Entenda os ratings das agências de classificação de risco
Moody’s, Standard & Poor’s e Fitch são as agências de classificação de risco mais conhecidas |
O que é rating?
As agências de classificação de risco trabalham com a concessão de ratings – notas de crédito ou classificações – a empresas, governos ou qualquer entidade que emita títulos para serem negociados no mercado. Os ratings representam a avaliação da agência sobre a capacidade do emissor desses títulos de honrar seus compromissos com os investidores. Em outras palavras, qual o risco de o emissor da dívida dar um calote.
Essas classificações são divididas em dois grandes grupos de notas: grau especulativo e grau de investimento (o chamado selo de bom pagador). Dentro de cada grupo, cada nota especifica a condição do país ou da empresa em relação à sua capacidade de saldar dívidas.
Como as agências definem o rating?
Para classificar os títulos, as agências passam um pente-fino nas condições do emissor. No caso de países, por exemplo, contas públicas, cenário macroeconômico, perspectivas de investimento, política e relações do governo com o Congresso são alguns dos pontos avaliados.
Por envolver uma opinião, a credibilidade da nota de crédito depende da credibilidade da própria agência. Moody’s, Standard & Poor’s (S&P) e Fitch são as agências norte-americanas mais respeitadas do mercado.
Na crise financeira de 2008, no entanto, quando diversos grandes bancos e instituições financeiras dos Estados Unidos quebraram, a credibilidade das agências passou a ser questionada, já que a derrocada do sistema financeiro incluiu instituições financeiras até então avaliadas como sólidas e confiáveis.
O que é perspectiva de rating?
As classificações e perspectivas para as notas de crédito são reavaliadas periodicamente pelas agências. A classificação representa a nota em si, e pode subir (upgrade) ou cair (downgrade) dependendo da revisão. Enquanto isso, a perspectiva da nota aponta para o futuro, indicando se aquela nota de crédito tende a se manter estável, cair (negativa) ou subir (positiva).
No Brasil, após muitos anos pagando com juros altos os calotes dados na década de 1980, o País recebeu, em 2008, o grau de investimento da S&P, ou seja, seus papéis passaram a ser recomendados como seguros em termos de qualidade de crédito. A Fitch e a Moody’s seguiram a decisão e concederam o upgrade no rating brasileiro em 2008 e 2009, respectivamente.
O que está acontecendo agora?
A agência de classificação de risco Standard & Poor’s rebaixou o rating do Brasil de BBB- para BB+ e manteve a perspectiva negativa da nota. Com o rebaixamento, o País passa a ser grau especulativo pela agência. O rebaixamento da nota do Brasil pela S&P ocorreu pouco mais de um mês depois de a agência ter revisado a perspectiva do rating do País de estável para negativo.
Em julho, a S&P havia revisado para negativa a perspectiva do rating do Brasil e de 30 empresas brasileiras por conta do cenário político e econômico no País e da operação Lava Jato.
A Moody’s rebaixou, em agosto a nota de crédito do Brasil para Baa3, a última antes do grau especulativo. A agência também revisou para estável a perspectiva para a classificação de risco do País, o que indica que não há a intenção de rebaixar novamente a nota. Isso foi confirmado no início de outubro, quando a Moody’s reafirmou o rating do Brasil e disse que atual nota brasileira é compatível com o grau de investimento.
A última notícia foi que a Fitch rebaixou o rating de longo prazo do Brasil de BBB para BBB-, com perspectiva negativa para a nota. Se houver mais um rebaixamento, o Brasil perderá o selo de bom pagador (grau de investimento) também pela Fitch. “O ambiente político difícil está dificultando o progresso na agenda legislativa do governo”, afirmou a agência.
Quais são as consequência para o país que perde o selo de bom pagador?
As empresas que dependem de crédito vão ser obrigadas a pagar juros maiores. As pessoas comuns também serão afetadas, pois o preço do crédito (os juros) vai subir. Os investidores vão procurar oportunidades mais seguras dentro ou fora do País. Assim, a cotação do dólar tende a subir – o que pode levar a um circulo vicioso, que tem potencial para alimentar a já alta inflação. Investimentos e empregos podem ser cortados para as empresas se ajustarem.
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