Instituto Lula abre sede para mostrar a jornalistas 'estragos' da operação da PF — prédio da entidade foi alvo de buscas e apreensões na
24ª fase da Lava Jato
A equipe do Instituto Lula decidiu abrir as portas da casa onde fica o
setor administrativo, financeiro e de comunicação da entidade para
mostrar os "estragos" deixados no prédio após as ações de busca e
apreensão conduzidas pela Polícia Federal na sexta-feira (04.mar.2016),
quando foi deflagrada a 24ª fase da Operação Lava Jato.
O prédio foi um dos alvos da ação, onde a PF apreendeu documentos e
computadores. A ação de abertura da casa para a imprensa faz parte da
estratégia de comunicação traçada pela direção do instituto com o
ex-presidente, de aproveitar o momento de avaliação de que a Lava Jato e
o juiz Sérgio Moro teriam exagerado ao conduzir Lula a força para
depor.
O entendimento é que abre-se uma brecha com a opinião pública para
mostrar que Lula e o PT são vítimas de uma operação usada politicamente.
Celso Marcondes, diretor do Instituto Lula, classificou a ação da PF de
"desnecessária" e disse que a equipe do instituto ficou "absolutamente
indignada" com o caráter da ação na sede da instituição. "Nossa
privacidade foi devassada", afirmou.
Dentro do prédio, Marcondes mostrou a jornalistas documentos revirados,
caixas onde ficavam documentos e acervo do ex-presidente rasgadas e até
uma porta arrombada, que dá acesso à sala do setor administrativo e
financeiro. "Aquela porta arrombada foi um absurdo, é a sala do
administrativo e do financeiro e a única sala daqui que fica trancada,
mas a chave fica com uma das moças, então ninguém pediu a chave,
arrombaram, foi completamente desnecessário aquilo", afirmou.
"Não tinha absolutamente nenhuma necessidade de fazer uma operação com
200 homens, usar toda essa violência, truculência, essa demonstração de
força." O diretor disse ainda que o juiz Sérgio Moro fez um "mal" ao
País ao autorizar a condução coercitiva de Lula. "O Moro fez um mal para
o País, porque acho que os ânimos hoje estão muito mais acirrados. Se
havia um clima de divisão, de acirramento, de ódio, acho que depois de
sexta-feira (04.mar.2016) jogaram gasolina na fogueira."
Marcondes pontuou que Lula já prestou três depoimentos ao Ministério
Público Federal, com horário marcado. Em outubro, o ex-presidente falou
sobre palestras pagas por empreiteiras, em dezembro depôs no âmbito da
Lava Jato e, em janeiro, na Zelotes. Em fevereiro, Lula conseguiu adiar
um depoimento que daria ao Ministério Público paulista, em processo
conduzido pelo promotor Cássio Conserino sobre o tríplex no Guarujá. O
diretor do instituto destacou a diferença dessa situação.
"Lula já prestou três depoimentos com data e hora marcada, para o
Ministério Público Federal. Ele não prestou o quarto, pra São Paulo, pro
procurador Conserino, porque (o processo) estava cheio de
irregularidades, mas está pronto e disposto para fazer todos os
depoimentos necessários."
O OUTRO LADO — A Polícia Federal afirmou que o
arrombamento foi necessário porque a sala estava trancada e pela falta
de cooperação de todos no Instituto Lula. Ainda de acordo com a Polícia
Federal, o mandado de busca e apreensão permite esse tipo de ação.
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