sexta-feira, 24 de junho de 2016

Após ser derrotado em plebiscito, premiê britânico anuncia
que irá renunciar — David Cameron destacou que o plebiscito foi um 'exercício gigante de democracia' e que a vontade do
povo britânico deve ser respeitada



O primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron


O primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, anunciou que irá deixar o cargo de primeiro-ministro do Reino Unido, após o país ter votado pela saída da União Europeia (UE) em plebiscito histórico realizado na quinta-feira (23.jun.2016).
Cameron afirmou que poderá permanecer no posto pelos próximos três meses e deixar, deixando a cadeira em outubro, quando acontece a conferência anual de seu partido.
"Eu irei fazer tudo que puder como primeiro-ministro para firmar o navio durante as próximas semanas e meses, mas eu não acho que seria certo para mim tentar ser o capitão que orienta nosso país para seu próximo destino", disse em pronunciamento, acrescentando que irá participar da cúpula da União Europeia na próxima semana para explicar sua decisão.
Ele ainda destacou que o plebiscito foi um "exercício gigante de democracia" e que a vontade do povo britânico deve ser respeitada. "Não pode haver dúvidas sobre o resultado do plebiscito", pontuou. "Há momentos em que é certo perguntar para as pessoas o que elas querem."
O premiê tentou acalmar o mercado financeiro e também os 3 milhões de imigrantes europeus que vivem no Reino Unido, garantindo que não haverá mudanças imediatas.
"Asseguro aos mercados que nossa economia é fundamentalmente forte. Não haverá mudanças imediatas na forma como as pessoas viajam e como as mercadorias circulam".
Pouco após o fechamento das urnas, em post no Twitter, Cameron, que era o líder da campanha pró-UE agradeceu o apoio da opinião pública. “Obrigado a todos que votaram para manter o Reino Unido mais forte, mais seguro e melhor na Europa”, disse o premiê.
A realização do referendo foi uma das principais bandeiras de Cameron para pacificar grupos de seu partido insatisfeitos com a UE. O premiê esperava obter uma vitória tranquila pela permanência, mas acabou colhendo um resultado que pode custar sua carreira política.
Analistas afirmaram que o sentimento anti-UE foi inesperadamente forte nas cidades inglesas do norte, duramente afetadas pelo declínio das indústrias e perda de empregos.
O maior rival de Cameron na disputa, Boris Johnson, ex-prefeito de Londres e líder da campanha pró-saída, não havia se pronunciado pela manhã. Johnson foi vaiado enquanto deixava sua residência em Londres nesta sexta-feira (24.jun.2016).
Já o líder do partido ultranacionalista Ukip, Nigel Farage, que defende a saída, defendeu a formação de um governo britânico pró-Brexit. "Agora precisamos de um governo Brexit", disse Farage à imprensa diante do Parlamento.
O presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, declarou que conversará com a chanceler alemã, Angela Merkel, para evitar "uma reação em cadeia de eurocéticos".
O ministro alemão das Relações Exteriores, Frank-Walter Steinmeier, lamentou no Twitter o resultado do plebiscito: "As notícias desta manhã procedentes da Grã-Bretanha são uma verdadeira desilusão. Parece um dia triste para a Europa e a Grã-Bretanha".
Na Escócia para a reabertura de um resort de golfe, o virtual candidato republicano à Presidência dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que os britânicos "retomaram o controle de seu país" ao optar pela saída da UE. "As pessoas estão irritadas no mundo todo", disse. "Estão nervosas com pessoas que vêm ao seu país e assumem o controle. Ninguém sabe quem elas são."




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