domingo, 27 de julho de 2014


Gravação revela corrupção na prefeitura 
do Rio de Janeiro

O deputado federal Rodrigo Bethlem (PMDB-RJ), ex-secretário do prefeito Eduardo Paes, no Rio de Janeiro, publicou nota em sua página no Facebook negando denúncias de corrupção feitas por sua ex-mulher, a ex-deputada Vanessa Felippe Bethlem.
Gravações mostram a participação do deputado, que deixou a Secretaria de Governo da prefeitura do Rio de Janeiro para tentar se reeleger, em um esquema de corrupção na administração municipal. Nos áudios, ele afirma que recebeu mensalmente propina da ONG Tesloo, contratada para administrar o cadastro único de programas sociais da prefeitura, que é usado para pagamento de programas como o Bolsa Família e o Cartão Família Carioca.
Na publicação no Facebook, o parlamentar diz que as acusações são infundadas e usa a imagem de um documento, que ele diz ter sido registrado em cartório, no qual Vanessa afirma se arrepender. "São infundadas essas acusações e a própria autora delas adiantou-se em desmenti-las, alegando tê-las feito num momento de grave confusão mental, que resultou em três tentativas de suicídio. A última há poucos dias", escreveu Bethlem. Contudo, as conversas reveladas não deixam dúvida de que Bethlem confessa operar o esquema de corrupção. Para tentar se livrar das acusações, o deputado também divulgou imagens de uma declaração assinada pela ex-mulher e um atestado médico assinado pela psiquiatra Rosaria Gomes sobre o tratamento ao qual Vanessa estaria sendo submetida há duas semanas. O atestado, reproduzido no perfil de Bethlem na rede social, afirma que Vanessa sofre de "transtorno de personalidade borderline".
A prefeitura do Rio de Janeiro anunciou que vai investigar os contratos assinados por Bethlem. Em nota, a administração afirmou que "não possui mais convênio com a Tesloo". "Apesar de Rodrigo Bethlem não ocupar mais cargo na prefeitura, o município espera que o deputado preste os esclarecimentos necessários sobre as denúncias em questão."
A ONG era administrada pelo major da reserva Sérgio Pereira de Magalhães Júnior, suspeito de integrar uma milícia. Em uma das conversas entre Bethlem e Vanessa reveladas, depois de relatar que tipo de despesa ele estaria disposto a bancar após o divórcio dos dois, Bethlem afirma que sua principal fonte de renda era um convênio da prefeitura chamado Cadastro Único. "Eu tenho de receita em torno de 100.000 reais por mês", afirma na gravação com a maior naturalidade do mundo, explicando que do contrato retirava entre 65.000 e 70.000 reais por mês. Nomeado secretário de Eduardo Paes, Bethlem ocupou as pastas de Ordem Pública e Assistência Social antes da secretaria de Governo, e optou pelo salário maior de deputado – ou seja, só deveria ter direito a um rendimento bruto de 26.723,13 reais, equivalente a cerca de 18.000 reais mensais líquidos. O deputado era um dos cotados para substituir Paes na prefeitura.



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