Governo do Uruguai nega asilo político
para "vândalos" do black blocs
De camisa listrada, Eloísa Samy tenta se livrar da cadeia, escondendo-se no Consulado do Uruguai |
Considerada foragida da Justiça, a advogada Eloisa Samy, de 45 anos,
denunciada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro sob acusação de
associação criminosa juntamente com outros 22 manifestantes, procurou o
Consulado do Uruguai no Rio na manhã de segunda-feira, 21 de julho, para
pedir asilo político, mas deixou o prédio no início da noite. De acordo
com a assessoria da deputada Janira Rocha (PSOL), que acompanhava o
caso ao longo do dia, o governo do Uruguai negou asilo aos três
manifestantes que estavam abrigados no consulado: além de Eloisa, David
Paixão, de 18 anos, filho adotivo dela, e Camila Nascimento, de 19 anos,
que seria namorada de David. Os três saíram do prédio, na Praia de
Botafogo, zona sul, por volta das 19h15, no carro oficial da deputada,
um VW Bora preto, informou a assessoria de Janira. “Ela (a deputada) deu
uma carona até o bairro de São Conrado e não sabe o que eles fizeram
depois”, disse o assessor de imprensa de Janira, Ricardo Villa Verde.
“Eles desceram de elevador e saíram pela garagem, que fica na frente do
prédio. Ninguém fez nada escondido”, disse o assessor. A advogada, que
se diz “perseguida política”. Disse ela: “Ela (Myriam) veio falar
comigo, perguntou o que estava acontecendo e disse: 'Mas o Brasil é um
Estado democrático de direito'. (Eu respondi que) O problema não é o
Brasil, o problema é o Estado do Rio, a Justiça, que está agindo como um
verdadeiro Estado de exceção, contando com a cumplicidade e o silêncio
do governo federal. Não vi outra solução a não ser o asilo político”. A
advogada nega as acusações feitas pela Polícia Civil do Rio de Janeiro
no inquérito iniciado em 2013, que foram respaldadas pelo Ministério
Público na denúncia entregue na sexta-feira, 18 de julho, e aceita cerca
de duas horas depois pelo juiz Flávio Itabaiana, da 27ª Vara Criminal.
Itabaiana emitiu mandados de prisão preventiva contra 23 manifestantes,
dos quais 17, além de Eloísa, são considerados foragidos. Na denúncia
encaminhada à Justiça, o promotor Luís Otávio Figueira Lopes afirma que
Eloisa “inicialmente juntou-se aos demais no exercício de sua atividade,
tendo, após, desvirtuado sua conduta e passado a participar ativamente
dos atos violentos, passando instruções aos ocasionais participantes,
tendo sido vista ordenando o início de atos de violência”. “Além disso,
escudando-se em um suposto exercício da atividade profissional, presta
apoio logístico, cedendo sua residência para reuniões”, diz o Ministério
Público na denúncia. “Jamais cometi qualquer ato que infringisse a lei,
mas estou sendo vítima das forças coercivas do Estado exatamente por
defender pessoas que se ergueram e foram às ruas para protestar contra
as ilegalidades cometidas por ele próprio. Quem atua na ilegalidade é o
Estado”, afirma Eloísa em vídeo divulgado pelo grupo clandestino Mídia
Independente Coletiva (MIC). Ela negou a acusação de que sua casa seria
usada para reuniões da organização terrorista clandestina Frente
Independente Popular (FIP): “Nunca teve reunião na minha casa. A FIP e
eu temos diferenças políticas, de questionamento ideológico, que já
causaram desentendimentos". Uma equipe da Delegacia de Repressão a
Crimes de Informática (DRCI), responsável pelo inquérito, fez plantão em
frente ao prédio do consulado, mas já havia deixado o local quando a
advogada saiu.
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