Convenção oficializou a candidatura de Tarso Genro ao governo gaúcho
Dezenas de militantes e políticos se reuniram no sábado (28), apesar da
chuva e da data que coincide com o jogo do Brasil na Copa do Mundo, para
o lançamento oficial das candidaturas da Unidade Popular pelo Rio
Grande. A coligação que defende as candidaturas do atual governador
Tarso Genro (PT), com Abigail Pereira (PCdoB) como vice e Olívio Dutra
(PT) para o senado une os petistas a PCdoB, PTB, PTC, PPL, PR e PROS.
A sede do PT, na Avenida João Pessoa, em Porto Alegre, ficou pequena
para abrigar todas as pessoas que tentavam ouvir os discursos dos
candidatos. Na convenção, o partido defendeu o projeto de governo feito
por Tarso enquanto governador e por Lula e Dilma no Brasil. Olívio
Dutra, um dos nomes mais conhecidos e queridos dentre os petistas,
resumiu o projeto da coligação ao afirmar que quer “um estado, cidade e
país para todos, e não para poucos”.
A oficialização do nome de Olívio como candidato ao Senado confirmou a
empolgação que sua candidatura trouxe à Unidade Popular. A última vez
que ele havia tentado um cargo público foi na disputa pelo Palácio
Piratini em 2006, quando foi derrotado por Yeda Crusius (PSDB) e depois
disso optou por ficar presidindo o diretório gaúcho do PT. Agora, seu
nome surge como uma alternativa da Unidade Popular para fazer frente à
candidatura do ex-jornalista da RBS Lasier Martins (PDT).
“Nós queremos um estado que não seja privatizado, que seja público.
Queremos reforma agrária, urbana, tributária e política”, afirmou Olívio
durante sua fala. Ele foi ovacionado pelos presentes, que cantavam
“Olívio de novo, senador do povo!”. Em entrevista à imprensa, Tarso
classificou como “extraordinária” a entrada de Olívio à campanha.
Sua fala foi seguida pela do governador Tarso Genro, que no inicio da
convenção vestia uma gravata lilás. Ele contou que muitos companheiros
de partido o questionaram sobre o porque dele estar utilizando a peça,
que não costuma integrar o vestuário dos políticos do PT, que preferem
adotar visuais mais casuais.
“Em primeiro lugar, estou vestindo lilás para homenagear as mulheres.
Mas também, porque quero tirar a gravata aqui. Tiro a gravata para
simbolizar o serviço, trabalho e unidade aqui presentes”, explicou,
destacando que “todo mundo aqui está sem gravata” ao tirar a peça.
Militantes saudaram Olívio Dutra com gritos de: “Olívio, de novo! Senador do Povo!” |
Críticas à mídia e adversários
Como é de costume em seus discursos, Tarso fez algumas críticas à grande
mídia, dizendo não ser “como aqueles que fizeram sua vida atacando a
política e os partidos, como faz a grande mídia no país”. Em entrevista à
imprensa após a convenção, ele destacou que o monopólio da mídia, no
entanto, não é mais tão grande quanto há dez anos, devido ao surgimento
das redes sociais e de “novos órgãos de imprensa locais e regionais que
fazem um contraponto”.
O governador ressaltou ser contra qualquer tipo de censura ou controle
de conteúdo, mas lembrou que “se fosse pela mídia, o Lula jamais teria
sido eleito. Se fosse pela mídia, não existia Bolsa Família, ProUni,
política para agricultura familiar”. Ele afirmou que quer ser reeleito
para que “o Rio Grande não volte para o atraso, repressão a movimentos
sociais e autoritarismo”.
O governador destacou as “grandes lutas e transformações” feitas pelo
povo gaúcho ao longo da história, destacando a participação do PT no
combate à ditadura e na campanha da legalidade, aproveitando para
criticar as escolhas recentes do PDT: “Leonel Brizola deve estar se
revirando na tumba pelos acordos feitos por seu partido”, brincou,
referindo-se às alianças do partido na chapa composta por PEN, DEM, PSC e
PV.
Tarso destacou a necessidade da união e do “discurso transformador”. Ele
também alfinetou a candidata de oposição Ana Amélia Lemos (PP), sem
citar seu nome, mencionando que “agora tem uma candidata que está
processando seu próprio partido”. Ele se refere ao processo protocolado
pela candidata e outras lideranças de diretórios do PP do Rio Grande do
Sul, de Minas Gerais, de Santa Catarina e do Rio de Janeiro para anular a
decisão da executiva nacional do partido de apoiar a presidenta Dilma
Rousseff (PT), que foi negada em caráter liminar na sexta-feira (27)
pelo Tribunal Superior Eleitoral.
Militantes, lideranças e políticos lotaram o auditório da sede do PT de Porto Alegre |
Copa do Mundo e dívida externa
Para finalizar seu discurso, Tarso falou da Copa do Mundo, lembrando que
os adversários políticos “apostaram tudo em ligar o fracasso da Copa ao
fracasso do governo”, o que não se concretizou. “Agora todo mundo está
dizendo que essa é a melhor Copa”, afirmou, atribuindo isso a governo
“com princípios e boa administração”.
Para ele, apesar de a conquista do título mundial ser importante, o
sucesso da Copa já está concretizando com os elogios internacionais e
tranquilidade com que o evento está ocorrendo. “O Brasil já é vitorioso,
a presidenta Dilma já é vitoriosa”, reiterou.
Questionado sobre as críticas dos adversários quanto à dívida externa,
Tarso se mostrou tranquilo em responder que as opiniões são coerentes
com a visão que seus oponentes tem. “O que eles queriam é aumentar o
arrocho salarial e diminuir o serviço público. Esse é o dogma que está
sendo aplicado na Espanha, sendo defendido pelo Aécio Neves (PSDB,
candidato à presidência) e que identifica o projeto neoliberal em todo o
mundo”, esclareceu.
Ele disse que o PT tem uma visão diferente, de apostar no serviço
público. “Tem que sair da crise crescendo, mas não colocando nas costas
dos mais pobres, como querem fazer nossos adversários. Cada um tem a sua
escola de pensamento econômico”, resumiu.
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