Grife brasileira de cintas faz sucesso nos Estados Unidos
Modelador da marca Squeem |
A mulher sempre usou truques para parecer mais bonita aos olhos dos
outros e, é claro, para ela mesma se sentir bem. Mas nem todas as armas a
favor da vaidade feminina são tão evidentes. Anos após a queima de
sutiãs, versões atualizadas de corsets e espartilhos continuam sob a
roupa, ajudando a disfarçar gordurinhas e a definir as curvas do corpo. A
atriz Jessica Alba assume que usa modeladores. Beyoncé, quem diria, já
deixou o seu à mostra, sem querer. Kim Kardashian também. E agora tem
brasileiro no cenário: uma marca de paulistas vem se destacando. É a
Squeem, que hoje tem sede em Orlando. Thiago Pasos, CEO da empresa e
neto do fundador, explica o porquê das peças fazerem tanto sucesso nos
Estados Unidos. Mas esqueça a cinta cor da pele e nada atraente que a
sua mãe ou a sua avó usavam. A história agora é outra:
— Nosso diferencial está na visão do que realmente é sensualidade. A
Squeem quer desafiar a percepção de que para ser sexy, você tem que ser
magra. Para nós, a sensualidade é, na verdade, uma postura regida pela
autoconfiança. Nossos produtos foram criados para valorizar as curvas
naturais do corpo, e não para esconder ‘defeitos’. Como diria Julie
Parker, “o tamanho do seu vestido é tão irrelevante quanto o tamanho do
seu sapato” — diz Thiago — Nos inspiramos na sinuosidade da mulher
brasileira.
A partir do sucesso de Gisele Bündchen e da ascensão de outras tops
brasileiras, Thiago diz ter sentido o reforço da tendência por uma
mulher mais curvilínea.
— Além disso, hoje em dia, existe um movimento de não dar satisfação a
ninguém. Muitas mulheres dizem abertamente que usam modeladores — afirma
o executivo.
Se os espartilhos eram feitos de barbatanas de baleias e muito rígidos, o
conforto é fundamental para as mulheres de hoje. Thiago acredita na
importância desse conforto. A maioria das peças da Squeem é composta por
25% algodão premium e 75% por um composto emborrachado.
— O algodão fica em contato com a pele, e a borracha fica para o lado de
fora. Vale mencionar que nosso produto é um dos únicos a usar algodão
na nossa indústria. A grande maioria usa algum tipo de cetinete ou
Lycra, por ser mais barato. Mas é muito difícil superar o conforto
proporcionado pelo algodão. Além disso, os modeladores americanos são
bem menos compressivos que os nossos — explica.
Em 2001, a empresa começou a operar nos Estados Unidos de uma maneira
simples, atendendo o pequeno varejo. Logo de cara, atingiu o mercado
hispânico. A partir daí, os executivos perceberam as chances de
crescimento.
Hoje, a marca que nasceu no Brasil está em mais de 350 lojas físicas do
território americano, além da presença no mercado online — incluindo a
Amazon.com, onde os modeladores Squeem são vendidos há seis anos. Há
cerca de um mês, outra boa notícia para Thiago: a assinatura de um
contrato com a Lane Bryant, que é a maior rede de varejo plus size do
mundo, com mais de 700 lojas nos Estados Unidos. Ele não esconde a
satisfação de ter visto a modelo Ashley Graham, famosa por não se
encaixar no padrão esquálido das passarelas, desfilando na Times Square,
no início de setembro, durante a New York Fashion Week, para a cadeia
Lane Bryant, vestindo os modeladores que produz.
— Em duas semanas, a Lane Bryant vendeu mais de cinco mil Squeems
somente no canal online. Semana que vem, começamos a operar nas lojas —
diz.
Antoine Pasos, o patriarca da família criadora da Squeem |
A Squeem começou em São Paulo, onde o avô de Thiago, Antoine Pasos,
abriu um salão de beleza, na Praça da República, nos anos 30, logo
depois de chegar da Argentina. Cortava o cabelo de celebridades da
época, como a cantora Maysa Matarazzo. Foi numa viagem ao Rio de Janeiro
que Antoine descobriu uma cinta ortopédica feita inteiramente de
borracha natural e projetada para fornecer suporte para as costas. A
partir daí, o avô de Thiago acabou mudando de ramo de vez. Nos anos 70,
começou a produção de uma nova era de modeladores no Brasil.
— O sucesso foi tanto que ele acabou tendo que se dedicar exclusivamente
ao negócio das cintas. Nos anos 80, começou a exportar para toda a
América do Sul e para os Estados Unidos.
Mas o pulo do gato mesmo veio em 1982, quando a equipe de design fez um
grande avanço, inventando a tecnologia de fundir a camada de algodão à
de borracha natural. O resultado? Um produto muito mais confortável, mas
sem perder poder de compressão. Quem pensa que somente as mulheres mais
bem fornidas usam Squeem, está enganado, avisa Thiago, que vende dos
tamanhos XS a 5XL.
— Há muitas mulheres magras que usam, justamente para ter curvas. Isso
explica porque, quando falamos de modeladores, o mais vendido é o M —
diz Thiago, acrescentando que o preço médio das peças varia entre US$ 50
e 80.
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