Com contratos milionários,
filho de Lula mora de favor em imóvel
filho de Lula mora de favor em imóvel
Luís Cláudio Lula da Silva |
Empresário de marketing esportivo com contratos milionários, Luís
Cláudio Lula da Silva mora, sem pagar aluguel, em um apartamento nos
Jardins, em São Paulo, que pertence a amigos de seu pai, o ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva.
Luis Cláudio é dono das empresas LFT Marketing Esportivo e Touchdown —
alvos de busca e apreensão da Polícia Federal na segunda-feira
(26.out.2015).
Ele e a mulher, Fatima Cassaro, vivem há três anos em um apartamento de
158 m², na alameda Jaú, nos Jardins, que pertence à Mito Participações
Ltda, empresa que tem como cotistas a esposa e as filhas do advogado
Roberto Teixeira — amigo do ex-presidente e padrinho de batismo de Luis
Cláudio.
Construído nos anos 1970, o edifício Cristal não tem salão de festas,
piscina ou academia e cada morador conta com uma vaga na garagem.
O apartamento do 6º andar tem três quartos e uma sala ampla (45 m²). Por
causa da localização privilegiada, imóveis idênticos no mesmo prédio
foram vendidos recentemente por R$ 1,2 milhão.
Segundo moradores, o aluguel gira em torno de R$ 5 mil mensais.
Cristiano Martins, advogado de Luis Cláudio e genro de Teixeira, disse
que o filho de Lula tem um "acordo verbal" com as donas do local para
que não pague aluguel e apenas se encarregue das despesas do imóvel.
Ex-preparador físico de times como Palmeiras e Corinthians, hoje Luis
Cláudio investe em uma liga de futebol americano no Brasil. Essa é uma
das justificativas para não pagar o aluguel. "Hoje ele investe bastante
na modalidade. Tem o patrocínio mas tem o investimento dele", explica o
advogado Martins.
A LFT Marketing Esportivo recebeu R$ 2,4 milhões de uma firma de
lobistas suspeita de pagar propina para aprovar Medida Provisória que
beneficiou montadoras.
O pagamento levou o MPF pedir a busca no escritório de Luis Cláudio,
ação que Martins classificou de "despropósito" e busca anular.
AÇÃO ENTRE AMIGOS — Pelos registros de cartório, a Mito Participações
comprou o apartamento que empresta ao filho de Lula, em dezembro de
2011, por R$ 500 mil.
O dono anterior era a Peabody Trade, offshore sediada nas Bahamas,
paraíso fiscal no Caribe. Procurador da Peabody no país, o empresário
uruguaio André Neumann disse que vendeu o imóvel a preços de mercado.
Afirmou que o apartamento foi adquirido por uma empresa e disse que não
conhecia os futuros donos do imóvel.
Já Martins diz que o empresário é "conhecido" da família de Teixeira,
mas fala que a aquisição do imóvel de Neumann foi "coincidência".
Segundo ele, quem intermediou a transação foi uma corretora de imóveis.
Neumann é marido de Maria Beatriz Braga, empresária chamada de "rainha
da catraca", dona de empresas de ônibus em São Bernardo do Campo.
Além do transporte público, a família dela detém contratos com a prefeitura de Luiz Marinho (PT) por meio de uma construtora.
NOS ANOS 90 — O compadre do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
esteve envolvido em histórias controversas. O advogado Roberto Teixeira
era o dono da casa em São Bernardo do Campo (SP) na qual o ex-presidente
Lula morou sem pagar aluguel de 1989 a 1997 — Teixeira esteve no centro
de uma polêmica envolvendo a cúpula do PT nos anos 90. O advogado foi
acusado de fazer caixa dois para o PT.
Em 1997, Teixeira foi citado em um esquema de desvio de recursos de
prefeituras do PT — foi acusado, na época, de ajudar uma empresa a obter
contratos com prefeituras administradas pelo PT.
A Cpem, consultoria especializada na arrecadação de tributos, teria
desviado parte dos valores recebidos pelos serviços prestados para
financiar atividades do partido e de petistas, com a conivência de seus
dirigentes — uma delas teria sido a Caravana da Cidadania, largada da
campanha de Lula à Presidência em 1994.
As acusações partiram do economista e fundador do PT Paulo de Tarso Venceslau, que acabou rompendo com a legenda em 1998.
Teixeira sempre negou ter sido dono ou representante da empresa, mas
admitiu ter dado auxílio eventual à consultoria — um irmão dele advogava
para a Cpem —. Já Lula disse à época que Venceslau "fala asneiras".
O caso foi investigado por uma comissão interna do PT, que tinha entre
seus membros o hoje ministro José Eduardo Cardozo (Justiça).
O relatório final considerou Teixeira culpado, mas ele recorreu ao
diretório nacional do PT e foi absolvido. O documento que o isentou foi
assinado pelo ex-ministro José Dirceu, então presidente nacional da
sigla, condenado no mensalão e atualmente preso por suspeita de
envolvimento no esquema de corrupção investigado pela Operação Lava
Jato.
Em 2006, quando era advogado da VarigLog, Teixeira foi suspeito de usar a
amizade com o então presidente Lula para intermediar a venda da Varig à
Gol — um negócio que precisava do aval do governo. Teixeira nega as
acusações.
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