segunda-feira, 12 de outubro de 2015


Grife brasileira de cintas faz sucesso nos Estados Unidos

Modelador da marca Squeem
A mulher sempre usou truques para parecer mais bonita aos olhos dos outros e, é claro, para ela mesma se sentir bem. Mas nem todas as armas a favor da vaidade feminina são tão evidentes. Anos após a queima de sutiãs, versões atualizadas de corsets e espartilhos continuam sob a roupa, ajudando a disfarçar gordurinhas e a definir as curvas do corpo. A atriz Jessica Alba assume que usa modeladores. Beyoncé, quem diria, já deixou o seu à mostra, sem querer. Kim Kardashian também. E agora tem brasileiro no cenário: uma marca de paulistas vem se destacando. É a Squeem, que hoje tem sede em Orlando. Thiago Pasos, CEO da empresa e neto do fundador, explica o porquê das peças fazerem tanto sucesso nos Estados Unidos. Mas esqueça a cinta cor da pele e nada atraente que a sua mãe ou a sua avó usavam. A história agora é outra:
— Nosso diferencial está na visão do que realmente é sensualidade. A Squeem quer desafiar a percepção de que para ser sexy, você tem que ser magra. Para nós, a sensualidade é, na verdade, uma postura regida pela autoconfiança. Nossos produtos foram criados para valorizar as curvas naturais do corpo, e não para esconder ‘defeitos’. Como diria Julie Parker, “o tamanho do seu vestido é tão irrelevante quanto o tamanho do seu sapato” — diz Thiago — Nos inspiramos na sinuosidade da mulher brasileira.
A partir do sucesso de Gisele Bündchen e da ascensão de outras tops brasileiras, Thiago diz ter sentido o reforço da tendência por uma mulher mais curvilínea.
— Além disso, hoje em dia, existe um movimento de não dar satisfação a ninguém. Muitas mulheres dizem abertamente que usam modeladores — afirma o executivo.
Se os espartilhos eram feitos de barbatanas de baleias e muito rígidos, o conforto é fundamental para as mulheres de hoje. Thiago acredita na importância desse conforto. A maioria das peças da Squeem é composta por 25% algodão premium e 75% por um composto emborrachado.
— O algodão fica em contato com a pele, e a borracha fica para o lado de fora. Vale mencionar que nosso produto é um dos únicos a usar algodão na nossa indústria. A grande maioria usa algum tipo de cetinete ou Lycra, por ser mais barato. Mas é muito difícil superar o conforto proporcionado pelo algodão. Além disso, os modeladores americanos são bem menos compressivos que os nossos — explica.
Em 2001, a empresa começou a operar nos Estados Unidos de uma maneira simples, atendendo o pequeno varejo. Logo de cara, atingiu o mercado hispânico. A partir daí, os executivos perceberam as chances de crescimento.
Hoje, a marca que nasceu no Brasil está em mais de 350 lojas físicas do território americano, além da presença no mercado online — incluindo a Amazon.com, onde os modeladores Squeem são vendidos há seis anos. Há cerca de um mês, outra boa notícia para Thiago: a assinatura de um contrato com a Lane Bryant, que é a maior rede de varejo plus size do mundo, com mais de 700 lojas nos Estados Unidos. Ele não esconde a satisfação de ter visto a modelo Ashley Graham, famosa por não se encaixar no padrão esquálido das passarelas, desfilando na Times Square, no início de setembro, durante a New York Fashion Week, para a cadeia Lane Bryant, vestindo os modeladores que produz.
— Em duas semanas, a Lane Bryant vendeu mais de cinco mil Squeems somente no canal online. Semana que vem, começamos a operar nas lojas — diz.

Antoine Pasos, o patriarca da família criadora da Squeem

A Squeem começou em São Paulo, onde o avô de Thiago, Antoine Pasos, abriu um salão de beleza, na Praça da República, nos anos 30, logo depois de chegar da Argentina. Cortava o cabelo de celebridades da época, como a cantora Maysa Matarazzo. Foi numa viagem ao Rio de Janeiro que Antoine descobriu uma cinta ortopédica feita inteiramente de borracha natural e projetada para fornecer suporte para as costas. A partir daí, o avô de Thiago acabou mudando de ramo de vez. Nos anos 70, começou a produção de uma nova era de modeladores no Brasil.
— O sucesso foi tanto que ele acabou tendo que se dedicar exclusivamente ao negócio das cintas. Nos anos 80, começou a exportar para toda a América do Sul e para os Estados Unidos.
Mas o pulo do gato mesmo veio em 1982, quando a equipe de design fez um grande avanço, inventando a tecnologia de fundir a camada de algodão à de borracha natural. O resultado? Um produto muito mais confortável, mas sem perder poder de compressão. Quem pensa que somente as mulheres mais bem fornidas usam Squeem, está enganado, avisa Thiago, que vende dos tamanhos XS a 5XL.
— Há muitas mulheres magras que usam, justamente para ter curvas. Isso explica porque, quando falamos de modeladores, o mais vendido é o M — diz Thiago, acrescentando que o preço médio das peças varia entre US$ 50 e 80.


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