Congresso da Bolívia regulamenta
trabalho infantil
O Senado boliviano aprovou o novo Código da Criança e do Adolescente que
autoriza e define regras para o trabalho a partir dos 14 anos de idade e
permite exceções para que crianças também possam trabalhar a partir dos
doze anos.
O texto foi aprovado após nove horas de debates e a expectativa é de que
seja sancionado pelo presidente Evo Morales, como disse o economista
boliviano Javier Gómez, do Centro de Estudos para o Desenvolvimento
Trabalhista e Agrário (Cedla, na sigla em espanhol, de La Paz). "O texto
reconhece uma situação que já existe no país e estabelece regras para
que estes meninos e meninas tenham horas de trabalho e salários
adequados com a idade deles e com o que fazem."
"Além disso", disse Gómez, "o projeto prevê sanções para empresários que
contratarem crianças para trabalhos duros, como ocorre hoje na
mineração e em outros setores", disse Gómez, falando da capital do país,
La Paz.
O Cedla diz que 250 mil crianças e adolescentes trabalham na Bolívia –
cerca de 5% da população economicamente ativa. Já segundo um
levantamento de 2008 do Instituto Nacional de Estatísticas (INE), esse
número seria de 850 mil.
De acordo com o levantamento, na maioria dos casos, os menores trabalham para ajudar a família.
Para os defensores do novo código, a regulamentação dará às crianças e
adolescentes a "oportunidade" de aprender um ofício e trabalhar com
limite de horas – seis horas – e ter salário "digno como o dos jovens
com idades de 17 ou 18 anos", como afirmou o presidente do Senado,
Eugenio Rojas.
Ele afirmou ainda à Bolívia TV que o texto define as etapas etárias da
infância e da adolescência no país para que sirvam de base para o
cumprimento da norma. A primeira infância, disse, irá de zero a cinco
anos, a segunda infância de seis a doze anos e a adolescência entre doze
e dezoito anos. "Menores de 14 anos estão proibidos de trabalhar, mas
existem exceções, dependendo da atividade e sempre que a criança tiver a
estrita supervisão dos pais e da defensoria da infância, e realmente
queira trabalhar", disse Rojas.
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