TCU abre investigação sobre ‘pedaladas’ em 2015
O ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Raimundo Carreiro |
O Tribunal de Contas da União (TCU) abriu um processo para investigar se
a prática que ficou conhecida como “pedaladas fiscais” foi repetida no
ano de 2015. O ministro Raimundo Carreiro acolheu representação
apresentada pelo Ministério Público protocolada na semana passada e
determinou à área técnica a realização de inspeções e solicitações de
informações sobre o tema a órgãos do governo citados.
O procurador Júlio Marcelo de Oliveira afirma que de acordo com
informações de bancos públicos e demais órgãos do governo as práticas
condenadas pelo tribunal foram repetidas em 2015 e já somam mais de R$
40 bilhões. As pedaladas fiscais consistem na utilização de bancos
públicos para pagar despesas que seriam do governo, como o pagamento de
programas sociais. Para o TCU, ao retardar o ressarcimento a esses
bancos o governo, na prática, realiza operações de crédito, prática
vedada pela Lei de Responsabilidade Fiscal.
A suspeita da repetição das pedaladas em 2015 levaram a oposição a novo pedido de impeachment
da presidente Dilma Rousseff para derrubar o argumento de que ela não
poderia ser condenada por prática adotada no governo anterior.
No despacho, Carreiro não faz avaliação de mérito sobre a acusação. Ele
reproduz a representação do Ministério Público e faz as determinações à
área técnica do tribunal, que procederá a investigação. O ministro
ordenou a inspeção junto ao Banco Central do Brasil, ao Tesouro
Nacional, ao Ministério das Cidades e às instituições financeiras
federais (Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, BNDES). Autoriza
ainda os técnicos a averiguarem se a prática aconteceu em alguma outra
área. Determina ainda que se verifique junto ao Banco Central se a
instituição leva em conta no cálculo do resultado primário as dívidas da
União com a Caixa relativas a tarifas de prestação de serviço.
O TCU considerou ilegais em abril deste ano as pedaladas realizadas em
2014, mas o governo apresentou recurso. Além disso, a prática foi um dos
motivos que levou à rejeição das contas da presidente Dilma Rousseff em
decisão tomada na semana passada. Para o procurador Júlio Marcelo, o
governo deveria ter mudado a prática pelo menos depois de abril.
“O gestor prudente, ante tão clara e categórica indicação da ilegalidade
de uma conduta pela Corte de Contas, deve promover de imediato todas as
medidas a seu alcance para restauração da legalidade no âmbito da
Administração, para o exato cumprimento da lei. A não ser assim,
estar-se-ia conferindo a todos os gestores o direito de cometer
ilegalidades até que o TCU decida em grau de recurso que uma prática é
ilegal!”, argumenta, na representação.
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