Curitiba exportou ‘Padrão Moro’ para São Paulo
Andrey Borges de Mendonça |
Um frêmito de otimismo percorreu a alma dos encrencados na Lava Jato
quando o STF começou a retirar de Curitiba os pedaços da Lava Jato que
não tinham relação com o assalto à Petrobras. A Operação Custo Brasil,
deflagrada na quinta-feira (23.jun.2016) a partir de São Paulo, revela
que os otimistas não tinham noção do que os esperava. O ‘Padrão Moro’ de
persecução de corruptos foi exportado para outras praças.
“Não é só Curitiba que faz investigações”, disse o procurador Andrey
Borges de Mendonça, um dos membros da filial paulista da Lava Jato.
Aqueles que “celebraram com champanhe” a retirada de processos da
jurisdição de Sérgio Moro e da força-tarefa paranaense, acrescentou
Andrey, “hoje tiveram uma demonstração de que as investigações vão
continuar onde quer que estejam.”
O esquema de mutretas encabeçado pelo petista Paulo Bernardo,
ex-ministro de Lula e Dilma, foi desvendado por uma engrenagem estatal
que envolveu uma parceira entre a Polícia Federal, a Procuradoria da
República e a Receita Federal, exatamente como sucede em Curitiba.
O trabalho dos investigadores foi respaldado pelo magistrado Paulo Bueno
de Azevedo, juiz federal substituto da 6ª Vara Criminal Federal de São
Paulo. Versão paulista de Sérgio Moro, o doutor é avesso a entrevistas.
Tem noção muito clara do seu papel. Em artigo veiculado em 2013 na
Revista do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, Paulo Bueno anotou:
“O juiz não pode assumir uma posição de combate ao crime, eis que, nesse
caso, estaria no mínimo, se colocando como um potencial adversário do
réu, papel que deve ser, quando muito, do Ministério Público ou, em
alguns casos, do querelante.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário