quarta-feira, 22 de junho de 2016

Em Plutão, um planetinha anão nos cafundós do sistema solar, tem água — deve ter um oceano sob a crosta de gelo



Plutão deve ter um oceano sob a crosta de gelo


O nível de atividade geológica na superfície de Plutão indica que ele deve ter — ainda hoje — um oceano de água sob a crosta congelada. É o que sugere um novo estudo recém-publicado por cientistas americanos, com base nas imagens da sonda New Horizons.
O trabalho tem como primeiro autor Noah Hammond, orientado por Amy Barr, ambos da Universidade Brown, nos Estados Unidos. Eles não fazem parte da equipe da New Horizons, que fez o histórico sobrevoo de Plutão em julho do ano passado, mas a pesquisa foi financiada pela Nasa e aceita para publicação no “Geophysical Research Letters”.
“No nosso trabalho, procuramos por traços tectônicos na superfície de Plutão para entender seu anterior e executamos modelos de evolução térmica para nos ajudar a entender como o interior de Plutão pode ter evoluído com o tempo”, disse Hammond, em nota.
A ideia é que Plutão tenha nascido muito mais quente, 4,6 bilhões de anos atrás, pela energia das colisões de planetesimais que o formaram, e a partir dali tenha se resfriado paulatinamente.
Nesse momento, quando seus componentes tivessem se diferenciado (com a criação de camadas a partir do afundamento do material rochoso, mais denso), um oceano de água líquida teria se formado sob a crosta gelada.
Desde então, o interior de Plutão estaria em processo de resfriamento — como, aliás, devem estar todos os núcleos planetários. Nisso, o oceano deveria gradualmente ir se congelando.
Contudo, se o congelamento tivesse sido completo, isso produziria uma rachadura significativa na crosta — o que não foi observado nas imagens da New Horizons. Em vez disso, os traços tectônicos observados são compatíveis com o congelamento de parte do oceano interno. E como muitos desses traços são geologicamente recentes, é bem provável que parte dele ainda esteja em estado líquido até hoje.
Isso, por sua vez, não depende de nenhum efeito de maré e significa que muitos outros planetas anões no cinturão de Kuiper podem ter características similares, com oceanos sob a superfície.
“Muitas pessoas pensaram que Plutão estaria geologicamente ‘morto’, que estaria coberto de crateras e teria uma superfície antiga”, disse Barr. “Nosso trabalho mostra como até mesmo Plutão, na borda do Sistema Solar, com muito pouca energia, pode ter tectonismo. Estamos gratos à equipe da New Horizons por trabalhar tão duro para guiar a espaçonave a Plutão e produzir as imagens bonitas que motivaram nosso estudo. Elas forneceram outra peça do quebra-cabeça da planetologia comparativa dos mundos gelados.”




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