sexta-feira, 16 de outubro de 2015


Drogas inteligentes

Originalmente sintetizado na França nos anos 70, o modafinil foi aprovado pelo FDA como tratamento para narcolepsia e outros transtornos do sono em 1998. Mais recentemente, pessoas saudáveis começaram a usar a droga para ficar acordadas por longos períodos e melhorar a performance cognitiva.
Medicamentos estão sendo usados a fim de melhorar as funções do cérebro para estudo ou trabalho. Esses remédios são conhecidos como drogas inteligentes.
Segundo Scott Vrecko, um sociólogo especializado em questões médicas, drogas inteligentes não aumentam a capacidade de receber, lembrar e processar informação — elas têm um efeito positivo no humor enquanto a pessoa realiza essas tarefas. Vrecko passou algumas semanas numa universidade norte-americana coletando testemunhos de estudantes que tomaram a "droga inteligente", e muitos disseram que a pílula os fazia se sentirem mais capazes de realizar uma tarefa — mesmo antes de começar. Outro estudo aponta que o modafinil pode induzir a um estado de confiança excessiva.
A pílula funciona, sem dúvida. Mas a que custo? Os médicos Kimberly Urban e Wen-Jun Gao temem que possamos ver danos de longo prazo em indivíduos de menos de 30 anos que usam essas substâncias. Aparentemente, o modafinil pode foder com uma coisa chamada neuroplasticidade, um termo para a habilidade do cérebro de se adaptar a diferentes situações e contextos com o tempo.
O que preocupa os médicos são os efeitos que aumentar a quantidade de dopamina num cérebro em desenvolvimento pode ter. Modafinil e outras drogas inteligentes podem afetar os receptores cerebrais que consolidam a memória de curto prazo e regulam a flexibilidade do cérebro quando se trata de responder a estímulos diversos — como interações sociais. Pesquisadores suspeitam que, a longo prazo, jovens que tomem modafinil — e remédios similares — possam acabar com uma habilidade maior de se concentrar por longos períodos, apesar de sua memória de curto prazo poder diminuir. O que os levaria a desvantagens em situações sociais ou para realizar tarefas que exijam flexibilidade cognitiva — como dirigir. No entanto, a pesquisa de Urban e Gao está cheia de especulações, hipóteses ainda não comprovadas: como em todos os estudos sobre modafinil, faltam nela estudos de longo prazo.

Uma cápsulas, na cor laranja, de modafinil — aprovado nos Estados Unidos
 para o tratamento da narcolepsia e outros transtornos do sono


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