A crise ganhou um novo componente:
veste farda e pilota tanques
veste farda e pilota tanques
A condução coercitiva de Lula para depor à procuradores da Lava-Jato
não foi o fato que marcou a escalada preocupante da crise política
que abala o país e ameaça derrubar o governo.
A crise ganhou um novo componente. Ele veste farda e tem porte de
arma. Sua entrada em cena foi fato importante do dia 04.mar.2016 em
que o país quase parou surpreso com o que acontecia em São Paulo.
Não é comum ver-se um ex-presidente da República, o primeiro
operário entre nós a chegar ao poder, ser conduzido por agentes
federais na condição de investigado em bilionário escândalo de
corrupção.
Nunca antes na história deste país ... O episódio serviu para
demonstrar a solidez de uma democracia reinaugurada por aqui há
apenas 31 anos. A lei deve ser igual para todos. Um ex-presidente
não merece tratamento especial.
O receio de que a ordem pública virasse desordem foi o que assustou
os militares, levando-os a se manifestarem por meio dos canais
disponíveis para isso. Há muito que eles não procediam assim.
Um batalhão do Exército, em São Paulo, foi posto de sobreaviso caso
os protestos contra e a favor de Lula resultassem em violência, e as
polícias militar e civil perdessem o controle da situação.
Geraldo Alckmin não foi o único governador avisado de que poderia
contar com a ajuda do Exército se pedisse ou se a presidente da
República a autorizasse.
Integrantes do Alto Comando do Exército telefonaram para os
governadores dos Estados mais sujeitos a conflitos entre militantes
políticos e os preveniram para a necessidade de manter a paz social.
O elenco de autoridades alcançadas pelos telefonemas de generais foi
mais amplo. E incluiu ministros de Estado e líderes de partidos, de
quase todos os partidos. Os do PT ficaram de fora.
A tensão entre os generais foi desatada quando militantes políticos
se agrediram diante do prédio onde Lula mora em São Bernardo. E
atingiu seu pico com o discurso de Rui Falcão, presidente do PT.
Enquanto Lula era interrogado na delegacia da Polícia Federal no
aeroporto de Congonhas, Falcão pregava a ida para as ruas dos
adeptos do PT e a realização de manifestações ruidosas. De imediato,
as várias instâncias do partido começaram a se mobilizar em
obediência à nova palavra de ordem.
Até então, a máquina do PT parecia inativa, perplexa. No twitter,
por exemplo, os termos mais em uso se referiam à prisão de Lula. Nas
horas seguintes, os termos mais populares passaram a ser “golpe” e
“ruas”.
Os generais estão temerosos com a conjugação das crises política e
econômica e com o que possa derivar disso. Cobram insistentemente
aos seus interlocutores do meio civil para que encontrem uma saída.
Não sugerem a solução A, B ou C. Respeitada a Constituição, apoiarão
qualquer uma — do entendimento em torno de Dilma ao impeachment ou à
realização de novas eleições. Mas pedem pressa.
Por inviável, mas também por convicções democráticas, descartam
intenções golpistas. Só não querem se ver convocados a intervir em
nome da Garantia da Lei e da Ordem como previsto na Constituição.
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