Após ser derrotado em plebiscito, premiê britânico anuncia
que irá renunciar — David Cameron destacou que o plebiscito foi um 'exercício gigante de democracia' e que a vontade do
povo britânico deve ser respeitada
que irá renunciar — David Cameron destacou que o plebiscito foi um 'exercício gigante de democracia' e que a vontade do
povo britânico deve ser respeitada
O primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron |
O primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, anunciou que irá
deixar o cargo de primeiro-ministro do Reino Unido, após o país ter
votado pela saída da União Europeia (UE) em plebiscito histórico
realizado na quinta-feira (23.jun.2016).
Cameron afirmou que poderá permanecer no posto pelos próximos três meses
e deixar, deixando a cadeira em outubro, quando acontece a conferência
anual de seu partido.
"Eu irei fazer tudo que puder como primeiro-ministro para firmar o navio
durante as próximas semanas e meses, mas eu não acho que seria certo
para mim tentar ser o capitão que orienta nosso país para seu próximo
destino", disse em pronunciamento, acrescentando que irá participar da
cúpula da União Europeia na próxima semana para explicar sua decisão.
Ele ainda destacou que o plebiscito foi um "exercício gigante de
democracia" e que a vontade do povo britânico deve ser respeitada. "Não
pode haver dúvidas sobre o resultado do plebiscito", pontuou. "Há
momentos em que é certo perguntar para as pessoas o que elas querem."
O premiê tentou acalmar o mercado financeiro e também os 3 milhões de
imigrantes europeus que vivem no Reino Unido, garantindo que não haverá
mudanças imediatas.
"Asseguro aos mercados que nossa economia é fundamentalmente forte. Não
haverá mudanças imediatas na forma como as pessoas viajam e como as
mercadorias circulam".
Pouco após o fechamento das urnas, em post no Twitter, Cameron, que era o
líder da campanha pró-UE agradeceu o apoio da opinião pública.
“Obrigado a todos que votaram para manter o Reino Unido mais forte, mais
seguro e melhor na Europa”, disse o premiê.
A realização do referendo foi uma das principais bandeiras de Cameron
para pacificar grupos de seu partido insatisfeitos com a UE. O premiê
esperava obter uma vitória tranquila pela permanência, mas acabou
colhendo um resultado que pode custar sua carreira política.
Analistas afirmaram que o sentimento anti-UE foi inesperadamente forte
nas cidades inglesas do norte, duramente afetadas pelo declínio das
indústrias e perda de empregos.
O maior rival de Cameron na disputa, Boris Johnson, ex-prefeito de
Londres e líder da campanha pró-saída, não havia se pronunciado pela
manhã. Johnson foi vaiado enquanto deixava sua residência em Londres
nesta sexta-feira (24.jun.2016).
Já o líder do partido ultranacionalista Ukip, Nigel Farage, que defende a
saída, defendeu a formação de um governo britânico pró-Brexit. "Agora
precisamos de um governo Brexit", disse Farage à imprensa diante do
Parlamento.
O presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, declarou que
conversará com a chanceler alemã, Angela Merkel, para evitar "uma reação
em cadeia de eurocéticos".
O ministro alemão das Relações Exteriores, Frank-Walter Steinmeier,
lamentou no Twitter o resultado do plebiscito: "As notícias desta manhã
procedentes da Grã-Bretanha são uma verdadeira desilusão. Parece um dia
triste para a Europa e a Grã-Bretanha".
Na Escócia para a reabertura de um resort de golfe, o virtual candidato
republicano à Presidência dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que
os britânicos "retomaram o controle de seu país" ao optar pela saída da
UE. "As pessoas estão irritadas no mundo todo", disse. "Estão nervosas
com pessoas que vêm ao seu país e assumem o controle. Ninguém sabe quem
elas são."
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