Israel alerta para guerra longa em Gaza e combatentes palestinos cruzam fronteira
Conflito já dura três semanas e tem mais de mil mortos
De acordo com Netanyahu, tropas israelenses não sairão de Gaza até que consigam destruir rede de túneis do Hamas |
Com uma expressão sombria, o primeiro-ministro israelense, Benjamin
Netanyahu, advertiu que a guerra na Faixa de Gaza será prolongada,
encerrando qualquer esperança de um fim rápido do conflito que já dura
três semanas, enquanto combatentes palestinos lançaram um ataque
audacioso na fronteira.
O Exército israelense disse que cinco de seus soldados morreram em dois
incidentes separados, incluindo quatro em um ataque com morteiros.
"Tem sido um dia difícil, doloroso", disse Netanyahu em um discurso televisionado à nação.
"Precisamos estar preparados para uma campanha prolongada. Vamos
continuar a agir com força e discrição até que nossa missão esteja
cumprida", afirmou ele, acrescentando que as tropas israelenses não
deixarão Gaza até que consigam destruir uma rede de túneis do Hamas.
Na segunda-feira, 28 de julho, combatentes palestinos vindos da Faixa de
Gaza se infiltraram em um vilarejo israelense e travaram uma batalha
com soldados, desmoronando uma trégua durante o feriado muçulmano do Eid
al-Fitr.
Segundo a televisão israelense, o confronto resultou na morte de cinco
militantes, mas o movimento islâmico Hamas diz ter causado a morte de 10
soldados de Israel.
Depois da infiltração em Nahal Oz, numa vila formada por um kibutz, a
leste da Cidade de Gaza, o Exército israelense emitiu um alerta para que
milhares de palestinos abandonem suas casas no entorno da Cidade de
Gaza. Esse tipo de aviso normalmente precede ataques retaliatórios.
Ao cair da noite em Gaza, fachos de luz do Exército iluminaram o céu, e o som de intenso bombardeio podia ser ouvido.
O incidente não foi a única brecha na frágil trégua. Oito crianças
palestinas e dois adultos foram mortos em uma explosão num jardim ao
norte da Faixa de Gaza.
Moradores culparam os bombardeios de Israel pela explosão no parque, na
qual também ficaram feridos 40 pessoas, mas o governo israelense disse
que se tratou de um foguete lançado pelo Hamas que errou o alvo e
atingiu o jardim num campo de refugiados.
Poças de sangue se espalhavam no jardim do campo de refugiados, depois
de uma das explosões. "Nós saíamos da mesquita quando vimos as crianças
brincando com seus brinquedos. Segundos depois, o foguete caiu", disse
Munther Al-Derbi, morador do campo. "Que Deus puna... Netanyahu",
completou ele.
MAIS DE MIL MORTOS
As forças israelenses disseram que só estavam disparando para revidar os
projéteis vindos de Gaza, enquanto engenheiros vasculham a fronteira
leste do território em busca de túneis por onde se infiltram militantes.
Israel e os militantes palestinos em Gaza estão há três semanas
envolvidos em confrontos nos quais 1.060 pessoas morreram em Gaza, na
maioria civis, atingidos por bombardeios israelenses. Morreram também 48
soldados e três civis de Israel.
Os militantes islamitas do Hamas, a força dominante em Gaza, pediram uma
pausa nas hostilidades na segunda-feira (28 de julho), no 21º dia do
conflito com Israel, para a celebração do Eid, que marca o fim do mês do
jejum do Ramadã.
Inicialmente Israel recusou, tendo abandonado a sua própria oferta de
estender uma trégua de 12 horas iniciada no sábado, já que os militantes
palestinos continuavam lançando foguetes. No entanto, a calma imperou
gradualmente durante a noite, com apenas troca ocasional de fogo, até
que uma série de explosões sacudiu Gaza no período da tarde.
Em seu discurso na televisão, Netanyahu disse que qualquer solução para a crise teria que incluir o desarmamento do Hamas.
"O processo para evitar o armamento da organização terrorista e
desmilitarização da Faixa de Gaza deve ser parte de qualquer solução. E a
comunidade internacional deve exigir isso vigorosamente", declarou ele.
O Hamas disse que suas forças se infiltraram em Israel para retaliar a morte das crianças no acampamento.
"Suas ameaças não assustam nem o Hamas nem o povo palestino, e a
ocupação (israelense) pagará o preço pelos massacres contra crianças e
civis", disse o porta-voz do Hamas, Sami Abu Zuhri.
Falando em Nova York, o secretário-geral da Organização das Nações
Unidas (ONU), Ban Ki-moon, lamentou o que ele descreveu como uma falta
de vontade de todas as partes envolvidas no conflito.
O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, visitou a região na
semana passada para tentar conter o derramamento de sangue, tendo o
contato com o Hamas - o qual os EUA oficialmente não reconhecem -
facilitado por Egito, Turquia, Catar e pelo presidente palestino,
Mahmoud Abbas, apoiado pelo Ocidente.
Israel quer que o Egito, que também tem fronteira com a Faixa de Gaza e
vê o Hamas como uma ameaça à sua segurança, assuma a liderança para
conter os militantes islâmicos palestinos, preocupado com que o Catar e a
Turquia cedam às pressões do Hamas para abrir as fronteiras do
território bloqueado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário