quarta-feira, 2 de março de 2016


Brasil é 'referência mundial em aleitamento materno'






Em 30 anos, o Brasil aumentou em cerca de 20 vezes o número de bebês de até 6 meses que são amamentados exclusivamente, como preconiza a Organização Mundial da Saúde (OMS). A conclusão é de um estudo publicado pela revista científica The Lancet e divulgado na quarta-feira, 02.mar.2016, em evento na Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), em Brasília.
Cientistas analisaram dados sobre aleitamento materno em 153 países e verificaram que o Brasil cumpre todas as ações recomendadas para uma política integrada de incentivo à amamentação. No entanto, 61% das crianças de até 6 meses não são alimentadas exclusivamente com o leite da mãe. Outra preocupação do epidemiologista César Victora, um dos líderes da pesquisa, é de que os dados mais atuais sobre o tema, no País, são de 2006. "Não podemos passar dez anos sem um diagnóstico nacional completo", apelou Victora ao Ministério da Saúde, presente no evento.
Ainda assim, os resultados mostram que o Brasil evoluiu. De acordo com o estudo, se em 1986 as crianças brasileiras eram amamentadas por apenas 2,5 meses (exclusivamente ou não), em 2006 esse período passou para 14 meses. As análises mostraram que as brasileiras amamentam mais que as britânicas, as americanas e as chinesas, sendo as líderes no aleitamento de bebês de até 6 meses e de até 12 meses.
Tais conquistas levaram a Opas a reconhecer o País como "referência mundial em aleitamento materno". A publicação na The Lancet cita a regulamentação da lei da amamentação (que limita a venda de substitutos do leite), a licença-maternidade de até 6 meses, os processos de certificação e capacitação de hospitais e profissionais que incentivam a prática e a rede de bancos de leite humano em mais de 200 estabelecimentos.
Se a prática é "protegida, promovida e apoiada", diz o artigo, as mulheres são 2,5 mais propensas a amamentar. Outra conclusão do estudo é a de que perdas cognitivas associadas ao não aleitamento somam US$ 302 bilhões por ano, uma vez que crianças que não são amamentadas serão menos produtivas e inteligentes no futuro, como já comprovado em outra pesquisa de Victora, professor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel).






Amamentação: tire suas dúvidas

Intervalos — Supervisora da equipe de enfermagem da maternidade do Hospital e Maternidade São Luiz Itaim, em São Paulo, Márcia Kuriki Borges orienta que as mães não ultrapassem quatro horas entre uma mamada e outra, porque o bebê pode ter hipoglicemia.

Mama não é chupeta — Os intervalos de quatro horas devem ser respeitados mesmo que seja necessário acordar o bebê. Nesse caso, Márcia aconselha que a mãe estimule o filho a mamar fazendo massagem nas costas dele, cócegas nos pés ou tirando a roupa dele, de forma que ele fique desperto e mame.

Não existe leite ruim — Todo leite materno é bom e insubstituível para o bebê nos primeiros seis meses de vida. Pode acontecer de ele pegar só o bico, o que é errado e consequentemente não vai conseguir mamar a quantidade certa. Segundo Márcia, ele tem de abocanhar a aréola e o fazer com a boca bem aberta.

Forma correta de segurar o bebê — Márcia explica maneiras corretas de segurar o bebê: em uma delas, a nuca dele fica na região do cotovelo da mãe e a barriga dele fica junto à da mãe, enquanto o braço que fica para baixo fica na lateral do corpo da mãe. Também é possível amamentar na posição invertida: o bebê fica lateralizado, sua barriga fica na lateral do corpo da mãe e o braço do mesmo lado segura o corpo do bebê. A mão da mãe apoia a nuca do recém-nascido, e o antebraço o segura.

Concentração de remédios no leite — Os medicamentos apresentam baixa concentração no leite. Mesmo assim, é indicado que a mãe descarte o leite retirado algumas horas depois de tomado o remédio, no qual seus componentes estão mais concentrados, e oferecer um outro, colhido mais tarde.

Procure por médicos atenciosos — O pediatra Moisés Chencinski acredita que parte de seus colegas de profissão não ajudam as mães em suas angústias com o aleitamento materno. Ele defende que os médicos sejam mais presentes no processo de orientação e se preocupem em desconstruir boatos falsos a respeito do tema.

Leite materno é fundamental para o desenvolvimento do bebê — Uma pesquisa da Universidade Federal de Pelotas, com 3,5 mil recém-nascidos, mostra que crianças amamentadas por mais de um ano têm escolaridade 10% superior àquelas que não completaram um mês de alimentação com leite materno.

Apoio papal — O Papa Francisco já se posicionou a favor da amamentação em público, em tentativa de eliminar o conceito imoralidade que envolve o ato.




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