Embate na saúde
Sindicato Médico insiste: "RS perdeu 11 mil leitos hospitalares em 20 anos"
Paulo Argollo Mendes |
Uma campanha recém-lançada pelo Sindicato Médico do Estado (Simers)
suscitou debate sobre a gestão da saúde. Nos últimos 20 anos, segundo a
entidade, o SUS teria perdido 11 mil vagas no Rio Grande do Sul. O
número total de leitos é baseado em dados do Ministério da Saúde e
inclui os complementares – de UTI, de isolamento e cuidados
intermediários. O problema é que, segundo a assessoria de imprensa do
ministério, os dados anteriores a 2004 computam leitos que sequer
existiam ou que eram contabilizados duas vezes.
Embora sem grande discrepância, os dados referentes ao período de 2005 a
2014 fornecidos pelo ministério, pela Secretaria Estadual de Saúde
(SES) e pelo Simers também divergem.
A SES destaca que o número de leitos do SUS cresceu nos últimos três
anos, mas a secretária Sandra Fagundes admite que, entre 1993 e 2003,
havia leitos só no papel no Estado. Presidente do Simers, Paulo de
Argollo Mendes diz que o fato de os números anteriores a 2003 não serem
considerados pelo ministério é parte de uma "maquiagem pré-eleitoral".
— O ministério divulgou isso durante 20 anos e, neste período, eram
informações corretas. Nunca ninguém disse que não eram. Agora, vem essa
maquiagem. O ministério tenta se desdizer. Como vamos acreditar se mesmo
diz que a versão anterior era equivocada? — questiona.
Argollo observa que, para um atendimento satisfatório, seria necessário
"dobrar o número de leitos". O presidente do Conselho Regional de
Medicina do Estado (Cremers), Fernando Weber Matos, diz haver déficit de
10 a 12 mil leitos no Rio Grande do Sul:
— Por isso, estamos com hospitais superlotados e pacientes nos corredores esperando tratamento.
A SES rebate. A Secretaria Estadual de Saúde divulgou, a partir de dados
do Ministério da Saúde, que o Estado tem índice de 2,82 leitos de
internação para cada mil pessoas, o que o coloca em primeiro lugar no
ranking nacional. O número atende aos parâmetros do órgão federal,
apesar de ficar abaixo do limite da Organização Mundial da Saúde (OMS),
de três a cinco leitos por mil habitantes. A projeção da secretaria é de
que, em um ano e meio, cerca de mil novos leitos sejam incorporados ao
SUS, incluindo ampliações de unidades já existentes e a construção de
novos hospitais em Gravataí e Alegrete.
Para Simers e Cremers, falta de estrutura resulta em hospitais superlotados |
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