A Polícia Federal deflagrou a 24ª Fase da Operação Lava Jato — Operação Aletheia — com mandados de busca e apreensão na casa de Lula e em outros endereços ligados.
O ex-presidente foi levado a depor na PF, em São Paulo, e foi liberado depois de 3 horas. O Ministério Público Federal apura se Lula recebeu dinheiro ilícito de empreiteiras
O ex-presidente foi levado a depor na PF, em São Paulo, e foi liberado depois de 3 horas. O Ministério Público Federal apura se Lula recebeu dinheiro ilícito de empreiteiras
Há uma originalidade perversa na derrocada de Lula. É mais suicídio
político do que execução. Toda a movimentação de Lula nos últimos meses
foi autodestrutiva. Confrontado com indícios de favorecimento ilegal,
Lula fez pose de vítima. Com um desembaraço autocrático, o ex-presidente
produziu uma sequência de atentados contra sua própria reputação.
Numa estratégia de redução de danos, Lula protagonizou uma coreografia
de fuga. Recorreu até ao STF para retardar as investigações. Agiu como
se não devesse nada a ninguém, muito menos explicações. Em vez de
esclarecimentos, serviu mais da mesma velha tese da perseguição
política.
Submetido à orientação dos seus advogados, Lula esticou sua desconversa à
espera de novas delações. Era como se quisesse retardar sua versão,
para ajustá-la aos fatos que emergiriam das traições. Simultaneamente,
Lula humilhou a lógica ao detonar o ministro José Eduardo Cardozo por
“não controlar a Polícia Federal”. E ofendeu o bom senso ao estimular a
mobilização da infantaria petista.
A autoconfiança de Lula tornou-se irrisória depois que a Polícia Federal
bateu na porta de sua cobertura, em São Bernardo, na manhã de
sexta-feira (04.mar.2016). Munidos de ordem judicial expedida por Sérgio
Moro, juiz da Lava Jato, os agentes federais submeteram o ex-presidente
a uma rotina inimaginável até outro dia. Uma parte da equipe
varejou-lhe o apartamento. Outra, conduziu-o coercitivamente para
prestar o depoimento que o morubixaba do PT tentava retardar.
Realizaram-se batidas policiais também nas residências dos filhos de
Lula e na sede do instituto que leva o seu nome. Antes, a força-tarefa
da Lava Jato já havia quebrado os sigilos fiscal e bancário de Lula e
Cia.. Como um suicida didático, o investigado parece ter deixado pistas
primárias do seu relacionamento obscuro com as empreiteiras que
assaltaram a Petrobras. O sítio, o tríplex, os R$ 30 milhões em
palestras e doações ao Instituto Lula, isso e aquilo.
Ao levar Lula à alça de mira, os investigadores da Lava Jato tentam
obter resposta para a grande interrogação que sobreviveu ao escândalo do
mensalão. Quem é o chefe da organização criminosa que tomou o Estado
brasileiro de assalto? O mensalão apontou José Dirceu como mentor e
chefe da máfia. Lula protegeu-se atrás do frágil biombo do “eu não
sabia”.
O petrolão, uma reincidência hipertrofiada do mensalão, oferece ao
aparato de controle do Estado a oportunidade de subir um degrau na
hierarquia do descalabro. Dessa vez, os investigadores resolveram
homenagear a inteligência de Lula. Até um cego enxergaria o que se
passou na Petrobras. Partindo dessa obviedade, a força-tarefa da Lava
Jato colecionou indícios de crimes. E Lula foi informado de que as
instituições brasileiras já não aceitam tratá-lo como um ser
inimputável.
O Brasil está diante de um fato histórico. Onde o petismo vê perseguição
política não há senão avanço institucional. No momento, Lula precisa de
um lote de boas explicações, não de claques ou milícias de devotos.
