sexta-feira, 4 de março de 2016


Economia brasileira sofre queda de 3,8% em 2015
o maior tombo dos últimos 25 anos






A economia brasileira teve uma queda de 3,8% em 2015. É a maior recessão em 25 anos.
Na conta do Produto Interno Bruto, o PIB, entraram os valores dos bens e serviços que a nossa economia produziu no ano passado. Olhando pelo lado de quem produz, a indústria levou um tombo de 6,2%, o maior dos últimos 19 anos. Nesse mesmo período, o setor de serviços nunca tinha caído. Ele engloba os bancos, supermercados, cabeleireiros ... É o que mais emprega no Brasil. Só a agropecuária se salvou, com aumento da colheita de milho e soja.
Pelo lado das despesas, caíram tanto os gastos do governo quanto o consumo das famílias, que é o grande motor da economia. E os investimentos encolheram 14%. Os empresários deixaram de comprar máquinas e equipamentos — um sinal de preocupação com o futuro da economia.
O PIB só não foi pior por causa das exportações, que subiram 6%, com o real valendo menos.
O que todos esses números traduzem é a realidade de milhões de brasileiros, que têm sofrido os efeitos da crise todos os dias.
O ano de 2015 e o sonho de uma década estão terminando agora.
A economia é como se fosse um grande círculo formado por todos nós. Nele estão o empresário, o trabalhador e o Estado que arrecada os impostos. Quando elos do círculo, quando pessoas, perdem o emprego, as empresas desaparecem ou perdem força, essa roda gigantesca que é a economia do país vai ficando fraca e gira cada vez mais devagar. E todo mundo sai perdendo.
O PIB não é nada mais que o retrato do que essas pessoas estão vivendo.
“A gente tem um problema gravíssimo nas contas públicas brasileiras e nenhuma perspectiva de solução a curtíssimo prazo. Então isso é algo que está minando a confiança do empresariado, dos consumidores. E aí é um círculo vicioso, porque, se o consumo cai, a produção cai e o desemprego aumenta de novo. Nesse ambiente, os investimentos, que significam aumento da capacidade produtiva, também despencam”, explica a economista da UFRJ, Margarida Gutierrez.

Além da recessão, brasileiros enfrentam inflação alta e persistente

Além do encolhimento do PIB, que elimina empregos, a nossa economia ainda tem passado por outro problema grave.
Não é só recessão: os brasileiros enfrentam também uma inflação alta e persistente. Com a recessão, a inflação tinha que ser baixa porque tem menos gente comprando. Mas em 2016 ela começou alta — reflexo de 2015, quando a inflação foi de 10,7%. Mais da metade veio do aumento do dólar e do forte reajuste de preços controlados pelo governo, principalmente energia.
“Este ano muito provavelmente que a gente vai ver por exemplo na conta de energia elétrica subindo muito pouco ou subindo nada. A gente espera que a inflação desacelere, tem todos os motivos pra inflação cair esse ano”, diz a economista Tatiana Pinheiro, do banco Santander.
A previsão dos economistas é que ela reduza um pouco, abaixo dos 8%.






A combinação de inflação, recessão e desemprego subindo cria um cenário desanimador. Estamos no começo de março e muita gente já considera 2016 um ano perdido. Fica aquela sensação de que a crise não vai terminar nunca. Mas se a gente olhar para a história econômica do país, nós vamos ver que já passamos por várias recessões e em todas elas, em algum momento, o Brasil se recuperou.
Nos últimos 115 anos, o Brasil passou por nove crises econômicas importantes. Guerras mundiais e crises financeiras provocaram quatro recessões de 1900 até 1943. Depois tivemos ciclos recessivos no forte ajuste feito pelo regime militar, na crise da dívida externa, no confisco do plano Collor, na crise da Rússia e adoção do câmbio flutuante. E a de agora, que começou em 2014 e promete continuar em 2016.
O economista Fernando Sampaio, da LCA Consultores, reforça que toda crise tem o seu fim.
“Como é que o Brasil saiu de recessões anteriores? Com forte ajuda das exportações. A recessão vai criando alguns elementos que facilitam a retomada, seja redução de custos que reforçam a competitividade, seja redução de inflação. Mas a gente sabe, pela história, que as recessões não duram indefinidamente. Mesmo as mais graves, como a da Argentina no começo desse milênio, têm uma hora que se esgota”, avalia.




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