O show continua: com desemprego em alta, CUT discute plebiscito eleitoral
O formidável no Brasil é que, no fim, tudo se incorpora ao espetáculo.
Dilma Rousseff diz que deseja voltar ao Planalto para conspirar contra o
próprio mandato. Ela avisa que, derrotado o impeachment, vai propor ao
Congresso um plebiscito sobre a antecipação das eleições presidenciais. E
não se viu uma alteração no roteiro do processo que corre no Senado ou
no semblante dos senadores pró-Dilma na comissão do impeachment. O show
continua.
Vagner Freitas, presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores) |
Súbito, o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner
Freitas, que torcia o nariz para a proposta, esclarece que mudou de
opinião depois de trocar um dedo de prosa com ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva. Não acredita na viabilidade do plebiscito eleitoral. Mas
tentará convencer a CUT a abraçar a causa. "A presidenta não pode ficar
engessada. A CUT não vai defender o plebiscito no site. Mas, se essa é
única esperança a que podemos nos apegar, vamos nela", diz ele. Freitas
também decidiu procurar movimentos de esquerda favoráveis à medida.
Mesmo sem acreditar na salvação da petista, Freitas afirma que a defesa
do plebiscito poderia constranger aqueles que chama de "golpista",
colocando-os numa "sinuca de bico".
No ano passado, Freitas envolveu-se em polêmica ao dizer que movimentos
sociais iriam às ruas "com arma na mão" para defender Dilma de
tentativas de derrubá-la.
Depois, afirmou ter usado de linguagem figurada para se referir, na
verdade, às "armas da classe trabalhadora: mobilização, ocupação das
ruas e greve geral".
Supremo paradoxo: há no Brasil uma legião de quase 12 milhões de
desempregados. E a maior central sindical do país desperdiça o seu tempo
num debate sobre a antecipação da sucessão presidencial, uma ideia de
materialização tão improvável quanto o retorno do governo empregocida de
Dilma. E não se ouve nenhuma vaia. O show continua.
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