Por tabela, a nova fase da Lava Jato alveja também Dilma Rousseff e seu
governo, em estágio de franco derretimento. Fraca e sem credibilidade, a
presidente perde seu protetor político. Lula ganhou outra prioridade:
proteger a própria pele. Sua pupila nunca esteve tão só. A economia está
em ruínas. Sua base congressual tem a consistência de um pote de
gelatina. E ela não demonstra capacidade de reação. No papel, Dilma
ainda dispõe de dois anos e nove meses de mandato. Vai precisar de um
milagre para se segurar no cargo por tanto tempo.
Cardozo receava que Lula fosse preso
O ministro José Eduardo Cardozo, que acaba de ser transferido da pasta
da Justiça para a Advocacia-Geral da União, temia que Sérgio Moro, o
juiz da Lava Jato, mandasse a Polícia Federal prender Lula. Em privado,
ele declarou há dois dias que o eventual encarceramento de Lula
provocaria uma “radicalização”. Nessa antevisão do ministro, a
militância petista, a CUT e movimentos sociais como o MST sairiam às
ruas para defender Lula. Para ele, a reação teria desfecho imprevisível.
Cardozo fez essas observações há dois dias. Era como se farejasse o que
estava por vir. Moro não mandou prender Lula. Mas ordenou que fosse
conduzido coercitivamente para prestar depoimento sobre as suspeitas que
o assediam. O que já foi suficiente para mobilizar sua infantaria de
devotos. No Planalto, auxiliares de Dilma temem que ocorram conflitos
durante as manifestações conta o governo marcadas para o dia 13 de
março.
“Querem o Lula. Depois, vão querer a Dilma. Agora, é ruas e guerra. Para impedir o golpe”, diz líder do governo José Guimarães
O líder do governo na Câmara dos Deputados, José Guimarães: “Vamos à guerra'' |
O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), dá o tom de como
será daqui para frente a política brasileira depois da operação da
Polícia Federal que conduziu o ex-presidente Lula coercitivamente para
prestar depoimentos na sexta-feira (04.mar.2016):
“Não tem mais mediação. Vamos reunir todos os diretórios estaduais do PT, os partidos da Frente Brasil Popular [que apoiou a reeleição de Dilma em 2014], a CUT. Vamos para cima. Se nós não mobilizarmos o país, eles derrubam a Dilma. Há uma ameaça à ordem democrática. As operações não podem ser feitas dessa forma. Primeiro, querem o Lula. Depois, vão querer a Dilma. Agora, é ruas e guerra. Não é guerra física, mas guerra política para impedir o golpe. Não podemos deixar que meia dúzia de procuradores imponham um golpe ao país”.
Guimarães falou, na manhã de sexta-feira (04.mar.2016), com os ministros
palacianos (que se reuniram com a presidente Dilma Rousseff no início
do dia). O PT vai começar a se mobilizar imediatamente, diz o líder do
governo.
Em nota, PT chama condução de Lula de 'ataque à democracia'
O presidente nacional do PT, Rui Falcão, divulgou uma nota no início da
tarde de sexta-feira (04.mar.2016) na qual diz que a condução coercitiva
do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi um "ataque à democracia e
à Constituição".
"A condução coercitiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
representa um ataque à democracia e à Constituição.Trata-se de novo e
indigno capítulo na escalada golpista que busca desestabilizar o governo
da presidente Dilma Rousseff, criminalizar o Partido dos Trabalhadores e
combater o principal líder do povo brasileiro", escreveu Falcão na
nota.
Mais cedo, Falcão havia divulgado um vídeo nas redes sociais em que
classificou a ação da PF de ser um "espetáculo midiático" e ter
orientação "política".
Na nota, ele reafirmou críticas à atuação da polícia e acrescentou que
Lula é alvo daqueles que, na opinião de Falcão, não aceitam o processo
de mudança promovido pelos governos do PT desde 2003.
"O ex-presidente Lula é o alvo maior de quem não aceita o processo de
transformação iniciado em 2003, marcado pela mudança de vida e o
crescente protagonismo dos trabalhadores da cidade e do campo",
continuou Falcão.
O presidente do PT criticou o que chamou de "festival de investigações
seletivas, vazamentos ilegais e atropelos de garantias individuais".
Segundo ele, as ações conta Lula são orquestradas por "forças
conservadoras".
"Estes mesmos grupos reacionários, no passado, recorriam aos quartéis.
Agora aliciam inimigos da democracia nos tribunais, no Ministério
Público e na Polícia Federal, estimulados e protegidos pela imprensa
monopolista", critica o texto.
Veja a íntegra da nota do PT:
"NOTA OFICIAL DA PRESIDÊNCIA NACIONAL DO PTA condução coercitiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva representa um ataque à democracia e à Constituição.Trata-se de novo e indigno capítulo na escalada golpista que busca desestabilizar o governo da presidente Dilma Rousseff, criminalizar o Partido dos Trabalhadores e combater o principal líder do povo brasileiro.Setores do aparato policial e judicial do Estado, mancomunados com grupos de comunicação e a oposição de direita, são o centro dirigente de uma operação destinada a subverter o resultado das urnas.O festival de investigações seletivas, vazamentos ilegais e atropelos de garantias individuais evidencia que a nação está sendo sangrada pela construção de um regime de exceção e arbítrio, sob o comando de forças conservadoras cujo único objetivo é voltar ao governo a qualquer custo.Estes mesmos grupos reacionários, no passado, recorriam aos quartéis. Agora aliciam inimigos da democracia nos tribunais, no Ministério Público e na Polícia Federal, estimulados e protegidos pela imprensa monopolista.O ex-presidente Lula é o alvo maior de quem não aceita o processo de transformação iniciado em 2003, marcado pela mudança de vida e o crescente protagonismo dos trabalhadores da cidade e do campo.O Partido dos Trabalhadores, nesse momento de afronta ao sistema democrático e à soberania popular, reafirma a mobilização permanente da militância. Os petistas estão chamados a defender, ao lado de nossos aliados, nas ruas e nas instituições, as regras constitucionais e a inocência do ex-presidente Lula.Que não se iludam os pescadores das águas turvas do golpismo: o povo brasileiro, do qual o ex-chefe de Estado é seu filho mais ilustre, saberá resistir e derrotar as forças do ódio e do retrocesso.Rui FalcãoPresidente Nacional do Partido dos Trabalhadores"
Dilma se diz inconformada com caso de Lula e indignada
com o de Delcídio — Presidente se defendeu das acusações contidas em delação premiada de senador
com o de Delcídio — Presidente se defendeu das acusações contidas em delação premiada de senador
A presidente Dilma Rousseff na sexta-feira (04.mar.2016) em pronunciamento no Palácio do Planalto |
A presidente Dilma Rousseff manifestou na sexta-feira (04.mar.2016) em
pronunciamento no Palácio do Planalto o "mais absoluto inconformismo"
com a "desnecessária condução coercitiva" do ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva e "indignação" com os termos da delação premiada do
senador Delcídio do Amaral.
Ao lado de 12 ministros, Dilma iniciou o pronunciamento, para o qual os
jornalistas foram convocados em um dos salões do Palácio do Planalto,
com um breve comentário sobre o episódio da condução coercitiva de Lula
para depoimento aos investigadores da Operação Lava Jato em São Paulo.
"Quero manifestar o meu mais absoluto inconformismo com o fato de o
ex-presidente Lula, que por várias vezes compareceu de forma voluntária
para prestar esclarecimentos perante as autoridades, seja agora
submetido a uma desnecessária condução coercitiva para prestar mais um
depoimento", disse.
Em seguida, ela se dedicou a falar sobre o conteúdo do depoimento em
delação premiada do senador Delcídio do Amaral (PT-MS), no qual ela é
acusada de tentar interferir nas investigações da Operação Lava Jato e
de ter conhecimento do esquema de corrupção na Petrobras.
Ao falar sobre o trecho da delação de Delcídio na qual o senador disse
que ela nomeou um ministro do STJ para beneficiar empresários
denunciados na Lava Jato, Dilma disse que jamais tratou do assunto com o
senador.
"Do ponto de vista institucional, não teria nenhuma razão a pedir com um
senador para conversar com um juiz. Não é o senador que participa dos
processos de nomeação dos ministros do STJ e nem do Supremo. Nomeei 16
ministros do STJ e 5 do Supremo. É absolutamente subjetiva e insidiosa a
fala do senador, se ela foi feita", declarou.
Interferência na Lava Jato — A presidente também negou acusação,
supostamente contida na delação de Delcídio do Amaral, de que teria
tentado interferir nos processos da Operação Lava Jato em reunião com o
presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, ocorrida em
Portugal no ano passado.
Dilma disse que, no encontro, tratou apenas de um projeto de lei que
reajustava os salários de servidores do Judiciário. “Em nota, o
presidente da Suprema Corte desmentiu essa absurda versão. O objeto
dessa reunião foi a discussão de um projeto de lei que tratava do
reajuste dos servidores do Poder Judiciário”, afirmou.
Refinaria de Pasadena — A presidente também disse que forneceu ao
procurador-geral informações sobre a compra de usina de Pasadena, no
Texas, quando as primeiras denúncias de irregularidades na aquisição
surgiram. Na delação, Delcídio teria dito que Dilma sabia que havia um
esquema de superfaturamento por trás da compra da refinaria de Pasadena.
Ela destacou, no pronunciamento, que Rodrigo Janot arquivou pedido de
investigação por não encontrar elementos de que tenha havido
ilegalidade.
“Foi noticiado que a questão relativa a Pasadena tinha sido arquivada.
Observo que, nas declarações atribuídas ao senador, nenhum elemento
concreto, nenhum elemento novo, foi apresentado de forma a propiciar
alteração na compreensão firmada pelo procurador-geral”, disse.
Vazamento de delação — Durante a sua fala, Dilma afirmou também
que é "lamentável" o vazamento de "hipotética delação premiada" de
Delcídio do Amaral que, se chegou a ser feita, segundo disse, foi com o
"objetivo único" de atingir a ela e ao governo.
Para ela, esse objetivo é "mesquinho" e "imoral", além de um desejo de
"vingança" por parte de Delcídio, líder do governo Dilma no Senado entre
abril e novembro de 2015, quando foi preso na Operação Lava Jato,
acusado de tentar obstruir as investigações.
Segundo os investigadores da Operação Lava Jato, o senador tentou
obstruir o andamento das apurações oferecendo uma mesada de R$ 50 mil e
fuga para a Espanha para o ex-diretor da área internacional da Petrobras
Nestor Cerveró para que ele não fechasse acordo de delação.
'Me senti um prisioneiro', diz Lula sobre
condução coercitiva em São Paulo
condução coercitiva em São Paulo
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva faz pronunciamento na sede do Partido dos Trabalhadores (PT) em São Paulo |
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse na tarde de sexta-feira
(04.mar.2016) que se sentiu "prisioneiro" por ter sido levado
coercitivamente para prestar depoimento à Polícia Federal. Ele depôs no
Aeroporto de Congonhas, na Zona Sul de São Paulo e, em seguida, foi à
sede nacional do PT, no Centro da capital paulista, onde fez um
pronunciamento.
O presidente afirmou ainda que "acertaram o rabo da jararaca", mas "não
mataram". E também falou sobre a presidente Dilma Rousseff: "Não
permitem que a Dilma governe esse país".
Lula é alvo da 24ª fase da Operação Lava Jato, que foi deflagrada na
sexta-feira (04.mar.2016). Além do depoimento, foi realizada busca a
apreensão em sua casa, na sede do Instituto Lula e outros locais ligados
ao petista. Investigadores suspeitam que o ex-presidente tenha recebido
vantagens indevidas de empreiteiras suspeitas de desvios na Petrobras.
Depoimento na PF — "Me senti prisioneiro hoje de manhã", afirmou
diante de militantes. "Já passei por muita coisa na minha vida. Não sou
homem de guardar mágoa, mas nosso país não pode continuar assim. Nosso
país não pode continuar amedrontado."
