terça-feira, 8 de março de 2016


Lula usa cobertura em São Bernardo que foi comprada por primo do empresário José Carlos Bumlai, preso na Operação Lava Jato






Aposentado que vive em Campo Grande, Glaucos da Costamarques adquiriu em 2011 imóvel vizinho a apartamento pertencente ao ex-presidente e que já havia sido alugado pelo Planalto entre 2007 e 2010.
Um primo do empresário José Carlos Bumlai, preso na Operação Lava Jato, é o dono de uma cobertura usada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e família no prédio onde o petista mora em São Bernardo do Campo. O imóvel foi alvo de busca e apreensão na 24ª fase da Operação Lava Jato, após o síndico do prédio indicar aos policiais federais que o imóvel pertenceria ao ex-presidente.
Lula é suspeito de ocultar patrimônio e receber vantagens de empreiteiras envolvidas em esquema de corrupção na Petrobrás. Para os investigadores, ele seria o verdadeiro dono de um sítio em Atibaia, registrado em nome de dois empresários sócios de seu filho, e de um tríplex no Guarujá que oficialmente é da OAS.
Documentos revelam que Lula usa mais um imóvel em nome de outros. A cobertura número 121 do edifício Hill House fica em frente à que pertence ao petista, a 122. Nesse caso, o aposentado Glaucos da Costamarques garante que Lula lhe paga aluguel — ele é primo de Bumlai, cujo nome completo é José Carlos da Costamarques Bumlai, e disse ter comprado o apartamento em 2011.
Essa segunda cobertura já era usada por Lula desde o primeiro ano na Presidência, em 2003. Até 2007, o PT pagou pelas despesas do imóvel para que ele guardasse o acervo que doou ao partido. No segundo mandato, o governo assumiu os custos sob a justificativa de que era necessário para a segurança do então presidente.
Glaucos nega que a compra do imóvel tenha sido um pedido de Bumlai, amigo de Lula e investigado na Lava Jato por suspeita de contratar empréstimos simulados para beneficiar o PT e de pagar parte da reforma do sítio em Atibaia. Morador de Campo Grande (MS), o primo de Bumlai disse que adquiriu a cobertura por sugestão do advogado Roberto Teixeira. A Lava Jato investiga se Teixeira atuou para ajudar Lula a ocultar a propriedade do sítio em Atibaia.
“Eu sou amigo do Roberto Teixeira e ele me falou: ‘Olha, tem um negócio bom aqui. O governo vai parar de alugar (o imóvel) e comprando você consegue uma boa porcentagem se quiser alugar.’”
Glaucos disse que, após uma única visita à cobertura em 2011, aceitou a sugestão e desembolsou cerca de R$ 500 mil pela propriedade. Lula foi mantido como inquilino e paga R$ 4,3 mil por mês, segundo ele, por meio de transferência bancária.
No cartório, a cobertura comprada por Glaucos está registrada em nome de Elenice Silva Campos, que morreu em fevereiro de 2015. Ela vendeu o imóvel que pertencia ao marido e não pagou o imposto que permitiria a transferência do registro. O caso agora está na Justiça. O primo de Bumlai é representado por Teixeira.
Os policiais federais só conseguiram identificar a existência da segunda cobertura porque o síndico do prédio informou que ela era usada por Lula. Ele teria indicado um terceiro apartamento. Chamou a atenção dos investigadores o fato de a ex-primeira-dama ter autorizado a busca e apreensão nos imóveis que não pertencem ao casal.
Embora alugue a cobertura para Lula há cinco anos, Glaucos disse que, “se falarem no nome dele para Lula, ele não sabe quem é”.
Em 2010, o aposentado emprestou o endereço de uma empresa que estava em seu nome, a Bilmaker 600, para que os filhos de Lula — Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha, e Luís Claudio Lula da Silva — registrassem na Junta Comercial de São Paulo a holding LLCS no mesmo local.
Na época, a Bilmaker era controlada por Glaucos, Otavio Ramos e Fabio Tsukamoto, que eram sócios de Luís Cláudio em outra empresa. Glaucos disse ao que fez o empréstimo do endereço atendendo a um pedido do primo Bumlai.
Em nota divulgada na segunda-feira (07.mar.2016), o advogado de Lula, Roberto Teixeira, diz que o proprietário anterior do apartamento morreu em março de 2010 e os herdeiros decidiram colocá-lo à venda. Teixeira reconhece que foi ele quem indicou o referido imóvel a Glaucos da Costamarques.
Paulo Okamoto, presidente do Instituto Lula, comentou o caso. Ele  reconheceu que o imóvel foi comprado pelo primo de José Carlos Bumlai porque, segundo Okamoto, o imóvel teria que ser de propriedade de alguém que não quisesse morar ali. Assim, poderia ser alugado para o ex-presidente Lula.
"Depois que o presidente Lula foi eleito presidente da República e também por uma questão de segurança e também para manter uma base de apoio, a presidência da República alugou aquele apartamento. Aí no final já do mandato, tinha um processo de venda do apartamento e se achou uma pessoa para comprar aquele apartamento que tivesse apenas o interesse de investir, não de morar”, afirma Paulo Okamoto.
O advogado Roberto Teixeira disse que Lula é o locatário do imóvel e paga o aluguel. Paulo Okamoto confirmou: “Os pagamentos foram feitos pelo presidente Lula, está na declaração de Imposto de Renda.”




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