Gravação revela corrupção na prefeitura
do Rio de Janeiro
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O deputado federal Rodrigo Bethlem (PMDB-RJ), ex-secretário do prefeito
Eduardo Paes, no Rio de Janeiro, publicou nota em sua página no Facebook
negando denúncias de corrupção feitas por sua ex-mulher, a ex-deputada
Vanessa Felippe Bethlem.
Gravações mostram a participação do deputado, que deixou a Secretaria de
Governo da prefeitura do Rio de Janeiro para tentar se reeleger, em um
esquema de corrupção na administração municipal. Nos áudios, ele afirma
que recebeu mensalmente propina da ONG Tesloo, contratada para
administrar o cadastro único de programas sociais da prefeitura, que é
usado para pagamento de programas como o Bolsa Família e o Cartão
Família Carioca.
Na publicação no Facebook, o parlamentar diz que as acusações são
infundadas e usa a imagem de um documento, que ele diz ter sido
registrado em cartório, no qual Vanessa afirma se arrepender. "São
infundadas essas acusações e a própria autora delas adiantou-se em
desmenti-las, alegando tê-las feito num momento de grave confusão
mental, que resultou em três tentativas de suicídio. A última há poucos
dias", escreveu Bethlem. Contudo, as conversas reveladas não deixam
dúvida de que Bethlem confessa operar o esquema de corrupção. Para
tentar se livrar das acusações, o deputado também divulgou imagens de
uma declaração assinada pela ex-mulher e um atestado médico assinado
pela psiquiatra Rosaria Gomes sobre o tratamento ao qual Vanessa estaria
sendo submetida há duas semanas. O atestado, reproduzido no perfil de
Bethlem na rede social, afirma que Vanessa sofre de "transtorno de
personalidade borderline".
A prefeitura do Rio de Janeiro anunciou que vai investigar os contratos
assinados por Bethlem. Em nota, a administração afirmou que "não possui
mais convênio com a Tesloo". "Apesar de Rodrigo Bethlem não ocupar mais
cargo na prefeitura, o município espera que o deputado preste os
esclarecimentos necessários sobre as denúncias em questão."
A ONG era administrada pelo major da reserva Sérgio Pereira de Magalhães
Júnior, suspeito de integrar uma milícia. Em uma das conversas entre
Bethlem e Vanessa reveladas, depois de relatar que tipo de despesa ele
estaria disposto a bancar após o divórcio dos dois, Bethlem afirma que
sua principal fonte de renda era um convênio da prefeitura chamado
Cadastro Único. "Eu tenho de receita em torno de 100.000 reais por mês",
afirma na gravação com a maior naturalidade do mundo, explicando que do
contrato retirava entre 65.000 e 70.000 reais por mês. Nomeado
secretário de Eduardo Paes, Bethlem ocupou as pastas de Ordem Pública e
Assistência Social antes da secretaria de Governo, e optou pelo salário
maior de deputado – ou seja, só deveria ter direito a um rendimento
bruto de 26.723,13 reais, equivalente a cerca de 18.000 reais mensais
líquidos. O deputado era um dos cotados para substituir Paes na
prefeitura.
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