sexta-feira, 24 de junho de 2016

Lava Jato criou frutos que podem alterar sucessão presidencial



Polícia Federal à frente do diretório nacional do PT, no centro de São Paulo.


A Lava Jato deu cria e está se espalhando pelo país. A onda da investigação avançou um pouco mais sobre o Congresso esta semana e, de mansinho, vai atingindo os Estados.
Apurações recentes se cruzam, em menor ou maior grau, com a corrupção na Petrobras, e vão varrendo congressistas, ministros, ex-ministros. Logo chegarão em governadores e prefeitos de forma contumaz.
O esquema que irrigou a eleição presidencial de 2014 abasteceu também muitas das disputas locais. E não poderia ser diferente: as empresas, os partidos e o modelo de financiamento são os mesmos, o que muda é o domicílio eleitoral.
A detenção do ex-ministro Paulo Bernardo na quinta-feira, 23.jun.2016 (na primeira operação da PF em São Paulo, fruto da Lava Jato), os indícios contra o ex-governador Sérgio Cabral e as detenções em Pernambuco vinculadas a suspeitas de caixa dois nas eleições de 2010 e 2014 são só o aperitivo do que vem por aí. E vem muita coisa feia, pode apostar.
A delação da Odebrecht, empreiteira que precisou contratar um sofisticado sistema de banco de dados para dar conta de tanta propina, deve coroar a máxima da República dormindo de sapatos. E não é só a de "República de Brasília", é a do Rio, de Curitiba, de São Paulo, e por aí vai.
As investigações geram frutos. A prisão de operadores ligados à compra de um avião usado por Eduardo Campos no dia de sua morte só teve o desfecho que teve porque a Lava Jato forneceu documentos para descobrir os desvios.
Houve, igualmente, desdobramentos recentes em Goiás e Rondônia, onde um dos doleiros da Lava Jato estava metido com contrabando de diamantes. Há vasos comunicantes em todo lugar.
Falta apenas a delação da empreiteira para traduzir o "listão da Odebrecht", planilha recheada de nomes de presidenciáveis, ministros, ex-ministros, governadores, deputados, prefeitos e senadores.
Depois dela, tudo mudará. Inclusive a cara da sucessão ao Palácio do Planalto.
De todos os nomes cotados outrora para a eleição nacional de 2018, restam pouquíssimos imunes. E isso é só por enquanto. A contar o que dizem os investigadores do maior esquema de corrupção da história do Brasil, não será surpresa se não sobrar ninguém sem arranhões para contar a história até lá.




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