Fraudes eleitorais no Rio Grande do Sul
Eleitores contam como foram procurados para cometer fraudes no Rio Grande do Sul
Trocar de endereço somente no papel e vender o voto a políticos são alguns crimes que se repetem a cada pleito
A pouco mais de três meses de o país retornar às urnas, a Justiça
Eleitoral ainda tenta punir fraudes registradas nas eleições municipais
de 2012. E entre as mais preocupantes estão os eleitores-fantasma. No
último recadastramento feito pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE), em
185 cidades do Estado, 90.511 pessoas tiveram o título cancelado por não
comprovarem o domicílio.
Em parte dos casos, isso ocorreu por negligência, desconhecimento, pelo
fato de o eleitor ter mais de 70 anos (quando votar passa a ser
facultativo) ou já ter morrido. Outra parcela menor envolve
eleitores-fantasma, que têm maior impacto nas disputas municipais, onde
poucos votos podem fazer a diferença.
Confira abaixo o vídeo em que eleitores contam como foram procurados para
trocar de domicílio ou atestar à Justiça que desconhecidos moravam com
eles.
A cidade de Itati
Apesar de esforços de Polícia Federal (PF), Ministério Público (MP) e Justiça, a cada eleição o crime se repete. Com mais eleitores do que habitantes, Itati, no Litoral Norte, atrai há anos a atenção das autoridades. Em 2012, a situação curiosa se transformou em suspeita quando dezenas de pessoas começaram a comparecer a cartórios para declarar moradia no município. Na época, registros oficiais indicavam 2.584 habitantes e um total de 2.842 eleitores.
A migração de títulos eleitorais resultou em investigação da PF, concluída há pouco e apreciada pelo MP.
A PF indiciou e o MP denunciou seis políticos de Itati por "falsidade de informações, transporte de eleitores e transferência de títulos com comprovantes falsos de domicílio"
A promotora Paula Athanásio denunciou 54 pessoas por fraude eleitoral, sendo cinco candidatos a vereador e um a prefeito.
A cidade de Triunfo
Com maior Produto Interno Bruto (PIB) per capita do Estado e marcada nos últimos anos por suspeitas de crimes eleitorais, Triunfo também está na mira das autoridades. Indícios de fraude em transferências de domicílio foram constatados.
A dona de casa desempregada M.S.S. (preservamos o nome a pedido da eleitora, que teme represálias) reside em Portão, no Vale do Sinos. Mas, à Justiça Eleitoral, declarou morar em Triunfo, a cerca de 70 quilômetros de onde vive.
Ela admite que trocou de domicílio eleitoral em 2012, a pedido de um cabo eleitoral de Triunfo, que teria arrebanhado votos para o vereador Valério Aires (PDT). De acordo com a dona de casa, esse homem teria percorrido diversas cidades do Vale do Sinos em busca de eleitores dispostos a votar em Triunfo. E que o cabo eleitoral foi apresentado a ela por um amigo em comum.
Troca de domicílio para Triunfo sairia por R$ 500,00:
– "Eles ofereceram R$ 500, incluindo combustível para a nossa moto. Meu marido e eu aceitamos e fomos a Triunfo, trocando o domicílio eleitoral. Tinha um monte de gente de nossa cidade fazendo o mesmo lá. Mas deu tudo errado, porque a Justiça desconfiou, foi na casa onde informamos morar e não nos encontrou. Impediram que a gente votasse".
A moradora conta que ela e o marido receberam R$ 250, metade do valor prometido. O caso está sendo apurado pela Polícia Federal, e duas outras pessoas confirmaram a versão de M.S.S.
Contraponto
O que diz Valério Aires (PDT), vereador em triunfo:
– "Não estou sabendo desses depoimentos. Não conheço eleitores em Portão e, se algum funcionário foi pedir que transferissem o título para votarem em mim em Triunfo, foi sem meu conhecimento. Esse tipo de coisa não é do meu feitio."
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