Luiz Moura e cinco empresas de ônibus são suspeitos de lavagem de dinheiro para o PCC
Parlamentar e viações que operam na zona leste de São Paulo são citados em apuração coordenada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco); seu irmão, o vereador Senival Moura (PT), também aparece na investigação
Parlamentar e viações que operam na zona leste de São Paulo são citados em apuração coordenada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco); seu irmão, o vereador Senival Moura (PT), também aparece na investigação
O deputado Luiz Moura, do PT |
O deputado estadual Luiz Moura (PT) e cinco empresas de ônibus que
operam em São Paulo são citados em investigação que apura esquemas de
lavagem de dinheiro para o Primeiro Comando da Capital (PCC). O
procedimento, sigiloso, é coordenado pelo Grupo de Atuação Especial de
Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público Estadual.
Moura nega as acusações.
O Tribunal de Justiça ainda precisa dar aval para que o deputado seja
investigado. Ele está suspenso do PT desde o mês passado. Moura foi
flagrado pela Polícia Civil em março, em uma reunião de perueiros em que
havia suspeitos de integrar a facção criminosa.
Moura apareceu na investigação do Ministério Público depois de os
promotores apurarem denúncia de que o Consórcio Leste 4, grupo
contratado pela SPTrans em 2007 para operar linhas de ônibus na zona
leste da capital, era formado por três empresas cujos sócios eram
“indivíduos que estariam lavando dinheiro, produto do cometimento de
crimes” para a facção que opera nos presídios, segundo os autos. Sete
pessoas foram denunciadas. Inicialmente, o nome de Moura estava fora das
acusações.
Em 2010, quando as investigações tiveram início, Moura era diretor de
uma das empresas citadas, a Happy Play. As outras eram a Himalaia e a
Novo Horizonte. Ao investigá-las, os promotores observaram que um dos
endereços da Happy Play era de uma casa de carnes. O outro era o da
garagem da cooperativa Transcooper - que tinha Moura como um dos sócios e
o irmão dele, o vereador Senival Moura (PT), como cooperado.
Finanças
Ao analisar a movimentação financeira dos demais investigados, os
promotores descobriram ainda casas sendo compradas à vista, perueiros
com patrimônio superior a R$ 22 milhões e motoristas com seguros de vida
superiores a R$ 1 milhão, segundo as informações do processo.
Dois dos suspeitos, Gerson Adolfo Sinzinger e Vilson Ferrari, o Xuxa,
levantaram R$ 4 milhões cada, no intervalo de dois anos, enquanto
trabalhavam nas cooperativas da cidade, segundo as investigações.
O dinheiro serviu para o acúmulo de capital da empresa Happy Play, ainda
de acordo com a investigação do Ministério Público. “A empresa não
possuía nenhum veículo, mas recebia repasses do Consórcio Leste 4”, diz
um trecho dos autos.
Ambos ainda fizeram parte do quadro societário da cooperativa Aliança
Paulista, que também opera na zona leste. Essa empresa, também
investigada, é citada em boletins de ocorrência anexados à investigação,
acusada de usar funcionários para ameaçar motoristas e cobradores da
concessionária Via Sul, que atua na mesma região.
As ameaças seriam para que a empresa cedesse linhas tidas como mais
lucrativas para os perueiros - o caso resultou em ação na Promotoria do
Patrimônio Público e Social
A investigação aponta que a dupla chegou a fazer parte das três empresas
que compunham o Consórcio Leste 4. A reportagem não conseguiu localizar
seus representantes.
Sigilos
Diante das evidências de enriquecimento ilícito - complementadas também
por representação feita por sócios descontentes da Viação Novo Horizonte
-, os promotores do caso pediram e obtiveram quebra de sigilo
financeiro de Moura, dos outros sete suspeitos e das cinco empresas
(Consórcio Leste 4, Himalaia. Novo Horizonte, Happy Play, Trascooper e
Aliança Paulista), ainda em 2011. Segundo o processo, os bancos
demoraram mais de um ano para repassar os dados - e chegaram a ser
multados.
Agora, os promotores solicitam ao Tribunal de Justiça a instauração de
um procedimento investigatório para esclarecer se o enriquecimento
verificado teve relação com lavagem de dinheiro de drogas para o
Primeiro Comando da Capital, como disseram as denúncias, ou se foram
fruto de alguma outra irregularidade.
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