quarta-feira, 1 de junho de 2016

Transações bancárias por celular e tablet saltam 138% em 2015 — participação deste canal nas operações mais que dobrou e já ocupa a 2ª posição, atrás apenas do internet banking






As transações bancárias por meio do mobile banking, que inclui celulares e tablets, cresceram 138% no ano passado, totalizando 11,2 bilhões de operações ante 4,7 bilhões em 2014, segundo a Federação Brasileira de Bancos (Febraban). Com tal desempenho, a participação desse canal no total das operações mais que dobrou, de 10% para 21%, galgando a segunda posição, atrás apenas do internet banking, com 33%.
"A tendência é de aumento forte do uso do mobile banking. Prova disso é o crescimento de pessoas no Brasil com smartphone, que atingiu 40% no ano passado e a expectativa é chegar 65% em 2020 no Brasil e no mundo", ressaltou Gustavo Fosse, diretor setorial de tecnologia e automação bancária da Febraban.
Segundo ele, ainda que tenha tido forte crescimento no ano passado, não é possível afirmar que o desempenho de 2016 será suficiente para que o mobile banking ultrapasse o canal de internet banking neste ano. Acrescentou, contudo, que em alguns bancos essa mudança já ocorreu com os dados deste exercício. Sem citar nomes, disse apenas ser um "grande banco".
Em todo o ano passado, o setor bancário realizou 54 bilhões de transações, aumento de 12,5% em relação ao total de 48 bilhões operações realizadas em 2014, conforme dados da pesquisa Febraban de Tecnologia Bancária, publicada na terça-feira (31.maio.2016). O estudo, feito este ano pela Deloitte, teve a participação de 17 bancos, que respondem por 93% dos ativos do setor bancário no País e utilizou os dados do Banco Central.
Juntos, os canais de mobile banking e internet banking responderam por mais da metade do total das operações bancárias realizadas no ano passado, para 54%, conforme a Febraban. Neste contexto, as contas correntes com internet banking aumentaram de 56 milhões em 2014 para 62 milhões no ano passado.
De acordo com Fosse, além do investimento dos bancos nos canais digitais, a conveniência e a cultura dos clientes têm impulsionado as operações nesses meios. Contribui ainda, conforme ele, o maior acesso à internet, hoje, disponível para 56% da população.
Como reflexo do maior uso dos canais móveis, o número de transações no internet banking, que ainda lidera no total das operações, reduziu de 18 bilhões em 2014 para 17,7 bilhões. Sua fatia passou de 37% para 33%. Nos caixas eletrônicos (ATM, na sigla em inglês), as operações ficaram praticamente estáveis ao redor dos 10 bilhões. Nas agências bancárias, foram 4,4 bilhões no ano passado ante 4,9 bilhões em 2014, com a participação caindo de 11% para 8%.
Apesar do aumento das transações bancárias, os bancos brasileiros reduziram os investimentos em tecnologia da informação em 9,5% no ano passado, para cerca de R$ 19 bilhões ante os R$ 21 bilhões registrados em 2014, conforme dados da Febraban. A redução acompanha a tendência global do segmento. No mundo, conforme estudo da Gartner, a tecnologia bancária consumiu US$ 351 bilhões em investimentos em 2015, queda de 3,0% em relação à cifra do ano anterior, de US$ 362 bilhões.
"A redução está alinhada com o que está ocorrendo no mundo, mas tem o efeito crise, baixa do preço de commodities em TI e a busca de eficiência operacional que não é apenas automatizar os processos. Os bancos buscam eficiência também em TI. Esse conjunto de fatores geraram uma pequena redução dos investimentos dos bancos em TI no ano passado", concluiu Fosse.

Agências — Os bancos brasileiros fecharam 200 agências no ano passado, somando 22,9 mil unidades na comparação com o total de 23,1 mil de 2014. Além de ser a primeira queda nos últimos anos, considerando que o total corresponde a 17 bancos responsáveis por 96% da rede física no Brasil, o segmento retornou ao patamar de 2013 em número de agências.
Fosse, da Febraban, explicou que a redução das agências físicas assim como a vista em correspondentes bancários e postos de atendimento (PABs) reflete a conjuntura econômica do País, as estratégias de cada banco e também a preferência dos clientes que têm recorrido mais fortemente aos canais digitais. "Apesar do ajuste no ano passado, os meios físicos se mantêm muito relevantes. Não vejo como uma tendência, mas como um ajuste", afirmou ele, a jornalistas.
De acordo com o diretor da Febraban, o ritmo de abertura ou fechamento de agências será ditado pelos próprios clientes. No entanto, os bancos, na sua opinião, têm preferido manter a rede física, mas alteraram o seu perfil, principalmente, nos grandes centros, com foco mais no perfil consultivo e operações mais customizadas como, por exemplo, o financiamento imobiliário. "Seria ruim automatizar isso também", destacou, acrescentando que há ainda serviços e produtos que não contam com regulamentação para serem automatizados em canais digitais.
Sobre o impacto da concentração bancária no fechamento das agências no Brasil, com a venda do HSBC para o Bradesco e a eventual saída do Citibank da área de varejo no País, Fosse afirmou que a redução na rede física pode ocorrer, mas não soube dizer em qual intensidade. "O que discutimos na Febraban é que, independente dos fatores, os bancos mantenham a qualidade do serviço e atendimento", afirmou Fosse.




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