Aécio admite ter pousado em
aeroporto de Cláudio
Tucano admite que utilizou pista não homologada de Cláudio
feita em área que era de tio-avô
Aécio Neves (PSDB) |
Cerca de dez dias após a revelação de que o governo de Minas, durante
sua gestão, construiu um aeroporto em área desapropriada de um parente
seu, em Cláudio (MG), o candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves
(PSDB), admitiu pela primeira vez que utilizou a pista.
O aeroporto - localizado em área que pertencia ao tio-avô do tucano,
Múcio Tolentino, a 6 km de uma propriedade de Aécio e familiares - não
tem homologação da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e, por isso,
só poderia ser usada por helicópteros, e não por aviões.
"Este é um equívoco e eu quero reconhecer", afirmou Aécio em entrevista
no seu gabinete no Senado, um dia após reportagem mostrar que um
documento produzido pela equipe de campanha do PSDB admite que o tucano
utilizou o aeroporto. O texto preparado pela campanha tucana falava em
"voos ocasionais", feitos em conformidade com a lei.
O candidato disse que, como governador, usou "algumas poucas vezes" a
pista em avião da família e "nunca oficial". A obra do aeroporto - que
custou R$ 13,9 milhões -, iniciada quando Aécio exercia o segundo
mandato de governador, em 2009, e concluída após sua renúncia para se
candidatar ao Senado, em 2010. Em 1983, quando Minas era governada pelo
avô do tucano, Tancredo Neves, o Estado construiu uma pista de terra
para aviões na fazenda de Múcio, cunhado do então governador.
"Não tenho nada a esconder. Usei várias vezes desde a minha juventude,
quando ainda era pista de terra. Depois da conclusão da obra, quando eu
não era mais governador, usei algumas poucas vezes (a pista) em avião da
minha família, nunca oficial", disse Aécio. "Reconheço que errei em não
ter me preocupado em averiguar qual era o estágio em que a homologação
estava."
O candidato voltou a defender a "necessidade econômica" da obra para a
região e negou que o investimento de R$ 14 milhões na pavimentação da
pista tenha sido feito em benefício próprio. Aécio é questionado desde o
início da crise sobre se havia usado o local em suas idas à fazenda
que, segundo ele, pertence ao espólio de sua avó, Risoleta, viúva de
Tancredo e irmã de Múcio.
TÁTICA
O mea culpa de Aécio é uma estratégia para tentar encerrar o assunto que
vem perseguindo o candidato nos encontros com jornalistas.
Aliados de Aécio defendiam que o candidato respondesse antes a esta
pergunta. O comitê avalia que as respostas sobre a obra em si foram
rápidas e convincentes, mas a atitude de não dizer se havia usado ou não
a pista prolongou a crise. Pelas regras da Anac, quem deve saber se o
uso do local é regular ou não é a empresa que fornece a aeronave a um
cliente ou o piloto que a opera. Em caso de irregularidade, a pena é
multa de no máximo R$ 10 mil por operação.
Aécio afirmou que "não houve nenhuma ilegalidade na construção do
aeródromo", mas reconheceu como "erro absurdo" as chaves de acesso à
pista estarem nas mãos de "cinco ou seis pessoas", como noticiado pela
primeira reportagem sobre o caso. O tucano atribuiu essa situação à
prefeitura de Cláudio.
"Demorei exatamente porque, para mim, o essencial era que a acusação
grave e frontal que me foi feita ficasse esclarecida", disse. "Não houve
benefício de parente. Ao contrário, não estaria o antigo proprietário
questionando (o valor da indenização)."
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