Brasil contemporâneo para um auditório lotado. “São as minhas opiniões”, deixou claro antes de começar.
Alguns dos posicionamentos de Mourão, um dos militares mais influentes do país ...
— Sobre a política no Brasil:
“Os políticos viraram escravos das pesquisas de opinião. Esquerda e direita se encontram na corrupção”.
“Cadê o líder aqui na América do Sul? Temos algumas figuras de folclore”.
“Não é possível que um governo tenha 22 mil cargos de confiança para nomear”.
— Sobre relações exteriores:
“O Itamaraty foi bypassado pelo Foro de São Paulo. É ele que dá o ditame de uma diplomacia paralela”.
— Sobre o papel do Exército:
“Nós sabemos como fazer. O que fazer tem que ser definido pelo conjunto da sociedade”.
“O emprego do Exército na segurança pública deve ser limitado no tempo e no espaço. Somos treinados para outra coisa. Mas a gente não escolhe missão”.
— Sobre a qualidade das informações passadas aos governantes:
“Quem decide precisa de uma agência de inteligência forte. Hoje, nossos agentes são escolhidos por concurso e têm seus nomes publicados no Diário Oficial. O Brasil é o único país do mundo onde isso acontece”.
— Sobre o desfecho da crise política:
Mourão identifica quatro cenários possíveis para o Brasil.
1. Sobrevida – Mesmo enfraquecido, o governo Dilma chega ao final do mandato.
2. Queda controlada – Dilma renuncia ou se afasta por iniciativa própria, negociando a transição.
3. Renovação – Descontinuidade do governo com novas eleições.
4. Caos.
ANÁLISE DE CONJUNTURA — o general confirmou a realização da palestra, mas se negou a fazer comentários. "Não estou autorizado a fazer nenhuma declaração sobre o assunto", disse.
"Prefiro não comentar, porque aquilo era destinado a um determinado público e não era algo para ser divulgado. Era uma coisa fechada e não para se tornar uma coisa política. Era simplesmente uma análise de conjuntura que a gente faz, nada mais do que isso", afirmou.
A assessoria do Comando Militar do Sul disse não possuir a íntegra da palestra de Mourão.
Questionado sobre a apresentação do general, o Centro de Comunicação Social do Exército, em Brasília, não respondeu a reportagem.
COMANDANTE — No último dia 9 de outubro, o comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, disse em videoconferência para oficiais temporários da reserva ver risco de a atual crise virar uma "crise social" que afetaria a estabilidade do país, o que, segundo ele, diria respeito às Forças Armadas.
"Estamos vivendo situação extremamente difícil, crítica, uma crise de natureza política, econômica, ética muito séria e com preocupação que, se ela prosseguir, poderá se transformar numa crise social com efeitos negativos sobre a estabilidade", afirmou.
O militar prosseguiu: "E aí, nesse contexto, nós nos preocupamos porque passa a nos dizer respeito diretamente".





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