Tecnologia é coisa de mulher
Melissa de Andrade |
Tem tanta gente de ciência da computação e engenharia de software em
Seattle que diferente é ser de outra área. Mas o número de mulheres em
cargos mais técnicos ainda é limitado, mesmo em uma cidade que vive para
a tecnologia.
Deus sabe o que essas mulheres têm que enfrentar para sobreviver em
equipes predominantemente masculinas. Por isso é que iniciativas como a
Ada Developers Academy ou a LadyCoders surgiram: para apoiar mulheres
que queiram seguir uma carreira na área de programação.
A Ada, por exemplo, oferece treinamento gratuito seguido de estágio em
empresas de tecnologia de Seattle, que pagam à ONG para participar dos
seus programas. Profissional bem treinado, homem ou mulher, é artigo de
necessidade para empresas da indústria do conhecimento.
Os mais desinformados – ou mais cínicos – questionarão a necessidade de
organizações que fomentem a participação feminina em empregos de
tecnologia ou engenharia.
Só que a carreira de mulheres que decidem por áreas de trabalho
historicamente mais masculinas pode enfrentar muitos empecilhos. Pra
começar, vencer o descrédito dos colegas em relação a saberem mesmo
programar. Antes de começarem, já existe a resistência. O preconceito é
grande.
Diante da informação de que sua empresa vai investir em programas de
diversidade, já ouvi comentários do tipo "Acho um absurdo um cara perder
uma vaga só porque querem contratar mulher".
Essa linha de pensamento pressupõe que "qualquer cara" é necessariamente
mais qualificado do a melhor candidata mulher que possa aparecer. E
revela que esse tipo de pessoa vai achar que a nova colega só pode ter
passado na entrevista porque é... mulher. E não porque estudou muito,
estagiou muito, programou muito e ralou muito para chegar até ali, sem
passar por cima de ninguém. Com as exceções de praxe.
Enquanto o título desta crônica precisar ser usado para chamar a atenção
para a necessidade de dar oportunidades semelhantes para ambos os
gêneros, significa que ainda não chegamos lá. Principalmente no mundo
modernoso e prafrentex de Seattle.
Nenhum comentário:
Postar um comentário