sábado, 26 de julho de 2014


Tecnologia é coisa de mulher

Melissa  de  Andrade
Tem tanta gente de ciência da computação e engenharia de software em Seattle que diferente é ser de outra área. Mas o número de mulheres em cargos mais técnicos ainda é limitado, mesmo em uma cidade que vive para a tecnologia.
Deus sabe o que essas mulheres têm que enfrentar para sobreviver em equipes predominantemente masculinas. Por isso é que iniciativas como a Ada Developers Academy ou a LadyCoders surgiram: para apoiar mulheres que queiram seguir uma carreira na área de programação.
A Ada, por exemplo, oferece treinamento gratuito seguido de estágio em empresas de tecnologia de Seattle, que pagam à ONG para participar dos seus programas. Profissional bem treinado, homem ou mulher, é artigo de necessidade para empresas da indústria do conhecimento.
Os mais desinformados – ou mais cínicos – questionarão a necessidade de organizações que fomentem a participação feminina em empregos de tecnologia ou engenharia.
Só que a carreira de mulheres que decidem por áreas de trabalho historicamente mais masculinas pode enfrentar muitos empecilhos. Pra começar, vencer o descrédito dos colegas em relação a saberem mesmo programar. Antes de começarem, já existe a resistência. O preconceito é grande.
Diante da informação de que sua empresa vai investir em programas de diversidade, já ouvi comentários do tipo "Acho um absurdo um cara perder uma vaga só porque querem contratar mulher".
Essa linha de pensamento pressupõe que "qualquer cara" é necessariamente mais qualificado do a melhor candidata mulher que possa aparecer. E revela que esse tipo de pessoa vai achar que a nova colega só pode ter passado na entrevista porque é... mulher. E não porque estudou muito, estagiou muito, programou muito e ralou muito para chegar até ali, sem passar por cima de ninguém. Com as exceções de praxe.
Enquanto o título desta crônica precisar ser usado para chamar a atenção para a necessidade de dar oportunidades semelhantes para ambos os gêneros, significa que ainda não chegamos lá. Principalmente no mundo modernoso e prafrentex de Seattle.

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