Transações bancárias por celular e tablet saltam 138% em 2015 — participação deste canal nas operações mais que dobrou e já ocupa a 2ª posição, atrás apenas do internet banking
As transações bancárias por meio do mobile banking, que inclui celulares
e tablets, cresceram 138% no ano passado, totalizando 11,2 bilhões de
operações ante 4,7 bilhões em 2014, segundo a Federação Brasileira de
Bancos (Febraban). Com tal desempenho, a participação desse canal no
total das operações mais que dobrou, de 10% para 21%, galgando a segunda
posição, atrás apenas do internet banking, com 33%.
"A tendência é de aumento forte do uso do mobile banking. Prova disso é o
crescimento de pessoas no Brasil com smartphone, que atingiu 40% no ano
passado e a expectativa é chegar 65% em 2020 no Brasil e no mundo",
ressaltou Gustavo Fosse, diretor setorial de tecnologia e automação
bancária da Febraban.
Segundo ele, ainda que tenha tido forte crescimento no ano passado, não é
possível afirmar que o desempenho de 2016 será suficiente para que o
mobile banking ultrapasse o canal de internet banking neste ano.
Acrescentou, contudo, que em alguns bancos essa mudança já ocorreu com
os dados deste exercício. Sem citar nomes, disse apenas ser um "grande
banco".
Em todo o ano passado, o setor bancário realizou 54 bilhões de
transações, aumento de 12,5% em relação ao total de 48 bilhões operações
realizadas em 2014, conforme dados da pesquisa Febraban de Tecnologia
Bancária, publicada na terça-feira (31.maio.2016). O estudo, feito este
ano pela Deloitte, teve a participação de 17 bancos, que respondem por
93% dos ativos do setor bancário no País e utilizou os dados do Banco
Central.
Juntos, os canais de mobile banking e internet banking responderam por
mais da metade do total das operações bancárias realizadas no ano
passado, para 54%, conforme a Febraban. Neste contexto, as contas
correntes com internet banking aumentaram de 56 milhões em 2014 para 62
milhões no ano passado.
De acordo com Fosse, além do investimento dos bancos nos canais
digitais, a conveniência e a cultura dos clientes têm impulsionado as
operações nesses meios. Contribui ainda, conforme ele, o maior acesso à
internet, hoje, disponível para 56% da população.
Como reflexo do maior uso dos canais móveis, o número de transações no
internet banking, que ainda lidera no total das operações, reduziu de 18
bilhões em 2014 para 17,7 bilhões. Sua fatia passou de 37% para 33%.
Nos caixas eletrônicos (ATM, na sigla em inglês), as operações ficaram
praticamente estáveis ao redor dos 10 bilhões. Nas agências bancárias,
foram 4,4 bilhões no ano passado ante 4,9 bilhões em 2014, com a
participação caindo de 11% para 8%.
Apesar do aumento das transações bancárias, os bancos brasileiros
reduziram os investimentos em tecnologia da informação em 9,5% no ano
passado, para cerca de R$ 19 bilhões ante os R$ 21 bilhões registrados
em 2014, conforme dados da Febraban. A redução acompanha a tendência
global do segmento. No mundo, conforme estudo da Gartner, a tecnologia
bancária consumiu US$ 351 bilhões em investimentos em 2015, queda de
3,0% em relação à cifra do ano anterior, de US$ 362 bilhões.
"A redução está alinhada com o que está ocorrendo no mundo, mas tem o
efeito crise, baixa do preço de commodities em TI e a busca de
eficiência operacional que não é apenas automatizar os processos. Os
bancos buscam eficiência também em TI. Esse conjunto de fatores geraram
uma pequena redução dos investimentos dos bancos em TI no ano passado",
concluiu Fosse.
Agências — Os bancos brasileiros fecharam 200 agências no ano passado,
somando 22,9 mil unidades na comparação com o total de 23,1 mil de 2014.
Além de ser a primeira queda nos últimos anos, considerando que o total
corresponde a 17 bancos responsáveis por 96% da rede física no Brasil, o
segmento retornou ao patamar de 2013 em número de agências.
Fosse, da Febraban, explicou que a redução das agências físicas assim
como a vista em correspondentes bancários e postos de atendimento (PABs)
reflete a conjuntura econômica do País, as estratégias de cada banco e
também a preferência dos clientes que têm recorrido mais fortemente aos
canais digitais. "Apesar do ajuste no ano passado, os meios físicos se
mantêm muito relevantes. Não vejo como uma tendência, mas como um
ajuste", afirmou ele, a jornalistas.
De acordo com o diretor da Febraban, o ritmo de abertura ou fechamento
de agências será ditado pelos próprios clientes. No entanto, os bancos,
na sua opinião, têm preferido manter a rede física, mas alteraram o seu
perfil, principalmente, nos grandes centros, com foco mais no perfil
consultivo e operações mais customizadas como, por exemplo, o
financiamento imobiliário. "Seria ruim automatizar isso também",
destacou, acrescentando que há ainda serviços e produtos que não contam
com regulamentação para serem automatizados em canais digitais.
Sobre o impacto da concentração bancária no fechamento das agências no
Brasil, com a venda do HSBC para o Bradesco e a eventual saída do
Citibank da área de varejo no País, Fosse afirmou que a redução na rede
física pode ocorrer, mas não soube dizer em qual intensidade. "O que
discutimos na Febraban é que, independente dos fatores, os bancos
mantenham a qualidade do serviço e atendimento", afirmou Fosse.
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