sábado, 21 de junho de 2014


PRIMEIRO NANOSSATÉLITE GAÚCHO É LANÇADO DE BASE ESPACIAL NA RÚSSIA
NanosatC-BR1 tem equipamento que monitora partículas de alta energia sobre o Brasil, que podem afetar as comunicações.

Enquanto os olhos do mundo se voltam para a Copa, de forma discreta, o programa espacial brasileiro acaba de marcar um gol de placa. Foi lançado com sucesso da Rússia o primeiro nanossatélite nacional a chegar ao espaço, com o objetivo de estudar a interação do campo magnético terrestre com a radiação solar.
Levado por um foguete Dnepr russo, o NanoSatC-Br1 está numa órbita terrestre baixa de cerca de 600 km de altitude numa orientação polar. Múltiplas estações de recepção em terra, no Brasil e no exterior, captaram nas últimas horas os sinais do satélite, que deve em breve iniciar a coleta de dados científicos.
O artefato espacial, desenvolvido em parceria pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e pela UFSM (Universidade Federal de Santa Maria), consiste num pequeno cubo com modestos 11 centímetros de aresta.
É uma nova moda em programas espaciais do mundo todo — os chamados cubesats. Esses pequenos satélites têm custo modesto e são ideais para a realização de experimentos simples no espaço. O NanoSatC-Br1 custou cerca de R$ 800 mil, incluído aí o custo do lançamento com os russos.
O Brasil já havia desenvolvido um nanossatélite antes (mas não um cubesat). Contudo, ele jamais chegou a ir ao espaço, tendo sido destruído no acidente com o VLS (Veículo Lançador de Satélites), em Alcântara, em 2003.
O sucesso brasileiro marca não só a entrada do país nesse segmento como a possibilidade de desenvolver uma séries de projetos semelhantes, fazendo evoluir a indústria aeroespacial nacional. Já são previstos outros três lançamentos de nanossatélites brasileiros ainda para este ano.

Concepção artística do NanoSatC-Br1

Primeiro nanossatélite gaúcho foi lançado com sucesso
O primeiro nanossatélite produzido no Rio Grande do Sul, o NanosatC-BR1, foi lançado com sucesso na quinta-feira (19), na base espacial de Yasny, na Rússia, e está 100% operacional. O artefato foi desenvolvido pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas (Inpe).
Segundo o membro da Equipe de Rastreio e Controle de Nanossatélites, do programa Nanosatc-Br, Thales Mânica, já foram realizados teste de envio e recebimento de comandos. “Todos os procedimentos de operação foram concluídos com sucesso, e estão devidamente documentados. O NanosatC-BR1 está em órbita e transmitindo beacon em código Morse. É o primeiro nanossatélite universitário brasileiro da história em operação no espaço”.
Segundo o gerente do projeto no Centro Regional Sul (CRS/Inpe), em Santa Maria, e coordenador do Programa NanosatC-BR, Nélson Schuch, a união entre Inpe, UFSM e Secretaria da Ciência, Inovação e Desenvolvimento Tecnológico (Scit) não para neste primeiro satélite. “Já estamos com o segundo nanossatélite, o Nanosatc-Br2, praticamente pronto. Ele foi desenvolvido na UFSM e já está na sede do Inpe, em São José dos Campos (SP). Faltam apenas as cargas úteis e o artefato poderá ser lançado imediatamente. A previsão é 2015”, garante o coordenador.

NanosatC-Br1

Projeto
O NanosatC-Br1 é um pequeno satélite científico (pesa pouco mais de um quilo) e o primeiro cubesat desenvolvido no País, produzido em parceria com o CRS, Inpe e UFSM. A Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) e as empresas Emsisti, Innovative Solution in Space (ISS), companhia holandesa fornecedora da plataforma do cubesat, e a brasileira Lunus Aeroespacial também estiveram envolvidas na preparação.
O NanosatC-Br1 comporta dois instrumentos científicos, sendo um magnetômetro e um detector de partículas de precipitação para o monitoramento, em tempo real, do geoespaço, para o estudo da precipitação de partículas e de distúrbios na magnetosfera sobre o território nacional. Com isso, é possível determinar os efeitos em regiões como a da Anomalia Magnética no Atlântico Sul (Sama, sigla em inglês) e do setor brasileiro do eletrojato equatorial.
A Sama é uma “falha” do campo magnético terrestre nesta região, que fica sobre o Brasil. Como consequência desta anomalia, há um maior risco da presença de partículas de alta energia, que podem afetar as comunicações, redes de distribuição de energia, os sinais de satélites de posicionamento global (como o GPS), ou mesmo causar falhas de equipamentos eletrônicos, como computadores de bordo. O Inpe estuda e monitora o fenômeno há vários anos por meio do Centro de Informação e Previsão do Clima Espacial.

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