terça-feira, 8 de março de 2016


José Carlos Bumlai e o ex-presidente Lula



Dona Marisa, o ex-presidente Lula e José Carlos Bumlai


O aluguel da cobertura no ABC Paulista levou as investigações da Lava Jato, mais uma vez, ao pecuarista Bumlai.
José Carlos Bumlai e Luiz Inácio Lula da Silva se conheceram em 2002 durante a campanha eleitoral. Depois da vitória na eleição para o primeiro mandato, Lula e Bumlai se tornaram amigos.
As famílias se aproximaram. Uma das fotos no inquérito da Polícia Federal mostra que Bumlai frequentava as festas juninas que o então presidente e a primeira-dama, Dona Marisa, ofereciam na Granja do Torto, em Brasília.
No governo Lula, Bumlai tinha livre acesso ao Palácio do Planalto. Tanto que, a certa altura, funcionários do governo colocaram um aviso sobre Bumlai bem na entrada do prédio.
A imagem do pequeno cartaz foi publicada em 2011 pela revista “Veja”. Nele estava escrito: “O senhor José Carlos Bumlai deverá ter prioridade de atendimento na portaria principal do Palácio do Planalto, devendo ser encaminhado ao local de destino, após prévio contato telefônico, em qualquer tempo e em qualquer circunstância.”
Naquela época, o amigo de Lula era visto apenas como um bem-sucedido pecuarista e chegou a ser integrante do “conselhão”, o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social do governo. Quando veio a Lava Jato, ele começou a ser citado por envolvidos no esquema. No fim de novembro do ano passado, foi preso.
O lobista Fernando Baiano afirmou que Bumlai lhe pediu que pagasse R$ 2 milhões a uma nora do ex-presidente Lula, mas Bumlai nega esse pagamento.
O dono do banco Schahin disse que Bumlai pegou um empréstimo fraudulento no banco dele para repassar R$ 12 milhões ao PT.
Em troca desse empréstimo fraudulento, de acordo com as investigações, o grupo Schahin conseguiu um contrato de US$ 1,6 bilhão para operar um navio-sonda da Petrobras.
Bumlai acabou confirmando, em depoimento à Lava Jato, que fez o empréstimo a pedido do partido.



O ex-presidente Lula e José Carlos Bumlai


Recentemente, o nome de Bumlai foi citado pelo senador Delcídio do Amaral, suspenso do PT, no acordo de delação premiada.
Segundo a revista “IstoÉ”, Delcídio disse que Lula não queria que o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró mencionasse o esquema do pecuarista José Carlos Bumlai na compra de sondas superfaturadas feitas pela estatal. Cerveró é outro preso na Lava Jato.
Lula teria pedido "expressamente para que Delcídio ajudasse o Bumlai porque supostamente o pecuarista estaria implicado nas delações de Fernando Baiano e Nestor Cerveró", diz a revista.
Segundo a revista, Delcídio disse aos procuradores que, “ao contrário do que afirma Lula, Bumlai goza de total intimidade com o ex-presidente, representando de certa maneira o papel de conselheiro da família Lula”.
Delcídio também disse que Bumlai foi a pessoa que ficou responsável, em um primeiro momento, pelas obras do sítio de Atibaia, que o Ministério Público suspeita que seja do ex-presidente Lula.
Agora, com Bumlai preso há mais de três meses, surgiu um pequeno sinal de divergência entre as defesas de Lula e de Bumlai.
Em petição apresentada no final do mês passado ao Supremo Tribunal Federal, a defesa de Lula diz que Bumlai ofereceu a reforma no sítio em Atibaia.
Já os advogados de Bumlai dizem que o pecuarista recebeu um pedido de um integrante da família de Lula e só atuou no começo da obra.
“Ele se dispôs a ajudar e encaminhou para lá esses profissionais, e o pouco material que foi gasto nessa fase, o que dá aproximadamente 5% do custo do que foi a obra, ele acabou suportando e nunca cobrou isso do Lula” , diz Arnaldo Malheiros Filho, advogado de Bumlai.
Na semana que vem, o ex-presidente Lula vai ter que prestar um novo depoimento, desta vez à Justiça Federal, como testemunha de defesa de José Carlos Bumlai.
Em nota, o Partido dos Trabalhadores negou ter sido favorecido pelo empréstimo feito no banco Schahin. O PT declarou que todas as operações financeiras do partido foram realizadas estritamente dentro dos parâmetros legais e declaradas depois à Justiça Eleitoral.




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