Obama inicia no domingo primeira visita de um presidente dos Estados Unidos a Cuba em 88 anos — chegada do líder americano à ilha selará reaproximação entre os dois países após décadas de ruptura diplomática — restrições impostas pelo embargo vêm sendo aliviadas por medidas paralelas
Turistas passam por cartaz no centro de Havana dando boas-vindas a Obama |
HAVANA — Consolidando o feito mais relevante de sua política externa
para a América Latina, o presidente americano, Barack Obama,
desembarcará neste domingo (20.mar.2016) em Havana na primeira viagem
oficial de um líder dos Estados Unidos à ilha em quase nove décadas.
Obama visitará Cuba entre os dias 20 e 22 de março, acompanhado por uma
delegação de 23 membros do Congresso americano. A última visita deste
nível entre os dois países foi em 1928, quando Calvin Coolidge foi
recebido na ilha por seu colega cubano, Gerardo Machado.
O gesto de Obama coroa o esforço diplomático que tomou corpo em 17 de
dezembro de 2014, quando os dois países — inimigos mortais do período da
Guerra Fria, que quase levaram o planeta a um conflito nuclear em 1962 —
se comprometeram a reduzir o grau do confronto, reabrir suas
respectivas embaixadas e incentivar o intercâmbio comercial, cultural e
científico.
Famílias separadas em razão da intensa rivalidade ideológica veem na
reaproximação uma nova oportunidade de integração. Cubanos que migraram
para os Estados Unidos — a poucas milhas de distância — poderão agora
tomar voos regulares para a ilha, assim como ajudar parentes em Cuba com
menos limitações do que as que enfrentam hoje.
Embora a situação diplomática tenha alcançado nos últimos meses um
alívio sem precedentes desde o triunfo da revolução liderada por Fidel
Castro, em 1959, restam dois pontos dos mais espinhosos para que as
relações dos dois países cheguem à normalização total: o embargo
econômico imposto por Washington em 1962 e o status da região de
Guantánamo, arrendada perpetuamente pelos Estados Unidos em 1903.
No caso do embargo, seu levantamento teria de ser aprovado pelo
Congresso americano — possibilidade pouco factível diante da maioria
republicana do Legislativo dos Estados Unidos. Seu efeitos, porém, podem
ser amenizados por medidas executivas. Washington não cogita, no
entanto, a devolução de Guantánamo no curto prazo.
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