Ele disse que "jamais se recusaria a prestar depoimento. Não precisaria
ter mandado uma coerção". "Era só ter convidado. Antes deles, nós já
éramos democratas." "Se o juiz [Sérgio] Moro e o Ministério Público
quisessem me ouvir, era só ter me mandado um ofício e eu ia como sempre
fui porque não devo e não temo", declarou.
'Cabeça erguida' — O ex-presidente voltou a dizer que é inocente e
que está de "cabeça erguida". "Fiquei indignado com esse processo de
suspeição. Se a PF encontrar um real de desvio na minha conduta, eu não
mereço ser desse partido".
Ele afirmou que "não vai baixar a cabeça" e que, a partir da semana que
vem, está disposto a discursar pelo país. "O que fizeram com esse ato
hoje foi fazer com que, a partir da semana que vem, me convidem, que eu
estarei disposto a andar esse país."
Lula disse que "nem tudo está perdido" e ele e o partido vão
"recomeçar". "O que aconteceu hoje é o que precisava acontecer para o PT
levantar a cabeça. [...] O que aconteceu hoje, embora tenha me
ofendido, me magoado ... Eu me senti ultrajado. Se quiseram matar a
jararaca, não mataram a jararaca, pois bateram no rabo, não na cabeça.
Quero dizer que a jararaca tá viva."
Críticas à Justiça — Ele criticou parte da Justiça e disse que,
por "prepotência e arrogância", fizeram um show de "pirotecnia" com a
deflagração da operação da Lava Jato.
“Enquanto os advogados não sabiam nada, alguns meios de comunicação já
sabiam. É lamentável que uma parcela do Poder Judiciário brasileiro
esteja trabalhando em associação com a imprensa.” E acrescentou:
“Antigamente, você tinha a denúncia de um crime, ia investigar se
existia e prender o criminoso. Hoje a primeira coisa que se faz é
determinar quem é o criminoso”.
O ex-presidente Lula disse que a democracia precisa de "instituições
fortes". "É importante que os procuradores saibam que uma instituição
forte tem que ter profissionais responsáveis."
Perdão à família — Lula pediu perdão aos parentes. “Queria pedir
desculpas a Marisa e meus filhos pelos transtornos que eles passaram“,
disse. “Não há nenhuma explicação de irem atrás dos meus filhos a não
ser o fato de eles serem meus filhos.”
Crise política — O ex-presidente também comentou a crise
política. “Eu deixei a Presidência e achei que tinha cumprido com a
minha tarefa. Ao eleger a Dilma, achei que tinha consagrado minha vida."
"Eu deixei a presidência e achei que tinha cumprido com a minha tarefa.
Eu sinceramente achei que ao eleger a Dilma eu tinha consagrado a minha
vida, porque eu tinha duas teses: o presidente bom é aquele que se
reelege. Um 'bibom' é aquele que faz sucessor. Então, me considerava
‘bibom’, e fiquei ‘tribom’ quando reelegi a Dilma. E eles estão, desde
26 de outubro de 2014, não permitindo que a Dilma governe esse país.”
Ele citou uma crítica de um delegado às mudanças no Ministério da
Justiça, que dizia que a Polícia Federal precisava de autonomia. "Se tem
alguém nesse país que precisa de autonomia é a presidente da
República", disse. "Ninguém quer que essa mulher governe o país. Estão
cerceando a capacidade dela governar o país."
Ataques contra o PT — O ex-presidente disse que as conquistas
sociais de seu governo "incomodaram muita gente" e que hoje no Brasil
"ser amigo de Lula é uma coisa criminosa". Segundo ele, há uma tentativa
de "criminalizar o PT".
Valor das palestras — Lula justificou o alto valor de suas
palestras. “Ninguém queria que eu discutisse sexo dos anjos. As pessoas
queriam que o Lula falasse das coisas que fez no Brasil. Que milagre fez
para aprovar o Prouni, o Fies, para levar energia a 15 milhões de
pobres nesse país”, disse.
