Celular usado por Lula estava em nome de um laranja
O ex-presidente Lula de fato não tinha celular próprio. Seu segurança,
Valmir Moraes da Silva, que o acompanha há mais de dez anos, é quem lhe
cedia o aparelho toda vez que precisava contatar alguém. O celular,
contudo, também não era oficialmente de seu auxiliar. Estava registrado
no nome de um laranja. É por isso, segundo a Lava Jato, que o
ex-presidente falava tão livremente ao telefone, mesmo sabendo que todos
os seus passos estavam sendo monitorados.
A força-tarefa notou que, do número usado pelo segurança de Lula,
partiam muitas ligações para alvos já grampeados pela Lava Jato. Foi
questão de tempo até que se descobrisse que a linha servia ao petista.
O ex-presidente não tinha uma linha de celular em seu nome, mas a Lava
Jato apreendeu seis aparelhos apenas em seu apartamento, em São
Bernardo.
A aparição de Dilma nos grampos surpreendeu até investigadores mais
experientes: “Presidente da República não liga para tratar de assunto
delicado. Manda emissário”, disse um deles após ouvir conversas entre a
petista e Lula.
Aos olhos da Lava Jato, Sergio Moro foi meticuloso: se esperasse, após
Lula ter tomado posse, não poderia tornar público os grampos telefônicos
e as evidências reunidas até agora.
E, depois de um dia apocalíptico, um membro da Lava Jato sentencia: “E isso é só a cereja do Dry Martini”.
No pior momento da crise, não havia ministro da Justiça. Somente às
19h30min de quarta-feira (16.mar.2016), com a publicação da edição extra
do Diário Oficial, Eugênio Aragão foi nomeado para o cargo.
Assim que os áudios se tornaram públicos, o comando da Polícia Federal
soltou uma ordem à corporação: policial nenhum deveria se manifestar. A
avaliação é que a PF ficará sob forte ataque a partir de agora.
O enfrentamento a Moro, postura adotada por petistas após a divulgação
dos grampos, deixou parte do governo preocupada. “Ele é o herói. Vamos
assumir o papel de vilões?”, questiona um auxiliar.
Assessores de Dilma avistavam a multidão que cercava o Palácio do
Planalto e não sabiam como reagir. Perguntavam-se como fariam a posse de
Lula.
Mais tarde, a cúpula do governo começou a repetir que “iria pra cima”.
Militantes foram convocados para a ir à Praça dos Três Poderes na manhã
seguinte. Oposicionistas também são esperados.
Segura essa A PGR vai analisar os grampos para decidir se investiga
Dilma por obstrução de Justiça. Mas a decisão só será tomada quando
Rodrigo Janot retornar ao Brasil, na semana que vem.
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