Petrobras não informou
conselheiros sobre
acordo que custará R$ 15 bilhões
à
companhia
O acordo da Petrobras para pagar ao governo brasileiro US$ 6,8
bilhões (R$ 15 bilhões) nos próximos cinco anos por novos direitos
de exploração de petróleo foi divulgado antes de ser apresentado em
uma reunião do conselho, de acordo com fontes.
Nem todos os 10 diretores foram informados antes do anúncio do dia
24 de junho, disseram as fontes, que solicitaram anonimato porque os
assuntos do conselho são confidenciais. O acordo para produzir até
15 bilhões de barris de petróleo bruto, quase o total das reservas
comprovadas do Brasil, foi decidido e anunciado pelo Conselho
Nacional de Política Energética, que é dirigido pelo Ministro de
Minas e Energia e inclui o Ministro da Fazenda e o Ministro do
Planejamento.
As assessorias de imprensa da Petrobras e do Ministério de Minas e
Energia não responderam aos pedidos de comentários.
O episódio ressalta como algumas das principais decisões relativas à
Petrobras são tomadas pelo governo em Brasília, com pouca
participação do conselho, o que debilita a governança corporativa na
maior produtora em águas profundas. No ano passado, os membros do
conselho tomaram conhecimento de um aumento no preço do combustível
através da mídia, informou a Agência Estado na época.
Cinco membros do conselho fiscal disseram em fevereiro, em
recomendação arquivada na CVM, que recebiam os resultados
trimestrais da empresa apenas na reunião de aprovação, tendo só
algumas horas para chancelar centenas de páginas, reportou a Agência
Estado em 14 de março.
A empresa petroleira de capital aberto mais endividada do mundo
aceitou pagar R$ 15 bilhões (US$ 6,8 bilhões) até 2018 para produzir
mais petróleo na região onde se localiza o gigante Campo de Búzios.
A empresa está analisando a venda de ativos e a reestruturação de
outros projetos para ajudar a arcar com o custo.
Queda nas ações
O anúncio desencadeou o maior declínio no preço da ação em seis
semanas e a redução da nota pelo Banco Bradesco SA e pelo UBS AG. O
contrato - que inclui o pagamento de R$ 2 bilhões neste ano e o
restante até 2018 - aumenta o risco de que a Petrobras procure
vender novos ativos, disseram analistas do Banco BTG Pactual em nota
aos clientes.
A presidente da Petrobras, Graça Foster, descartou duas vezes a
possibilidade de venda de ações durante uma entrevista coletiva de
imprensa nesta semana no Rio de Janeiro.
O secretário de Petróleo e Gás, Marco Antônio Almeida, disse no dia
24 de junho que o acordo dá à Petrobras uma "excelente" área de
exploração de petróleo e que ele não foi projetado para melhorar as
contas fiscais do governo.
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