Bolívia inverte relógios como
"símbolo de identidade"
A Bolívia alterou o relógio do prédio do Congresso em La Paz para os
ponteiros se movimentarem no sentido anti-horário. David Choquehuanca,
ministro boliviano das Relações Exteriores, disse: "Estamos no sul e,
como estamos em tempo de recuperar a nossa identidade, o governo
boliviano está recuperando nosso sarawi, que significando caminho em
aimará. De acordo com nosso sarawi, de acordo com o nosso nan (caminho,
em quéchua), nossos relógios devem andar à esquerda". A medida do
governo boliviano faz parte dos esforços de Evo Morales para promover um
"processo de descolonização". O relógio escolhido para ser o primeiro a
girar no sentido anti-horário, contrário à história, fica justamente
em um dos prédios públicos mais famosos do país, que abriga a Assembleia
Legislativa da Bolívia, na movimentada Praça Murillo, bem no centro da
capital La Paz. Seus números, antes em algarismos romanos, também
sofreram mudanças, sendo substituídos por algarismos arábicos. O
chanceler Choquehuanca disse ainda que "a sombra do relógio de sol, que é
um relógio natural, gira para esquerda no hemisfério sul e para o outro
lado no norte”. Mas o físico Francesco Zaratti disse que o sentido
horário não se deve a qualquer ideologia, mas a uma questão física. "A
Terra gira no sentido horário", ressaltou. Mas o chanceler boliviano
insiste que não há motivo para “complicar”. “Simplesmente temos que
tomar consciência de que nós vivemos no sul”, afirma.
Para o chanceler David Choquechuanca, mudança foi implementada para bolivianos valorizarem patrimônio |
O "relógio
bolivariano" não é o primeiro exemplo na região de medidas bizarras
envolvendo ideologias. Em 2007, o então Hugo Chávez mandou retroceder os
relógios da Venezuela em meia hora em uma tentativa de fazer com que os
venezuelanos aproveitassem mais o sol. O resultado é que hoje a
Venezuela é um dos poucos países do mundo com um fuso horário
"quebrado". Por exemplo, se são 13 horas em Brasília, em Caracas são
11h30. No ano anterior, o caudilho venezuelano também havia decidido que
o cavalo branco que integra o desenho do escudo de armas do país
deveria galopar para a esquerda em vez de estar virado para a direita. O
objetivo era melhor expressar as "aspirações da revolução bolivariana".
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