“Por isso me transformei no conferencista mais caro do mundo junto com o
Bill Clinton [ex-presidente dos EUA]. Várias empresas que agenciam
professores, todo mundo queria me empresariar. Aqui no Instituto, quem
vai empresariar somos nós do Instituto. E quando vai cobrar vai cobrar
igual o Clinton”, disse. “Não tenho complexo de vira-lata. Eu sei o que
fiz pelo país.”
Críticas à imprensa — O ex-presidente criticou a mídia pelas
reportagens sobre as investigações da Lava Jato. Ele citou um barco
supostamente de sua mulher, Marisa Letícia, e pedalinhos em um sítio em
Atibaia. Sobre o terreno, disse: “Uso a chácara de um amigo porque os
inimigos não me oferecem”.
Presentes — Sobre os contêineres de coisas que retirou do Palácio
do Planalto ao fim do mandato, disse que foi o presidente brasileiro
"que mais ganhou presentes", porque foi "o que trabalhou mais" e o que
"viajou mais".
O Ministério Público Federal (MPF) suspeita que a OAS, empreiteira
investigada na Lava Jato, pagou pelo transporte dos materiais até o
sítio em Atibaia (SP) que é frequentado por Lula.
Defesas — Mais cedo, o Instituto Lula divulgou nota dizendo que a
24ª fase da Lava Jato foi "arbitrária, ilegal e injustificável". A
assessoria reafirmou ainda que Lula não recebeu vantagem indevida antes,
durante ou depois do seu mandato como presidente da República.
Em nota, PT chamou a condução de Lula de "ataque à democracia e à
Constituição". A defesa do ex-presidente pediu ao Supremo Tribunal
Federal (STF) a suspensão da nova fase da Lava Jato, alegando que a
condução coercitiva foi "desnecessária".
Depoimento — Lula depôs no pavilhão das autoridades do aeroporto
de Congonhas por mais de três horas. Lula seguiu para a sede do
diretório do Partido dos Trabalhadores, no Centro de São Paulo.
A notícia que o ex-presidente foi conduzido coercitivamente por
policiais federais para prestar depoimento se espalhou rapidamente e
movimentou a frente do prédio onde reside o petista, em São Bernardo do
Campo, no ABC, e o saguão do Aeroporto de Congonhas.
Após o fim do depoimento, uma grande confusão se instalou na frente do
aeroporto. Um grupo de manifestantes pró-Lula gritava frases como "Não
vai ter golpe" e "Lula guerreiro do povo brasileiro".
O presidente nacional do PT, Rui Falcão, divulgou uma nota no início da
tarde na qual diz que a condução coercitiva do ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva foi um "ataque à democracia e à Constituição".
Investigações — De acordo com o Ministério Público Federal (PMF),
a ação foi deflagrada para aprofundar a investigação de possíveis
crimes de corrupção e lavagem de dinheiro oriundo de desvios da
Petrobras, praticados por meio de pagamentos dissimulados feitos por
José Carlos Bumlai e pelas construtoras OAS e Odebrecht ao ex-presidente
Lula e pessoas associadas;
Há evidências de que o ex-presidente recebeu valores oriundos do esquema
Petrobras por meio da destinação e reforma de um apartamento triplex e
do sítio em Atibaia, da entrega de móveis de luxo nos dois imóveis e da
armazenagem de bens por transportadora. Também são apurados pagamentos
ao ex-presidente, feitos por empresas investigadas na Lava Jato, a
título de doações e palestras.
No dia 29 de fevereiro, o procurador da República Deltan Dallagnol
enviou uma manifestação à ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal
Federal (STF), defendendo que uma investigação em curso sobre
propriedades atribuídas ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva seja
mantida dentro da Operação Lava Jato, a cargo do Ministério Público
Federal no Paraná.
Coordenador da força-tarefa da Lava Jato no Paraná, Dallagnol destacou
que possíveis vantagens supostamente recebidas por Lula de empreiteiras
teriam sido repassadas durante o mandato presidencial do petista.
Nenhum comentário:
Postar um comentário