STF mantém 138 investigações em alto grau de segredo
O Supremo Tribunal Federal mantém desde o início das investigações da
Operação Lava Jato 138 procedimentos ocultos, aqueles classificados com o
mais alto grau de sigilo adotado para a tramitação de apurações
envolvendo autoridades. São ao menos 16 inquéritos e 122 petições.
O levantamento leva em consideração inquéritos que não aparecem autuados
no sistema do STF a partir do primeiro processo aberto da Lava Jato, em
fevereiro de 2015, e também petições protocoladas desde setembro de
2014, quando foi analisada a primeira delação do ex-diretor da Petrobras
Paulo Roberto Costa.
Não é possível afirmar que todos esses procedimentos sejam ligados à
Lava Jato. Ao todo, neste período, o STF recebeu 952 petições e 300
inquéritos.
As petições podem envolver pedidos de investigação, delações premiadas e
requerimentos de devolução de bens apreendidos, por exemplo. Algumas,
inclusive, já podem ter sido transformadas em investigações.
O STF ainda não começou a colocar em prática resolução editada na semana
passada que colocou fim ao uso da classificação oculta para a
tramitação de procedimentos que envolvem autoridades.
Com a resolução, esses processos passam a ser classificados como de
segredo de Justiça. Com este tipo de sigilo, qualquer cidadão comum que
consultar o sistema do STF pode verificar as apurações em andamento. É
possível consultar nomes dos envolvidos, ou suas iniciais, e qual o tipo
de crime em investigação. O conteúdo dos inquéritos, no entanto,
permanece sigiloso.
Questionado na terça-feira (31.maio.2016) sobre o impacto da alteração
feita pelo Supremo, o ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato,
disse que "não muda nada substancialmente". O ministro Luiz Fux afirmou
que vai pedir um levantamento em seu gabinete para ter ideia se há ou
não processos ocultos.
O modelo oculto foi adotado principalmente em casos envolvendo a
apuração do esquema de corrupção da Petrobras, como o pedido de abertura
de inquérito da Procuradoria para investigar a presidente afastada
Dilma Rousseff, o ex-presidente Lula e o ex-ministro José Eduardo
Cardozo por obstrução da Justiça. O STF, antes da publicação da
resolução, justificava que a manutenção de processos ocultos visava
proteger as investigações.
A norma ainda é válida para investigações criminais para não prejudicar a
coleta da prova. Os requerimentos de prisão, busca e apreensão, quebra
de sigilo telefônico, fiscal e telemático continuarão a ser apreciados
em autos separados e sob sigilo.
A Lava Jato tem 91 investigados no STF. Já existem 44 inquéritos abertos e uma ação penal em curso.
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