Desvios de precatórios no Estado Gaúcho podem chegar a R$ 100 milhões
Não é possível afirmar que mais pessoas participaram, diz Herbstrith |
A Promotoria de Justiça Especializada Criminal de Porto Alegre
identificou fraudes de mais de R$ 35 milhões envolvendo precatórios no
Rio Grande do Sul. A prática, que, segundo o promotor Ricardo
Herbstrith, é antiga, podendo elevar a quantia desviada a R$ 100
milhões, foi denunciada para o Ministério Público em abril de 2013, e a
investigação se desenrola desde então.
Em março deste ano, foram realizadas buscas e apreensões e a denúncia
foi formalmente apresentada pelo órgão contra 12 pessoas – uma delas era
funcionária do Setor de Precatórios do Tribunal de Justiça, mas já está
exonerada do cargo. Os envolvidos são acusados de formação de
quadrilha, estelionato, corrupção passiva, corrupção ativa, uso de
documento falso, violação de sigilo funcional e falsidade ideológica.
As investigações identificaram a ação de dois núcleos no desvio de
precatórios no Estado. Um deles, composto por seis dos denunciados, era
responsável por negociar a venda de precatórios, usando procurações
falsas para repassar os créditos. O valor fraudado por esse grupo de
pessoas, segundo a investigação do MP, foi de R$ 26 milhões. Os outros
seis envolvidos, além desses crimes, estavam vinculados a uma
funcionária do Tribunal de Justiça (hoje, exonerada). Era ela quem
vendia informações sigilosas em relação aos credores de precatórios.
Esse segundo núcleo falsificava documentos e assinaturas e fraudou R$
11,6 milhões.
O promotor explica que, além da ex-funcionária da Justiça, os demais
envolvidos também atuavam no ramo. “Tinha advogados, de tudo ali, mas
eram basicamente pessoas que conheciam os processos e que vendiam e
compravam precatórios.” Herbstrith diz que ainda não é possível afirmar
que mais pessoas participaram dos desvios.
Para o presidente da Frente Parlamentar de Precatórios da Assembleia
Legislativa do Estado, deputado Frederico Antunes (PP), “esse sempre foi
um sistema muito frágil, desde o manuseio até o cumprimento do
pagamento do precatório”. O parlamentar destaca que a morosidade e a
desorganização são os principais pontos de fragilidade, pois geram
espaço para que os créditos dos precatórios sejam comercializados. “Nós
sempre chamamos atenção para isso, porque qualquer fuga, qualquer
desvio, é penalização para quem está aguardando para receber.”
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