sábado, 12 de março de 2016


Delação premiada em poder da força-tarefa da
operação Lava Jato cita Delfim Netto
ministro do ‘milagre econômico’ da ditadura militar



O economista Antonio Delfim Netto


O economista Antonio Delfim Netto teve seu nome citado em delação premiada em poder da força-tarefa da Operação Lava Jato envolvido em um recebimento sob investigação nas obras da Usina Hidrelétrica de Belo Monte.
Pelo menos quatro delatores apontaram propinas de até 10% nas obras, em consórcio de empreiteiras que envolveu a Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa, Engevix, entre outras — todas acusadas de corrupção na Petrobrás.
A  força-tarefa da Lava Jato quer saber qual a participação de Delfim Netto em Belo Monte e porque recebeu valores referentes ao negócio.
O nome do economista, ex-deputado federal e ex-ministro da Fazenda dos anos de chumbo (1967/1974) criador do ‘milagre econômico’ da ditadura militar e conselheiro econômico do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi citado pelo suposto recebimento de valores ainda não explicados no empreendimento de Belo Monte. Delfim Netto diz que nunca recebeu nada por Belo Monte e que prestou assessoria na formação de segundo grupo que participaria de concorrência.
“Antes do leilão (de Belo Monte) só existia um concorrente. Nunca recebi nada por conta de Belo Monte. Ajudei a montar o segundo grupo para competir com o primeiro. Prestei uma assessoria”, afirmou Delfim Netto, no sábado, 12.mar.2016.
Delfim Netto afirmou que prestou assessoria para formação de uma “segundo grupo”:
“Era formado por empresas menores que não estavam no grupo anterior. Era uma montagem (do segundo grupo) para que houvesse concorrência.”
O ex-ministro da Fazenda diz que se retirou do processo. “Depois ficou visível que isso não ia acontecer. A Eletrobrás tomou conta do processo. Isso aconteceu entre 2011 e 2012. Então eu me retirei normalmente. Terminou, não ia ter concorrência. Ia ter uma escolha direta.”
Delfim Netto afirma que não recebeu valores da obra:
“Eu não recebi nada. O que eu recebi foi por essa assessoria. Nunca recebi nada por conta de Belo Monte. Foi uma vida muito efêmera. Eu nunca recebi absolutamente nada.”
O leilão para construção e operação de Belo Monte foi realizado em abril de 2010 e as obras fechadas em 2011. Dois consórcios disputaram o leilão da usina: o vencedor Norte Energia, formado por Chesf, Queiroz Galvão, OAS, Mendes Jr entre outras, e o derrotado Belo Monte Energia, que tinha como sócios as estatais Furnas e Eletrosul, e a empreiteira Andrade Gutierrez.
Com as obras em andamento, no Rio Xingu, próximo do município de Altamira (PA), Belo Monte será a terceira maior hidrelétrica do mundo. A conclusão das obras é prevista para janeiro de 2019. Investimento total estimado em R$ 28,9 bilhões.



Obras da Usina Hidrelétrica de Belo Monte





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