Escalada da Lava Jato preocupa Lula — ex-presidente determinou uma
auditoria informal em seus negócios para tentar tranquilizar PT
Luiz Inácio Lula da Silva |
Desde que o doleiro Alberto Youssef, um dos pivôs da Operação Lava
Jato, afirmou, em delação premiada, que o ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva “tinha conhecimento” das irregularidades cometidas na
Petrobrás, o PT está em alerta quanto a um suposto uso político das
investigações para atingir seu principal líder. Na última semana, os
níveis de preocupação atingiram grau máximo com as citações a nomes
do entorno de Lula na delação de Fernando Soares, o Fernando Baiano,
outra peça-chave da operação.
Baiano disse que o pecuarista José Carlos Bumlai, amigo de Lula,
avalizou um pagamento de propina ao ex-diretor da Petrobrás Nestor
Cerveró. Baiano afirmou ainda que, a pedido do mesmo Bumlai, pagou
contas de uma nora do ex-presidente.
A reportagem apurou que Lula está preocupado com o surgimento do
nome de Bumlai nas investigações. Segundo um empresário que
conversou com o ex-presidente, a proximidade entre ambos,
intermediada, no início da relação de amizade, ainda em 2002, pelo
senador Delcídio Amaral (PT-MS), é hoje um flanco de vulnerabilidade
em relação a Lula e sua família.
O ex-presidente tem três noras. Um dia depois da revelação de
Baiano, os advogados de Fábio Luís, o Lulinha, pediram ao ministro
Teori Zavascki, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal,
acesso à delação premiada do acusador.
Para tentar tranquilizar o partido, Lula informou ao PT ter
determinado a realização de uma espécie de auditoria no patrimônio
de toda a sua família, incluindo os cinco filhos e os respectivos
cônjuges.
Nos bastidores do PT, o suposto enriquecimento de Luís Cláudio e de
Fábio Luís, o Lulinha, filhos do ex-presidente, é um dos pontos
centrais do estado de atenção. Em outubro, se revelou que a LFT
Marketing Esportivo, pertencente a Luís Cláudio Lula da Silva,
recebeu R$ 2,4 milhões da Marcondes & Mautoni Ltda., empresa
investigada por supostamente ter pago pela edição de uma medida
provisória em favor de montadoras de veículos durante o governo
Lula.
Defesa
O Instituto Lula e os advogados de Lulinha negam que qualquer dos
filhos do ex-presidente ou suas noras tenham recebido dinheiro do
lobista ou de Bumlai. Segundo as informações passadas por Lula ao
PT, nenhum de seus filhos tem patrimônio incompatível com a renda ou
atividade financeira. O comunicado acalmou o partido, que temia
danos à imagem do ex-presidente. Desde o início de agosto o PT
detectou o que chama de uma ofensiva contra Lula. O presidente do
partido, Rui Falcão, chegou a dizer que se tratava de uma tentativa
de atingir o PT.
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