Crises do governo Temer fazem senadores reavaliarem impeachment
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Senadores durante votação do processo de impeachment da presidente Dilma
Rousseff. O processo foi aprovado por 55 votos a favor, 22 votos contra e nenhuma abstenção |
As turbulências do governo interino de Michel Temer (PMDB) enfraqueceram
o apoio de senadores ao impeachment da presidente afastada, Dilma
Rousseff.
No atual cenário, considerado imprevisível pelos congressistas, cresce a
expectativa por novas eleições, e um eventual aceno de Dilma pela
convocação de novo pleito ajudaria indecisos a optarem por garantir o
seu mandato.
"A volta dela assusta todo mundo, pela inconsequência, pela
irresponsabilidade", observou Cristovam Buarque (PPS-DF), que aprovou a
abertura do processo e ainda não declarou posição final.
"E se ela propuser eleição direta, o que já devia ter feito um ano
atrás? E se ela acenar para a oposição? O jogo não está decidido, não."
Acir Gurgacz (PDT-RO), que votou a favor e agora admite reavaliar a
posição, disse que a crise no governo Temer "influenciará não só a minha
opinião, como a da maioria". Se mantido o ritmo de tropeços do
interino, o placar da admissibilidade pode "quase se inverter", afirmou.
Em 21 dias, dois ministros caíram, houve uma avalanche de críticas pela
falta de diversidade no alto escalão, além de desmentidos que Temer foi
forçado a fazer.
Mesmo aqueles que se mantêm pela saída de Dilma admitem dificuldades, dada a margem apertada no Senado.
O processo de impeachment foi aberto com 55 votos favoráveis, 22
contrários, três ausências e uma abstenção. Para que seja aprovada a
cassação de Dilma, serão necessários 54 votos.
O senador Alvaro Dias (PV-PR), que mantém o voto a favor da saída de
Dilma, reconhece que "as turbulências [no governo Temer] vão provocando
temeridade".
"Estamos em cima do fio da navalha", afirmou Lasier Martins (PDT-RS). "A
inclinação é mínima de um lado ao outro, vai se decidir com uma
diferença de dois votos."
Martins defende a cassação da chapa de Dilma e Temer para a convocação
de nova eleição. "Agora, quando vejo o ministro Gilmar Mendes
[presidente do Tribunal Superior Eleitoral] visitar Temer no sábado
(28.maio.2016) à noite, eu fico desconfiado. Que confiança a gente vai
ter de que haja andamento de um processo criminal eleitoral?"
NOVAS ELEIÇÕES — Na quarta-feira (1º.jun.2016), começou a tramitar no
Senado nova PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que prevê a
realização de plebiscito durante as eleições municipais sobre um novo
pleito para presidente e vice. O autor, Walter Pinheiro (sem
partido-BA), diz ter apoio de 32 senadores.
Pelo texto, o TSE convocaria novas eleições em 30 dias se essa proposta
obtiver a maioria absoluta no plebiscito. O mandato dos eleitos acabaria
em 2018.
O petista Paulo Paim apoia uma nova eleição, como forma de se fazer "um
grande pacto". O senador observou que "é inegável que o clima é de
intranquilidade" quanto à permanência de Temer.
Presidente do PSB, Carlos Siqueira relativizou o impacto dos tropeços de Temer.
"Vivemos em clima de areia movediça, ninguém pode ter segurança
absoluta. Queremos e torcemos para que Temer possa ter a força
necessária."
ROMÁRIO — Também na quarta-feira (1º.jun.2016), o senador Romário
(PSB-RJ), que votou pela admissibilidade do processo de impeachment,
renunciou à vaga de titular na comissão especial que analisa o caso e
criticou o início da gestão Temer. Ele alegou ter outras funções a
cumprir na Casa e disse não ter posição definida sobre o julgamento
final de Dilma. Romário será substituído por Lúcia Vânia (PSB-GO).
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