Lava Jato criou frutos que podem alterar sucessão presidencial
Polícia Federal à frente do diretório nacional do PT, no centro de São Paulo. |
A Lava Jato deu cria e está se espalhando pelo país. A onda da
investigação avançou um pouco mais sobre o Congresso esta semana e, de
mansinho, vai atingindo os Estados.
Apurações recentes se cruzam, em menor ou maior grau, com a corrupção na
Petrobras, e vão varrendo congressistas, ministros, ex-ministros. Logo
chegarão em governadores e prefeitos de forma contumaz.
O esquema que irrigou a eleição presidencial de 2014 abasteceu também
muitas das disputas locais. E não poderia ser diferente: as empresas, os
partidos e o modelo de financiamento são os mesmos, o que muda é o
domicílio eleitoral.
A detenção do ex-ministro Paulo Bernardo na quinta-feira, 23.jun.2016
(na primeira operação da PF em São Paulo, fruto da Lava Jato), os
indícios contra o ex-governador Sérgio Cabral e as detenções em
Pernambuco vinculadas a suspeitas de caixa dois nas eleições de 2010 e
2014 são só o aperitivo do que vem por aí. E vem muita coisa feia, pode
apostar.
A delação da Odebrecht, empreiteira que precisou contratar um
sofisticado sistema de banco de dados para dar conta de tanta propina,
deve coroar a máxima da República dormindo de sapatos. E não é só a de
"República de Brasília", é a do Rio, de Curitiba, de São Paulo, e por aí
vai.
As investigações geram frutos. A prisão de operadores ligados à compra
de um avião usado por Eduardo Campos no dia de sua morte só teve o
desfecho que teve porque a Lava Jato forneceu documentos para descobrir
os desvios.
Houve, igualmente, desdobramentos recentes em Goiás e Rondônia, onde um
dos doleiros da Lava Jato estava metido com contrabando de diamantes. Há
vasos comunicantes em todo lugar.
Falta apenas a delação da empreiteira para traduzir o "listão da
Odebrecht", planilha recheada de nomes de presidenciáveis, ministros,
ex-ministros, governadores, deputados, prefeitos e senadores.
Depois dela, tudo mudará. Inclusive a cara da sucessão ao Palácio do Planalto.
De todos os nomes cotados outrora para a eleição nacional de 2018,
restam pouquíssimos imunes. E isso é só por enquanto. A contar o que
dizem os investigadores do maior esquema de corrupção da história do
Brasil, não será surpresa se não sobrar ninguém sem arranhões para
contar a história até lá.
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