BARBOSA MARCA PARA QUARTA-FEIRA, 25 DE JUNHO, ANÁLISE DE PEDIDOS DE MENSALEIROS
Trabalho externo de Dirceu e prisão domiciliar de José Genoino serão julgados
O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF) |
O ex-ministro José Dirceu pediu ao ministro Luís Roberto Barroso que
mude sozinho a decisão do presidente do Supremo, Joaquim Barbosa, sobre o
seu pedido de trabalho externo. A petição foi apresentada no dia
seguinte a Barbosa anunciar que deixaria a relatoria de todos os
processos relativos ao mensalão acusando advogados de agir
“politicamente” no caso. Apesar do pedido Barbosa marcou para a próxima
quarta-feira, dia 25 de junho, o julgamento de pedidos de condenados no
mensalão relativos ao cumprimento de suas penas. Está na pauta a decisão
sobre prisão domiciliar para José Genoino e sobre a concessão de
autorização para trabalho externo de José Dirceu, Delúbio Soares, Romeu
Queiroz e Rogério Tolentino. Barbosa abriu mão de relatar os processos
nesta semana e o ministro Luís Roberto Barroso assumiu a função.
Assinado pelos advogados Rodrigo Dall'acqua e Camila Torres Cesar, o
pedido de Dirceu protocolado na quarta-feira (18). Eles relatam que a
Procuradoria-Geral da República opinou pela reversão da decisão de
Barbosa de rejeitar a concessão do direito a trabalho externo para
Dirceu. Diferente das petições apresentadas anteriormente em que pediam
apenas a discussão do tema em plenário, a defesa solicita uma
reconsideração por meio de uma nova decisão de Barroso. Somente se o
novo relator concordar com Barbosa o tema deveria ir a plenário, na
visão da defesa.
“Requer-se seja reconsiderada a decisão agravada, ou, existindo
entendimento contrário, seja o agravo remetido ao julgamento do
plenário, em caráter de urgência em razão de estar o agravante preso,
ser cidadão idoso e, ainda, diante da proximidade do recesso
judiciário”, diz trecho da petição.
Preso desde 15 de novembro do ano passado no Presídio da Papuda e
condenado a 7 anos e 11 meses de prisão em regime inicial semiaberto,
Dirceu tenta desde então obter autorização para trabalhar fora da
cadeira. Primeiro, apresentou a proposta de um hotel que lhe pagaria R$
20 mil para ser gerente, apesar de não ter qualquer experiência na área.
Após a repercussão negativa, desistiu da vaga e apresentou à Justiça no
final de dezembro um novo convite, desta vez para atuar no escritório
do advogado José Gerardo Grossi com salário de R$ 2,1 mil para organizar
a biblioteca e fazer pesquisa de jurisprudência.
O pedido para trabalhar no escritório de advocacia teve a tramitação
paralisada por um período devido a uma investigação sobre suposto uso de
telefone celular por Dirceu dentro da prisão. Somente em maio o
presidente do STF tratou do mérito da decisão. Barbosa negou a concessão
do benefício sob o argumento de que mesmo com a condenação a regime
semiaberto seria necessário cumprir 1/6 da pena para ter direito ao
benefício do trabalho externo, posicionamento divergente de
jurisprudência em processos semelhantes, especialmente no Superior
Tribunal de Justiça.
O presidente do STF foi além e questionou a proposta apresentada por
Dirceu classificando-a como uma mera “action de complaisance entre
copains” (em francês, um arranjo entre amigos). Ressalta ainda que a
organização da biblioteca já é uma atividade realizada por Dirceu na
Papuda e, portanto, o trabalho externo não se justificaria. “Não há,
assim, motivo para autorizar a saída do preso para executar serviços da
mesma natureza do que já vem executando atualmente”, disse o ministro.
Para Barbosa, o emprego ofertado seria “absolutamente incompatível com a
execução da sentença penal”.
As defesas dos condenados no mensalão reclamavam do que consideravam uma
“demora” de Barbosa em levar o tema a plenário. Foi com essa
justificativa que o advogado Luiz Fernando Pacheco, que defende Genoino,
irrompeu na tribuna da Corte na semana passada solicitando a imediata
análise do caso de seu cliente. Ele discutiu com Barbosa, que ordenou à
segurança que o retirasse do plenário. Em depoimento interno, um dos
seguranças afirmou que Pacheco estava “visivelmente embriagado” e fez
ameças a Barbosa. O advogado negou as acusações. O presidente do STF
pediu que a Procuradoria da República do Distrito Federal solicite uma
ação penal contra Pacheco.
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