Sarney anuncia que não vai mais
disputar eleições
O senador José Sarney (PMDB-AP), de 84 anos, não será candidato à
reeleição. A informação foi divulgada pela assessoria do parlamentar no
Amapá. No texto, o ex-presidente da República cita razões pessoais para
tomar a decisão. "Entendo que é chegada a hora de parar um pouco com
esse ritmo de vida pública que consumiu quase 60 anos de minha vida e
afastou-me muito do convívio familiar", diz o parlamentar no texto.
Até poucos dias antes do anúncio, Sarney se movimentava para a disputa
de mais um mandato no Senado neste ano. A própria ida da presidente
Dilma Rousseff a Macapá foi interpretada como um afago ao senador perto
do início do período eleitoral. No evento, Sarney acabou vaiado por
parte do público presente.
Se tentasse se reeleger, José Sarney não teria um caminho tranquilo.
Desde que deixou a presidência do Senado, no começo do ano passado, o
ex-presidente da República havia perdido influência no Congresso. Antes
disso, com a derrota de seu grupo nas eleições de 2010, também vira seu
poder diminuir no Amapá. Enquanto isso, no Maranhão, o ex-presidente
teve dificuldades para indicar um substituto à atual governadora, sua
filha Roseana Sarney (PMDB).
José Sarney assumiu seu primeiro cargo eletivo em 1955, como deputado
federal. Ele teria mais dois mandatos na Câmara. Depois foi governador
do Maranhão e senador pelo Estado por três vezes consecutivas antes de
chegar à Presidência da República, no lugar de Tancredo Neves, em 1985.
Após o fim do mandato, ele voltou ao Senado: elegeu-se pelo Amapá nas
eleições de 1990, 1998 e 2006.
O parlamentar presidiu o Senado por quatro vezes. A última delas, entre 2011 e 2013.
Veja a nota divulgada pela assessoria de Sarney:
"O senador José Sarney (PMDB-AP) manifestou-se, agora há pouco, a respeito do episódio ocorrido nesta segunda-feira (23) em Macapá, por ocasião do evento do programa Minha Casa Minha Vida, do Governo Federal, em que foi hostilizado por militantes partidários de declarada oposição a ele.
Era esperado que isso pudesse ocorrer, diz, primeiro pelo acirramento do pleito eleitoral que se avizinha, segundo, pela própria mobilização feita com esse propósito, fato este do conhecimento de todos. Sarney diz ter sido convidado pessoalmente pela amiga e aliada Dilma Rousseff, presidente do Brasil e entusiasta do programa de habitação popular iniciado ainda na gestão de Luís Inácio Lula da Silva, outro companheiro de sua estima. Sarney foi, mais uma vez, diplomático, seguiu o protocolo que o evento exigia, para prestigiar a amiga Dilma e os amapaenses beneficiados pelo programa.
Diz também ter recebido no evento – como ocorre por onde quer que vá no país e fora dele – o carinho e a consideração de brasileiros que reconhecem a importância de seu papel na condução do país à redemocratização. “Lá mesmo, na festa da presidente Dilma, muitas pessoas aplaudiram, espontaneamente, a minha presença e a ajuda que tenho dado ao Brasil e ao Estado”, acrescenta o ex-presidente.
O senador, de 84 anos, também confirmou aquilo que seus amigos mais próximos e os aliados em Macapá foram comunicados na semana passada, de que não vai disputar a reeleição para o Senado em outubro próximo. “Essa decisão já estava tomada, comuniquei isso ao meu partido na semana passada. Entendo que é chegada a hora de parar um pouco com esse ritmo de vida pública que consumiu quase 60 anos de minha vida e afastou-me muito do convívio familiar”, declarou.
Sarney tem acompanhado de perto as idas e vindas da esposa, Dona Marly, aos hospitais em repetidas cirurgias e lentos processos de recuperação, em casa, como ocorre atualmente.
Ele confirma presença na Convenção do PMDB na próxima sexta-feira, dia 27. E diz também que irá participar das eleições deste ano, não como candidato, mas ajudando de todas as formas, ao inúmeros amigos e aliados que estarão na disputa. Também será a ocasião para se dirigir aos correligionários e simpatizantes, bem como aos cidadãos e cidadãs de bem do Amapá, a quem nutre 'profunda gratidão'."
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