domingo, 25 de outubro de 2015


Crise política trava investimento estrangeiro




A recuperação do fluxo de investimento estrangeiro no setor produtivo no Brasil, que acumula queda de 34% neste ano, vai depender principalmente da retomada da atividade econômica doméstica, mas a incerteza política atual também é um entrave.
A avaliação é da consultoria internacional de investimentos Wavteq.
"Empresas não gostam de risco político, de incertezas. Do ponto de vista de uma multinacional olhando para a possibilidade de investir no Brasil, o que ela quer ver é segurança nas políticas públicas", afirmou o presidente da empresa, Henry Loewendhal.
O executivo afirma que, diante do grande mercado consumidor do Brasil, a perda recente do grau de investimento não é tão impactante para o investimento direto. Mas o país precisa enfrentar problemas importantes, como custo tributário elevado, burocracia e infraestrutura ruim, o que demanda liderança política.
Sua estimativa é que os investimentos estrangeiros diretos no país fechem este ano em US$ 65 bilhões e cheguem a US$ 80 bilhões em 2020, patamar ainda abaixo dos US$ 101 bilhões registrados pelo Banco Central em 2011, quando o país vivia o efeito do boom das commodities.
Alguns dos setores mais atrativos no Brasil hoje para investidores, segundo Loewendhal, são o de energia renovável, especialmente solar, produtos alimentícios e farmacêuticos e tecnologia da informação.



Dados divulgados pelo Banco Central mostram que os investimentos estrangeiros diretos somaram US$ 48,2 bilhões até setembro, com queda de 34% em relação ao mesmo período do ano passado.
O BC atribui a queda à desaceleração econômica e a entraves impostos à atividade por fatores como os desdobramentos da Operação Lava Jato e o risco de falta de energia no início do ano.
O chefe-adjunto do Departamento Econômico do BC, Fernando Rocha, frisa, no entanto, que os investimentos têm se mantido relativamente estáveis nos últimos meses e em patamar suficiente para cobrir, com folga, o déficit nas transações do país com o resto do mundo. "É importante porque essa é uma fonte de longo prazo, mais estável, de financiamento", afirmou.







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